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Ilustração: Carlos Quitério
Publicado a: 17/07/2023

De DarkSunn a Boss AC em 55 discos.

Hip hop português em vinil: Um guia para coleccionadores e DJs (Vol. II)

Ilustração: Carlos Quitério
Publicado a: 17/07/2023

Em 2018, publicámos um guia assinado por Diogo Pereira que mapeava as edições em vinil feitas ao longo da história do hip hop em Portugal até então. Cinco anos depois, propusemo-nos a continuar essa missão e chegámos a uma conclusão reveladora: se entre 1995 e 2018 contabilizámos 39 edições; desta vez, num período muito mais curto, entre 2018 e 2023, registámos 55 edições. Ou seja, nos últimos cinco anos houve mais edições em vinil no hip hop tuga do que em todos os outros anos de história. 

De facto, muito se tem falado do regresso do vinil nos últimos anos. Os sinais estão por aí: nas prateleiras das grandes superfícies, na abertura de fábricas, nos recordes de vendas batidos lá fora, e, em vários casos, no aumento dos preços dos discos em segunda mão. Em Portugal, aquilo que durante vários anos era um acontecimento raro passou a ser comum: nos últimos tempos, muitos álbuns novos lançados pelas editoras multinacionais foram editados em vinil, uma prática que havia desaparecido. Além disso, houve um grande foco nas reedições.

Esse fenómeno é particularmente verdadeiro no caso do hip hop tuga. Como não existia propriamente um historial de vinil na cultura as edições que existiam eram sobretudo casos pontuais ou o esforço muito específico de alguns artistas, tendo em conta que a grande maioria da discografia daquilo que é o rap em Portugal foi lançada numa fase em que o CD e o digital dominavam houve uma corrida às reedições nos últimos anos, tanto por parte das editoras grandes como dos artistas independentes.

É o caso de Allen Halloween, Da Weasel, Fuse, Valete, Keso, NBC, New Max, Sir Scratch ou Xeg, mas também dos mais recentes Plutonio e ProfJam. Até Rapública, a emblemática compilação que é muitas vezes apontada como o ponto de partida para o rap em Portugal, mereceu uma reedição pela Sony em 2022.

Quando olhamos para a lista, existe outra tendência, que já se verificava no primeiro volume do guia. Existe claramente uma relação mais próxima entre os produtores de instrumentais e DJs e o vinil. Os artistas que se dedicam à cultura do beat têm um pendor bastante maior para editarem os seus trabalhos no grande formato. A editora independente/colectivo Monster Jinx, Rocky Marsiano, DJ Sims, DJ Glue, MZ Boom Bap, Minus & MRDolly, Fred ou DJ Ride são bons exemplos. E isso nota-se, claro, porque ocupam uma parte preponderante desta lista embora, se olharmos para os lançamentos de hip hop em Portugal no geral, a grande maioria dos discos não sejam instrumentais.

Seja para coleccionadores, DJs, investigadores ou meros curiosos, aqui fica o segundo volume do guia que documenta o vinil no hip hop tuga.



[DJ Sims] Torto (Sistema Intravenoso, 2018)

Foi em 2018 que DJ Sims, cabecilha do colectivo/editora independente Sistema Intravenoso, sediado em Évora, se estreou em vinil de 10 polegadas, numa edição limitada a 100 cópias. A versão física deste EP instrumental construído com a colaboração de alguns instrumentistas nalguns temas inclui ainda uma faixa bónus, o beat de “Pele & Osso” (música que entra no álbum do rapper Bob O Vermelho). Tendo por base o hip hop, as restantes cinco faixas acabam por se fundir com texturas electrónicas e outro tipo de sonoridades, num disco mais experimental do que a norma para Simão Barradas. Na altura, deu algumas declarações ao Rimas e Batidas sobre o projecto.



[Rocky Marsiano] Meu Kamba Três (Edição independente, 2018)

A base do terceiro volume da série Meu Kamba foi a Lisboa africana. A capital portuguesa como ponto de encontro entre muitas linguagens musicais semba, kizomba, funaná, kuduro, fado, house, soul, hip hop que dá origem a fusões únicas. Rocky Marsiano inspirou-se nisso para produzir um disco à sua maneira, recheado de sonoridades distintas, e com samples mais discretos e parte de uma massa orgânica mais complexa, quando comparado com os trabalhos anteriores. Há participações de Sagaz, Karlon, Selma Uamusse, Prince Wadada, Milton Gulli ou Beat Laden. O músico partilhou com o Rimas e Batidas alguns pensamentos sobre este seu projecto.



