Em dia oficial de lançamentos musicais, DJ Ride voltou aos projectos, desta vez com um sentimento diferente daquele que é habitual: ENRO marca a sua estreia pela editora dos holandeses NOISIA, a VISION.
“Este projecto é um sonho tornado realidade porque sigo desde sempre os NOISIA e a sua label VISION, cresci a ouvir a música deles e editar numa das maiores editoras do mundo de drum’n’bass e música electrónica é, sem dúvida, especial e algo que sabia que tinha de trabalhar mesmo muito em silêncio para poder alcançar”, começa por escrever o produtor das Caldas da Rainha ao Rimas e Batidas.
Há, também, uma curiosidade nisto: “a primeira demo que enviei para os NOISIA foi há uns seis anos, na altura não recebi resposta. Continuei a enviar coisas até que no ano passado entraram em contacto comigo e começámos a trabalhar. Um dos elementos e label manager, o Nik Roos, deu dicas super importantes e muitas das músicas não conseguiria acabar sem o feedback sempre assertivo dele.”
Sobre a abordagem ao sucessor de trabalhos como Beat Tape, Vol. 1 e Lightspeed, a cara-metade de Stereossauro nos Beatbombers revela: “Neste disco quis explorar os cruzamentos do hip hop/turntablism com a bass music, quis fazer bangers mas também temas densos e edgy que funcionam como uma banda sonora para o mundo distópico em que vivemos actualmente. ‘Enro’ é uma palavra em japonês que significa ‘journey’ e faz-me lembrar ‘erro’ em português, por isso achei que fazia sentido para este trabalho, até porque muitas das faixas começam com ‘acidentes felizes’ nas jams que faço e pequenos erros/glitchs que depois aproveito para o sound design. Como escrevi para o press, ‘It’s a love letter for the dark and sweaty clubs we all miss so much’.”
Reconhecido pela sua produção cuidada com recurso a muita exploração de maquinaria e a um sound design elaborado, Ride explica o que utilizou e de que forma: “Usei bastantes máquinas novas, mas foi um processo misto de jams com os meus synths, uso de samples e depois alguns meses de edição e sound design no Ableton Live. Tenho também scratch em quase todas as faixas, desde os clássicos cuts em acapellas de rap até a manipulação de pistas de baixo ou outros instrumentos. Na primeira faixa, por exemplo, a parte final é toda feita com scratch, drums/bass/efeitos. Foi tudo produzido, misturado e masterizado por mim, não tem collabs. O vinil traz uma faixa extra de samples para scratch. Na versão digital há também a hipótese de ter as faixas soltas ou num único ficheiro, todas misturadas.