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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 05/01/2022

Não há fumo sem fogo.

Faixa-a-faixa: Phalasolo de New Max explicado pelo próprio

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 05/01/2022

Não arranjámos uma máquina do tempo, mas “obrigámos” Tiago Novo, mais conhecido como New Max, a olhar para o seu Phalasolo (2009), disco que acaba de ser reeditado e que, em Maio, voltará a ser tocado ao vivo (em Lisboa e no Porto).

Uma obra que ganhou contornos de culto depois do desaparecimento oficial de circulação, o primeiro (e único, até aqui) longa-duração do membro dos Expensive Soul é agora deslindado pelo seu autor, que fala sobre alguns dos pormenores que tornaram este conjunto de músicas numa peça tão apetecível.



[“Fumo”]

“Este tema é uma homenagem aos amigos. Por vezes, a vida não nos permite ter tanto tempo quanto gostávamos para estar e partilhar com essas pessoas, e cada vez que ‘faço fumo’ é um momento de partilha e de pensar nelas.

Uma nota de genialidade para as guitarras de Bruno Macedo, quer nesta música como nas que se seguem.”

[“Quero Mais”]

“Foi o segundo single retirado do álbum, uma clara homenagem à Motown. Vou destacar o videoclipe que tem como intervenientes Rui Reininho, Kika Santos, Virgul, NBC, Dino D’Santiago, Marta Ren, Demo e Hugo Novo. Foi gravado no antigo bar Maxime em Lisboa.”

[“Histórias”]

“‘Histórias’ relata uma separação, quando uma relação chega ao fim mas uma das partes não está preparada e não quer que isso aconteça. Uma história pela qual já quase todos passámos.”

[“América Eléctrica”]

“‘América Eléctrica’ foi o primeiro single retirado do Phalasolo. Estávamos em 2009 e os EUA, como sempre, achavam que eram o centro do mundo, sempre aptos para ‘ajudar’ e conquistar novos territórios, mas, como o meu querido amigo Fausto Bordalo Dias, nos canta, ‘Quem conquista sempre rouba, quem cobiça nunca dá’, e era isso mesmo que eu sentia cada vez que via notícias sobre os conflitos por eles perpetrados. No final da música podem escutar a minha mãe a cantar, em forma de fado contemporâneo. Ela diz que estamos atentos ao que estão a fazer.”

[“Vai Joe”]

“‘Vai Joe’ é um grito de força para todos nós. É o ir com confiança, o nunca desistir.”

[“Sem Censura”] com Carlão

“Aqui fala-se da violência que existe nas ruas, das mortes prematuras por um bala perdida, do racismo, da discriminação, de nós como seres humanos livres e responsáveis pelos nossos actos. O Carlão teve a ideia, genial pela sua simplicidade, de pegar no dicionário e dar-nos a definição de ‘pessoa’.”

[“O Que é Nacional é Bom”]

“Existem títulos que dizem tudo, este quase como cliché e aproveitado de um reclame da minha infância — que de certa forma está sempre presente em tudo o que faço. Realmente devemos dar valor também ao que é nosso, vindo do nosso país. Normalmente valorizamos o que é importado e esquecemos que temos pessoas a fazer tão bem ou melhor aqui tão perto. Destaco ainda os solos que surgem quase como refrão e a percussão do mestre que é o Manu Idhra.”

[“Nu-tempo”]

“Esta música foi inspirada na nu-soul quando esta se cruza com o jazz. Tem, para mim, dois grandes momentos, primeiro o solo dos HornFlakes e segundo o solo brilhante do Hugo Novo no seu Fender Rhodes. Destaca-se também o incontornável groove do baixo de Sérgio Marques. A parte lírica fala das vezes em que gostávamos de voltar atrás no tempo e mudar certas momentos das nossas vidas.”

[“A Marcha”] com Demo

“Passaram 14 anos desde que escrevi este tema, mas infelizmente pouco coisa mudou. O aquecimento global continua a ser notícia de rodapé, mas nós pouco (ou nada) fazemos para parar de consumir os recursos do planeta, e as provas estão aí: cada ano que passa intensificam-se os desastres naturais. Façamos todos um favor a nós próprios de mudarmos hábitos e costumes de outrora e cuidarmos da nossa casa. Foi também a música que escolhi para a parceria obrigatória com o meu irmão Demo.”

[“Faz de Mim”] com Virgul

“Uma das minhas favoritas, com o meu mano Virgul. Falamos de um amor não-correspondido; quando amamos alguém que não nos ama e de como faríamos qualquer coisa para mudar isso. Lembro-me também que usei o sintetizador Jupiter 8 em grande parte da música por ter uma sonoridade única.”

[“Pagas um Mundo”]

“Aqui falo de todas as mães solteiras que fazem tudo para conseguirem sustentar os seus filhos e famílias e que são constantemente postas à prova perante a nossa sociedade. Destaco novamente a mestria de Bruno Macedo, que improvisa um solo totalmente em reverse juntamente com o Hammond de Hugo Novo.”

[“Crime Perfeito”]

“Este beat foi o que deu início a esta aventura que tem sido o Phalasolo. Surgiu de uma paixão, de um querer mudar de vida.”

[“Politica-mente”] com Marta Ren, Sam The Kid e Regula

“Esta música está divida em duas partes, uma é um funk, onde podemos ouvir Marta Ren a cantar em português, a segunda é hip hop cru, puro e duro, com aqueles que, para mim, são os mestres do rap.

Em toda a evolução da música reivindicámos os nossos direitos enquanto pessoas que fazem parte de uma sociedade capitalista, que nos impõe impostos abusivos e salários baixos.”

[“Deixa Cair”]

“Esta foi a última a surgir e nasceu após a minha transição da cidade para o campo. Fiquei mais perto da natureza e senti claramente que isso me mudou como pessoa. Liguei-me a outras coisas, como a arte dos bonsais — e mesmo à agricultura — e permitiu-me ter mais espaço para me concentrar e evoluir a minha espiritualidade.”


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