[MZ Boom Bap x Ryler Smith] Wakilisha (Vinyl Digital, 2018)

Ao longo dos últimos anos, o produtor português MZ Boom Bap tem apostado em projectos conjuntos com músicos pouco conhecidos de várias partes do globo, sejam outros beatmakers ou MCs. Neste caso, aliou-se ao rapper suíço Ryler Smith para um disco intitulado Wakilisha. Foram feitas duas edições diferentes em vinil: uma com o álbum normal e outra apenas com as versões instrumentais, sendo que as capas têm cores distintas.



[MZ Boom Bap x Ill Conscious] Sorcery (Vinyl Digital, 2018)

MZ Boom Bap apostou noutro projecto colaborativo no mesmo ano de 2018, desta vez com o rapper norte-americano Ill Conscious, de Baltimore. Juntos fizeram uma mão cheia de faixas (com participações de Cynthia Hawkes, Omnia Azar, King Magnetic e DJ Grazzhoppa), sendo que o lado B da edição em vinil inclui os instrumentais de estética clássica do produtor português. Na altura, deu uma entrevista ao Rimas e Batidas sobre o projecto.



[DJ Glue] Goodies (Parkbeat Records, 2018)

Com participações de Carlão, Karlon, Beatriz Pessoa, Dino D’Santiago, Rita Vian e Sir Scratch, DJ Glue lançou o EP Goodies em vinil, numa embalagem prateada de 500 cópias. Foi o primeiro (e até agora único) trabalho em nome próprio de Miguel Negretti, que começou a sua carreira profissional nos Da Weasel. O disco tem uma base instrumental hip hop mas explora diversas texturas electrónicas, com Glue a manipular as vozes dos cantores (não no caso dos rappers) tal como se se tratassem de um instrumento. O Rimas e Batidas entrevistou na altura o DJ e produtor sobre o lançamento.



[Fuse] Sintoniza (Fat Dog Records, 2018)

O segundo álbum a solo de Fuse, rapper e produtor dos Dealema, foi lançado originalmente em 2003, pela Loop:Recordings. Em 2018, na altura do 15.º aniversário, este disco que com os anos conquistou um autêntico estatuto de culto mereceu uma reedição em vinil, com uma capa actualizada. É um trabalho longo, de 23 faixas em duplo vinil, que abarca as muitas neuras do Inspetor Mórbido e um par de remisturas novas, de PontoCruz e Sensei D., construídas a partir de uma ideia nascida no Rimas e Batidas, como aqui se explica. Na altura, o artista também nos deu uma entrevista sobre esta obra marcante.



[Expensive Soul] “Limbo” (Edição independente, 2018)

Para antecipar o álbum que lançaram em 2019, A Arte das Musas, os Expensive Soul, de New Max e Demo, editaram em 2018, em vinil, o single “Limbo”. É uma canção romântica de calibre pop, que vai das guitarras eléctricas aos coros quase gospel, e que ficou materializada para sempre num pequeno sete polegadas.



[Boss AC] Patrão (Universal, 2018)

Em 2018, um dos mais veteranos rappers portugueses, Boss AC, mostrava interesse em regressar ao formato tradicional de um MC a rimar por cima de um beat depois de um longo período mais dedicado à criação com a banda que regularmente o acompanhava ao vivo. O resultado foi o EP Patrão, uma espécie de regresso de AC aos velhos tempos, usando instrumentais com o espírito dos 90’s e criando egotrips, e que serviu também de aperitivo para o álbum que haveria de apresentar no ano seguinte. Com participações de Black Company, DJ Bernas e DJ Ride, o grande single intitulava-se “Queque Foi” e a edição em vinil vermelho também inclui os instrumentais das faixas. Vale a pena ler a crítica assinada por Moisés Regalado e um faixa-a-faixa em que o próprio Boss AC disseca o projecto.



[Boss AC] A Vida Continua… (Universal, 2019)

Patrão foi, lá está, um aperitivo para o álbum A Vida Continua… que, aliás, incluía várias faixas já integradas no EP. O disco de longa duração foi um trabalho mais diverso que, em termos sonoros, chega a Cabo Verde e a canções mais aproximadas de um registo r&b. Na altura também publicámos uma crítica à obra.



[Expensive Soul] A Arte das Musas (Edição independente, 2019)

Com singles como “Limbo”, “Só P’ra Te Ver” e “Amar é que é Preciso”, A Arte das Musas é mais um disco na sólida carreira dos Expensive Soul, que partiram de um rap mais pop, no início dos anos 2000, para se estabelecerem como uma banda popular e transversal que chega à soul, ao funk ou ao r&b. New Max é o produtor de serviço e o cantor mais melódico, enquanto Demo assume o papel de rapper no projecto.



[Keso] O Revólver Entre as Flores (Circus Network e Paga-lhe o Quarto, 2019)

Quando Keso se mudou para Lisboa e ali viveu durante cinco anos, começou a compor o seu segundo disco de originais que, apesar de construído na capital, foi gravado no norte, com LVM, guitarrista dos Expensive Soul. O disco, editado em 2011 e que levou à fundação da Paga-lhe o Quarto (uma vez que era para ter saído pela Matarroa, que entretanto terminou a sua actividade), era bastante mais maduro e elaborado do que o anterior, Raios te Partam (2003), e seguia uma linha musical menos dramática. Keso também explorou mais a melodia da voz e empregou a sua ironia característica. “Eternamente em Cena”, “O Fumo que eu Fumava” ou “Na Rua Tenho Acústica” foram algumas das faixas que mais se destacaram neste trabalho reeditado em vinil em 2019. Na altura, Keso deu-nos algumas declarações sobre a reedição, sendo que também contamos com uma crítica ao disco publicada no site.



[Rocky Marsiano] Gingando Na MPC (Edição independente, 2020)

É um daqueles casos em que o título diz tudo: Rocky Marsiano agarrou-se à MPC para um disco baseado em samples de música brasileira, deixando em espera as sonoridades africanas que ditaram os trabalhos Meu Kamba. É uma edição de vinil de sete polegadas que recupera as raízes da sua mãe, o que faz deste disco uma obra bastante pessoal, e que começou quando Marko Roca foi convidado para actuar numa icónica festa Avenida Brasil, em Paris, que nunca se chegou a concretizar devido à pandemia. O que permaneceu, porém, foi o interesse em explorar os sons da música brasileira no âmbito do projecto Rocky Marsiano.



[MZ Boom Bap] The Raw Version of Smooth (Vinyl Digital, 2020)

MZ Boom Bap é sinónimo de beats de recorte clássico, influenciados pela emblemática estética dos anos 90. Neste disco instrumental de 11 faixas, o produtor natural de Amarante contou com scratches dos DJs Chrischuzz e MaxCarpone e uma participação de Buds Penseur.



[Bispo] Mais Antigo (Sony, 2020)

O mais recente disco de longa duração de Bispo foi lançado em CD e vinil em 2020. Mais Antigo consolidou a popularidade e o alcance do rapper de Algueirão-Mem Martins, contendo faixas como “Essa Saia” (com Ivandro), “NÓS2” (com Deezy), “Lembrei-me”, “Aviola II”, “Turbulência” ou “Não Tou Sozinho”. Foi o seu primeiro projecto editado por uma major. O Rimas e Batidas entrevistou-o na altura do lançamento.



[Oder e Maze] Contracorrente (Edição independente, 2020)

Foi em 2020 que Maze, prolífico rapper dos Dealema, encaixou as suas rimas nas batidas electrónicas de Oder, DJ e produtor conterrâneo (são ambos históricos do Porto), que se dedica sobretudo ao drum and bass. O resultado foi um EP editado em vinil de 12 polegadas, sendo que o lado B inclui as versões instrumentais, que não estão disponíveis em nenhum outro formato.



[Capicua] Madrepérola (Universal, 2020)

Curiosamente, foi no ano drástico da pandemia que Capicua lançou um disco solar e luminoso, mais dançável do que o (seu) habitual, com uma grande influência da música brasileira e, aliás, uma série de participações vindas desse país-irmão, como são os casos de Karol Conká, Emicida, Rincon Sapiência ou Rael, bem como de Mallu Magalhães (que já tem morada em Portugal há alguns anos). Além disso, como o título dá a entender, é um álbum influenciado pela maternidade de Capicua, e que serviu para reforçar definitivamente o seu estatuto enquanto letrista e rapper de excelência. Ricardo Ribeiro, Lena D’Água e Camané são outros dos convidados do projecto. Vale a pena ler a crítica assinada por Alexandra Oliveira Matos.



[Rocky Marsiano] Meu Kamba XL (Edição independente, 2020)

Seis anos após o lançamento de Meu Kamba, Rocky Marsiano decidiu fazer a tão desejada reedição mas optou por o fazer em grande. O resultado foi Meu Kamba XL, com o disco original e 10 faixas extra que tinham feito parte da primeira edição digital mas que nunca tinham chegado ao vinil.



[MACTO] I: Emergir do Caos (Edição independente, 2020)

MACTO é como quem diz as rimas de Youngstud e os beats de Sensei D. Em 2020, a dupla apresentou-se com um disco intenso que retrata as inquietações que atormentam a mente humana, com uma elevada dose de insanidade, desgaste psicológico e beats nefastos, como o Rimas e Batidas descreveu no faixa-a-faixa publicado na altura. Em Portugal, são poucos os discos de rap puro e duro editados de forma independente em vinil, mas este é um bom exemplo.



[Valete] Educação Visual (Sony, 2020)

Em 2019, a Sony adquiriu o catálogo de Valete e no ano seguinte reeditou os seus discos pela primeira vez em vinil. Educação Visual, o seu primeiro álbum, data de 2002. Keidje Lima já rimava desde a segunda metade dos anos 90, com o seu grupo Canal 115, mas tendo em conta que era aquele que levava o ofício mais a sério, de forma mais aprofundada, decidiu avançar a solo, com o apoio de alguns amigos, para concretizar o seu disco de estreia. Com faixas como “Mulher que Deus Amou”, “Serial Killer” e “À Noite” (com Bónus), Valete destacou-se e foi a partir daí que decidiu construir uma carreira profissional enquanto rapper.



[Valete] Serviço Público (Sony, 2020)

Serviço Público, originalmente lançado em 2006, também foi reeditado em vinil na mesma altura. Este álbum fortemente politizado (e, ironicamente, com um discurso anti-editoras e comunicação social) foi um marco e muito contribuiu para que Valete se tornasse num dos MCs mais conceituados da lusofonia. “Roleta Russa” foi um dos temas mais badalados nas escolas da época, mas faixas como “Canal 115” (com Bónus e Adamastor), “Anti-Herói” (com Selma Uamusse), “Subúrbios” (com DJ Stikup) ou “Monogamia” (com Sara Ribeiro e DJ Bomberjack), entre outras, também tiveram um grande destaque, reforçando o estatuto do seu autor.



[NBC] Maturidade (Footmovin e SóHipHop, 2020)

O segundo disco a solo de NBC foi lançado em 2008. Maturidade evidenciava um Timóteo Santos muito mais aberto a explorar as melodias da voz, num registo mais próximo do r&b, que o levou a conquistar um público mais alargado. Foi um disco essencial para estabelecer o conceito de rapper-cantor em Portugal, numa altura em que ainda era mal visto praticar as duas vertentes, e envelheceu bem graças a temas como “Segunda Pele”, “Partida” (com Marta Ren) ou “NBCioso”. A reedição em vinil, com uma nova capa, chegou em 2020. O Rimas e Batidas entrevistou-o quando o álbum celebrou 10 anos e foi assistir ao concerto especial de celebração.



[Da Weasel] Re-Definições (Warner, 2020/2023)

Um dos mais populares álbuns dos Da Weasel, Re-Definições (2004), foi reeditado pela primeira vez em vinil em 2020 mais tarde, em 2023, houve direito a uma segunda reedição neste formato. Este é o disco que colocou definitivamente a banda de Almada no circuito mainstream, com temas icónicos como “Re-tratamento”, “Força (Uma Página de História)”, “Casa – Vem Fazer de Conta” (com Manel Cruz) ou “Carrossel (Às Vezes Dá-me Para Isto)”. Para celebrar a obra da doninha, vários outros discos dos Da Weasel foram reeditados em CD ao longo dos últimos anos, incluindo o próprio Re-Definições.



[MDA] 14g de MDA (CS14 e Kimahera, 2020)

10 anos depois de terem lançado a mixtape MDA Vol. 1 Alt’e Paro Balho, o rapper Biex e o produtor Lois dois nomes históricos do hip hop de Quarteira, sempre com o selo CS14 reuniram-se para um disco de meia dúzia de faixas (mais três remisturas) que os trouxe de volta ao activo, em parceria com a editora independente Kimahera.



[Bdjoy] Nhostalgia (Recordie, 2020)

O rapper e percussionista Bdjoy, muito ligado também à cultura reggae, lançou em 2020 um vinil de sete polegadas de Nhostalgia um EP que, no digital, teve direito a cinco faixas. Aqui, o lado A inclui “Groove Ta Aqui” (com participações de Sanryse e DJ Rodric); enquanto o lado B ficou com “Bu Ta Lembra”. É um disco de fusão de vários géneros mas com uma forte componente hip hop, sendo que a edição terá sido bastante limitada.



[Xeg] A Temperança (Sony, 2021)

20 anos depois do seu primeiro álbum, Xeg apresentou um EP intitulado A Temperança, com seis faixas editadas em vinil, entre as quais “Meu Rap” e “Escolhas” (com G.One). Foi mais um capítulo na já longa discografia do rapper de Porto Salvo, um dos mais consagrados do hip hop tuga.



[Minus & MRDolly] Broken Hearts Make Broken Beats (Jazzego, 2021)

A partir de algumas estruturas pouco definidas de beats, Minus & MRDolly reuniu-se com o baterista Hugo Danin e o instrumentista Sérgio Alves (também conhecido como AZAR AZAR nos seus projectos) para um álbum sobretudo instrumental, construído na ponte entre o hip hop e o jazz. Apesar do título, é um disco mais bem-disposto e alegre do que os trabalhos de Hugo Oliveira até então. O autor decifrou o seu projecto em conversa com o Rimas e Batidas.



[DarkSunn] Almada Velha (Monster Jinx, 2021)

Filho pródigo de Almada, DarkSunn assinou uma carta de amor instrumental à sua cidade-natal da Margem Sul do Tejo. A ideia não foi samplar música local, mas antes criar música inspirada em personagens, referências ou sítios específicos da Almada Velha que DarkSunn tão bem conhece e admira. Na altura, o Rimas e Batidas entrevistou-o sobre este projecto conceptual.



[Chico da Tina] E Agora Como É Que É (Sony, 2021)

Foi o álbum que realmente consolidou a popularidade e o impacto de Chico da Tina, rapper-persona de Viana do Castelo, tendo singles como “Ronaldo”, “Resort”, “VianaViceCity”, “F#CK FOREX” (com eddy0) ou “Nós Pimba”. Teve edição em vinil, tendo sido o primeiro disco de Chico da Tina lançado por uma grande editora.



[Stray] Rafeiro (Monster Jinx, 2021)

Pioneiro no campo alternativo do rap em Portugal, Stray é um dos fundadores da Monster Jinx e lançou em 2021 um álbum produzido na íntegra por Raez. Não é um disco de rap convencional, nem perto disso; é antes uma colecção de episódios narrados em sussurro, como se o seu autor e nós, os ouvintes, estivéssemos a partilhar momentos à volta de uma fogueira. Stray e Raez tiveram a gentileza de fazer um faixa-a-faixa para o Rimas e Batidas.



[Maze e AZAR AZAR] Sub-Urbe Vol. 1 (Monster Jinx, 2021)

Nos últimos anos, o espírito livre de Maze tem encontrado realização na colaboração com outros artistas. Neste caso, o rapper portuense aliou forças ao instrumentista e produtor AZAR AZAR, especialista em fundir jazz com hip hop, para um disco musicalmente diverso e composto por contos suburbanos que foi gravado live on tape. Na altura entrevistámos Maze e AZAR AZAR.



[DJ Ride] ENRO (Vision Recordings, 2021)

Durante a pandemia, DJ Ride fez um disco a pensar nas pistas dos clubes que se encontravam encerrados. Esta mixtape editada em vinil por uma das mais reputadas editoras de música electrónica, a neerlandesa Vision Recordings, junta hip hop, drum and bass ou técnicas de scratch. O DJ e produtor português pôde explorar os seus diversos universos sonoros num trabalho eclético e dinâmico. O Rimas e Batidas entrevistou Ride aquando do lançamento.



[L-ALI] Raramente Satisfeito (Superbad e Sony, 2021)

A passagem de L-ALI pela Superbad resultou neste EP que contou com produções de Lunn, Here’s Johnny, Holly Hood ou Joah. Aliando a sua estética obscura a refrões mais catchy, criou músicas melodicamente mais desenvolvidas que formaram este Raramente Satisfeito: destaque para “Ciclo” ou “Plenitude”. Pode ler-se a crítica de Paulo Pena no Rimas e Batidas.



[DJ Sims] Acordo Verso (Sistema Intravenoso e Tricoma, 2021)

A ideia partiu do ilustrador Mtáfora, que desafiou o rapper Uput e o DJ Sims a construírem um EP em que cada tema fosse baseado numa ilustração sua. Uput acabou por agir enquanto produtor executivo, selecionando os rappers que entraram em cada faixa e fazendo a ponte entre as artes visuais e os versos de rap. Ao contrário do habitual, Sims produziu cada instrumental depois da voz acappella de cada MC já ter sido gravada, a pensar especificamente nas rimas de cada rapper. Séthique, Cachapa, Vin Mariani, RealPunch, Bob O Vermelho e António Pinto de Sousa foram os participantes do projecto. Na altura do lançamento, o Rimas e Batidas entrevistou DJ Sims.



[Allen Halloween] Híbrido (Youth Kriminal, 2021)

O terceiro álbum de Allen Halloween, originalmente lançado em 2015, foi reeditado em vinil em 2021, numa edição limitada com capa verde. Aqui não houve apenas uma reprodução das canções do disco: foi feita uma remistura, recorrendo a gravações inéditas de voz, e foram incluídos os acappellas das faixas “Youth” e “Jesus Loves Me”. Híbrido é um álbum em que Halloween, um “velho G” omnisciente, relata histórias através de personagens, partilhando ensinamentos e reflexões. No Rimas e Batidas pode ler-se a crítica, mas também uma entrevista com o músico sobre o disco.



[Allen Halloween] Unplugueto (Youth Kriminal, 2021)

Dois anos após o muito aguardado lançamento de Unplugueto, o álbum acústico de Allen Halloween, o artista de Odivelas reeditou o disco em vinil, numa edição de mil cópias. Era um trabalho que vinha a ser antecipado há vários anos, não só com versões despidas das próprias canções de Halloween, como homenagens a nomes como Sérgio Godinho ou Zeca Afonso. Mais do que nunca, aqui a canção de protesto portuguesa mistura-se com o background hip hop de Halloween. Vale a pena ler a crítica de Rui Miguel Abreu ao álbum.



[Sir Scratch] Cinema (Universal, 2021)

Cerca de 15 anos depois do lançamento do primeiro álbum de Sir Scratch, Cinema (2005), chegou uma reedição em vinil vermelho para assinalar o marco. Trata-se do disco que tem temas como “Nada a Perder”, “Lotação Esgotada” (com Regula) ou “Ilusão” (com Tamin). Na altura, afirmou Sir Scratch como um nome a ter cada vez mais em conta no mapa do hip hop que se estava a alargar em Portugal.



[Xeg] Outros Tempos (Footmovin e SóHipHop, 2021)

Um dos discos que a Footmovin e a SóHipHop do DJ Bomberjack decidiram reeditar nos últimos anos em vinil foi este Outros Tempos, de Xeg. Originalmente lançado em 2009, inclui faixas como “Mariana”, “Verão Passado” ou “Liberdade” (com Milton Gulli). É um dos álbuns mais populares e celebrados do consagrado rapper de Porto Salvo, que na reedição teve direito a uma capa nova.



[Slow J] You Are Forgiven (Sente Isto, 2021)

Dois anos depois do lançamento, Slow J disponibilizou a sua primeira edição em vinil. You Are Forgiven é um disco muito focado no sentimento de culpa, construído quando João Batista Coelho se tornava pai pela primeira vez, onde aborda a sua perspectiva de paternidade, mas também a do seu pai e os sonhos que carrega enquanto músico. Musicalmente, é uma obra rica e diversa que pode ir desde a cadência afro à nova canção de intervenção, passando pelo r&b digital ou pelo fado Slow J, que contou com os contributos preciosos de uma série de produtores de renome, voltou a provar que joga num campeonato só seu. Rui Miguel Abreu descreveu melhor o disco na sua crítica assinada em 2019. Na altura, Slow J também respondeu a algumas questões sobre o projecto.



[Vários Artistas] À Moda Quarteirense (Associação Beyond e Sony, 2021)

A organização do movimento Sou Quarteira, que tem vindo a fazer um festival na cidade algarvia para celebrar a cultura urbana local e estabelecer pontes entre a região e outras do país, lançou em 2021 uma compilação com a participação de vários músicos locais. É sobretudo uma colectânea de rap, já que nos créditos estão nomes como Mouska, Sacik Brow, Dino D’Santiago, Jv8125, Perigo Público, M.Eloquente, Bertílio, Puto Rucca, Lady N, Fragas, Mascote, Biex, LLtheSavage, Iniciado ou Subtil. Virgul, Yuri da Cunha, Isa de Brito, Alícia Rosa ou Edna Oliveira também entram no disco. Holly e Mike Ghost foram nomes essenciais para a produção e partilharam a direcção artística do projecto com Dino D’Santiago.



[Bioudabalex] Bioudabalex Vol. 1 (1980LYFERS, 2021)

Foi nos últimos dias de 2021 que saiu este projecto entre dois velhos amigos do rap do Porto, layfebuoy (mais conhecido como Logos) e Kron Father, que assinaram aqui como Bioudabalex. Trata-se de uma viagem sónica sobretudo instrumental que recria uma emissão de rádio pirata dos anos 90, recorrendo a samples de darkcore e oscilações de frequência ao longo de 16 minutos. A edição física materializou-se com um dubplate.



[Vários Artistas] SG Gigante (Universal, 2022)

Um dos discos que marcaram o ano de 2022 foi a compilação SG Gigante, de homenagem a Sérgio Godinho. Trata-se de um projecto idealizado por Capicua, admiradora mais do que confessa do autor de Os Sobreviventes, que celebrou precisamente o 50.º aniversário no ano passado. A rapper portuense convidou uma série de vocalistas e produtores ligados ao hip hop e à cena urbana da música portuguesa contemporânea para recriarem à sua maneira alguns dos principais temas de Sérgio Godinho. 

Dino D’Santiago, xtinto, EU.CLIDES, NERVE, Phoenix RDC, Stereossauro, Rita Vian, Branko, Fumaxa, Eva Rapdiva, Keso, Valas, Papillon, DJ Ride, Migz, AMAURA, Charlie Beats, Chong Kwong, Jimmy P, pikika, Russa e Sara Correia foram os escolhidos, numa compilação disponível em vinil que deu também origem a um documentário assinado por André Tentugal.



[Vários Artistas] Cromática (Monster Jinx, 2022)

É, até agora, a única box de vinil do hip hop tuga. Em 2021, a editora/colectivo Monster Jinx idealizou um projecto ambicioso intitulado Cromática que consistia numa colecção de 14 EPs divididos por sete discos de vinil —, compostos por 14 músicos, cada um com uma capa desenhada por um artista visual. Nesta colectânea diversa onde cabem múltiplas sonoridades pode ouvir-se música de Vasco Completo, Maria, DarkSunn, Xando, J.K., Saloio, Ghost Wavvves, Liquid, MAF, E.A.R.L., Don Pie Pie, Mazarin, OSEB e No Future.



[NBC] Toda a Gente Pode Ser Tudo (SóHipHop e Big Bit Música, 2022)

Foi com este álbum, originalmente lançado em 2016, que NBC se afirmou perante um novo público mais enquanto cantor de neo-soul e menos enquanto rapper, expandindo a sua base de fãs e começando a actuar num circuito distinto, embora sempre tenha feito essa via quando comparado com o hip hop tuga no geral. Em 2022 chegou a reedição em vinil, para ouvir “Acorda”, “Dois” ou “Espelho” (com Sir Scratch) no grande formato. Leia-se a crítica de Pedro Arnaut ao disco.



[MZ Boom Bap x Pablo Beter] Time Machine (Vinyl Digital e Dusty Basement Records, 2022)

Em 2022, o português MZ Boom Bap juntou-se ao produtor espanhol Pablo Beter para um disco conjunto de instrumentais. Ao todo, são 10 beats com uma estética clássica de hip hop, reminiscente dos anos 90, recorrendo muitas vezes a samples de jazz.



[benji price] ígneo (Sony, 2022)

Após uma série de anos focado enquanto produtor dos artistas da Think Music para cujos trabalhos foi completamente essencial, contribuindo de forma decisiva para refrescar todo o panorama do rap em Portugal , benji price aproveitou o período depois de a editora ter terminado para lançar o seu primeiro disco em nome próprio. ígneo, assim se intitulou o projecto, é um disco onde João Maia Ferreira mergulha no seu universo de referências nipónicas (e não só), a animes ou sagas de fantasia, para construir uma epopeia de nerd rap; por vezes mais egotríptica, mas onde também se reflecte sobre a nossa existência ou o legado que deixamos. “Kenshin”, “Girassóis”, “Veni, Vidi, Vici” (com Mike El Nite) ou “Estúpido” (com 9 Miller) são algumas das faixas que podemos escutar em vinil. Vale a pena ler a entrevista ao próprio artista e dissecar o disco através de um faixa-a-faixa.



[Fred] Series Vol 01 – Madlib (Mad About Records, 2022)

Música que inspira música que inspira música. O ciclo da arte é infinito e, com este álbum, o baterista e produtor Fred Ferreira propôs-se a homenagear um dos produtores mais inventivos do hip hop e da música norte-americana. Com um grupo de instrumentistas, reinterpretou uma série de faixas de Madlib (ele que recorre aos samples de música do passado, lá está, para construir a sua obra). A edição em vinil chegou um ano depois do lançamento digital, já em 2022. O Rimas e Batidas entrevistou Fred sobre este tributo singular.



[Plutonio] Sacrifício: Sangue, Lágrimas & Suor (Bridgetown e Sony, 2022)

Três anos após o lançamento digital, que se revelou um tremendo sucesso tendo conquistado múltiplas platinas, Plutonio lançou em 2022 a edição em vinil (numa versão especial roxa) de Sacrifício: Sangue, Lágrimas & Suor. É o disco que representa a sua ascensão ao mainstream, um trabalho longo e diverso, repleto de bangers mas também de singles orelhudos, de rimas afiadas e refrões adocicados. Na altura entrevistámos o rapper do Bairro da Cruz Vermelha sobre o marcante disco.



[ProfJam] Mixtakes (Think Music, 2022)

Quando ProfJam quis celebrar a meia dúzia de anos de Mixtakes (2016) com um concerto especial no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, foi feita uma reedição em vinil do projecto. Este é o disco que Mário Cotrim apresentou depois de voltar de Londres e que marcou uma nova fase na sua carreira, já que tinha saído da ASTROrecords para fundar aquela que viria a ser a Think Music. O rapper ainda não tinha abraçado por completo a nova linguagem do trap, e aqui apostou numa sonoridade com uma cadência mais tradicional, ainda que tivesse uma estética muito mais lo-fi do que o habitual. Mixtakes inclui faixas como “Queq Queres”, “Além”, “Festa Privada” ou “David”.



[David & Miguel] Palavras Cruzadas (Lusofonia Record Club, 2022)

Um ano após o lançamento do álbum Palavras Cruzadas, David & Miguel apresentaram uma versão em vinil do mesmo. Este é o disco romântico que junta David Bruno e Miguel “Mike El Nite” Caixeiro, uma dupla de trovadores da portugalidade, que várias colaborações depois , decidiram apostar num álbum conjunto para relatar peripécias melosas no “Inatel” de Albufeira, no “H2ON” de Frielas, nos “Passadiços do Paiva” ou as aventuras com “Sónia” no Baleal.



[David & Miguel] “Funchal/Ponchal” (Edição independente, 2022)

O mesmo duo tem esta pequena (e rara) edição em vinil, o single “Funchal/Ponchal”, que resultou de uma residência artística no âmbito do projecto Carta Branca feita no festival Aleste, na capital da ilha da Madeira. “Funchal” é o título do tema, “Ponchal” o da versão instrumental. O guitarrista Marco Duarte, colaborador habitual nos projectos de David Bruno, também participa na faixa.



[Vários Artistas] Rapública (Sony, 2022)

A emblemática compilação Rapública, um dos primeiros discos de rap em Portugal e que foi essencial para colocar o hip hop tuga no mapa, foi reeditada em 2022 em vinil, numa altura em que a história do rap por cá é cada vez mais celebrada. Como explicámos detalhadamente na altura da reedição, que marcou também a chegada do disco às plataformas de streaming, a ideia de realizar esta colectânea surgiu entre Tiago Faden, da Sony Music, e Hernâni Miguel, empresário da noite e produtor cultural, que viria a ser agente de diversos artistas.

Hernâni Miguel conhecia Boss AC desde pequeno. Ângelo César Firmino, que organizava festas de hip hop no Trópico desde cerca de 1991, terá sugerido os nomes que acabaram por entrar neste disco: além dele mesmo, participaram os Black Company, Líderes da Nova Mensagem, New Tribe, Funky D, Zona Dread e Family. Cada um contribuiu com dois temas. O resultado foi uma compilação relativamente diversa, que ia desde a intervenção social a canções mais festivas ou despreocupadas, como o grande hit que ficou da compilação: “Nadar”, dos Black Company. O facto de o projecto não ter tido as melhores condições em termos de gravação e produção deixou alguma amargura, mas Rapública, indubitavelmente um disco histórico, serve sobretudo como um retrato cru do início da história do rap em Portugal. O Rimas e Batidas também entrevistou Hernâni Miguel no momento da reedição.



[New Max] Phalasolo (New Max Records, 2022)

Foi em 2009 que New Max, metade dos Expensive Soul, decidiu enveredar por um projecto em nome próprio façanha que ainda não se repetiu na carreira do cantor e produtor. O disco, editado apenas online numa altura em que o foco ainda estava nas edições físicas, acabou por ficar de alguma forma esquecido, mas também conquistou um certo estatuto de culto para os fãs de música r&b ou neo-soul cantada em português, num registo próximo do hip hop como os Expensive Soul sempre tiveram. Foi por isso que, em 2022, New Max decidiu celebrar a sua obra com uma reedição em vinil e a chegada do álbum às plataformas de streaming. Na altura, entrevistámo-lo sobre o disco e New Max fez um faixa-a-faixa do projecto, desvendando detalhes sobre cada canção. “América Eléctrica” e “Quero Mais” foram os singles.



[Rocky Marsiano] Meu Kamba Jazz Volume Um (Edição independente, 2023)

É um full-circle para Rocky Marsiano. O projecto começou com Marko Roca a explorar uma fusão entre jazz e hip hop, até as sonoridades africanas ou brasileiras se apoderarem da sua música. Agora, Rocky Marsiano regressa ao jazz, mas traz com ele tudo o resto que encontrou pelo caminho: o resultado é um disco ultra rico, sem fronteiras geográficas nem de género musical, onde o sampling, a programação digital e os instrumentos reais convivem lado a lado, cruzando os seus universos, potenciando-se uns aos outros. O título dá logo a entender outra coisa: vem aí certamente um segundo volume. O Rimas e Batidas entrevistou o artista sobre o álbum.



[Allen Halloween] Projecto Mary Witch (Youth Kriminal, 2023)

“Uma cassete do Allen Halloween deu a volta ao teu bairro um dia chegou a ti”. Foi com este disco obscuro e lo-fi que o rapper de Odivelas se deu a conhecer em 2006. Autêntica pedrada no charco do hip hop tuga, teve um impacto cultural tremendo, fez escola e serviu de cartão de visita para um artista singular na música nacional. Em 2023, quatro anos depois de o seu autor se retirar do rap, Allen Halloween decidiu reeditar o disco em vinil, remisturado e remasterizado por si mesmo. Esta versão de 500 cópias inclui ainda “gravações inéditas de voz” e “novos instrumentais”.


[Minus & MRDolly] Giant Stops (Jazzego, 2023)

No seu mais recente disco, Minus & MRDolly mergulha a fundo nas sonoridades jazz, cruzando-as com elementos electrónicos e do hip hop, já que o sampling se mantém como um pilar essencial do processo criativo. O título é uma homenagem a Giant Steps, disco icónico de John Coltrane, com o artista portuense a fazer uma vénia ao passado mas a avançar decididamente em frente, empurrando consigo as fronteiras dos géneros musicais. Neste álbum de 10 faixas participam ainda Luca Argel e Meta_.

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