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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 25/11/2022

28 anos depois.

Hernâni Miguel: “O Rapública foi um disco de abertura. Aproximou brancos e pretos”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 25/11/2022

A história do hip hop em Portugal não se faz só de rappers, DJs ou produtores. Também se faz de pessoas como Hernâni Miguel. Foi ele um dos grandes responsáveis pela histórica compilação Rapública, o disco que em 1994 colocou o rap português no mapa, e que agora chega aos serviços de streaming e é reeditado em vinil pela editora Sony Music Portugal.

Hernâni Miguel foi o intermediário entre a editora e os jovens artistas de rap que, de forma amadora, faziam actuações e dinamizavam um pequeno circuito. Só faltava imortalizarem a sua arte, levarem a cultura oral de rua para o estúdio. Foi com Rapública que isso aconteceu — no mesmo ano em que General D lançou PortuKKKal e os Da Weasel se estrearam com More Than 30 Motherf***s.

Hernâni era um empresário da noite ligado à cultura. Passava música, fazia produções culturais e o seu bar no Bairro Alto era bastante frequentado por uma certa elite cultural lisboeta. Um dos seus clientes, lá está, era Tiago Faden, da Sony, que percebeu que Hernâni poderia fazer a ponte com aqueles artistas de que ouvia falar.

Boss AC era uma pessoa próxima de Hernâni Miguel. Viveram, durante muitos anos, a menos de 30 metros na Rua de São Paulo, ali na zona do Cais do Sodré. Hernâni tinha estudado com um dos irmãos de AC, outro era seu amigo de infância. Conhecia o resto da família Firmino, muito ligada às artes. AC organizava festas de hip hop no Trópico desde 1991, pelo que era um dos principais instigadores da cultura na região de Lisboa e conhecia as pessoas certas para materializar um projeto destes. O resto, como se costuma dizer, é história — e nós resumimo-la aqui num artigo.

Depois de Rapública, Hernâni Miguel continuou a ser importante nos bastidores do rap português (e não só). Foi manager de Boss AC, dos Black Company, Da Weasel, Djamal, Ithaka, Alex e os Putos do Bairro, dos Blackout. 28 anos depois, dá uma entrevista ao Rimas e Batidas a propósito da reedição. Sentamo-nos à mesa do seu restaurante, o Tabernáculo by Hernâni Miguel, precisamente naquela Rua de São Paulo, para uma conversa fluída de final de tarde.



28 anos depois, como é que o Hernâni olha para esta compilação, que é, obviamente, relevante o suficiente para ser reeditada?

A primeira coisa que o Hernâni vai fazer é agradecer às pessoas que participaram, o grande contributo que deram, falando dos Black Company, Zona Dread, Funky D, Boss AC, New Tribe, Líderes da Nova Mensagem e Family. Agradecer também ao Amândio [Bastos], que foi o técnico de som que fez um trabalho fantástico dentro das limitações que nos deram. Agradecer também a algumas pessoas que fazem um trabalho invisível e que nunca são lembradas — neste caso o [José] Mariño, estou-me a lembrar do Henrique Amaro e do próprio Rui Miguel Abreu. Evidentemente que me vou esquecer de alguém, mas tenho de agradecer a estes bravos todos. Este projecto existe porque há um jovem meu sobrinho, meu irmão mais novo, chamado AC… Eu ao transmitir-lhe que a Sony, através do Tiago Faden — que era meu cliente, no meu bar — estava muito interessado em fazer um álbum de rap, ele disse-me “olha, nós costumamos fazer umas festas”.

No Trópico.

Exacto. “E eu sou capaz de te arranjar vários nomes”. Então, o AC passado pouco tempo trouxe-me uma série de nomes. Falei com o Tiago, disse-lhe que tinha alguns nomes — que era capaz de ter muitos mais — e disse “da nossa parte estamos prontos, agora queremos saber quando e como”. E assim começa a história.

Há um festival no Trópico em Fevereiro de 1994, organizado pelo Boss AC no âmbito das festas que ele já organizava desde 1991, em que actuam todos os nomes que participariam em Rapública — excepto um, o Funky D. Mas, independentemente desse evento, todos os nomes foram então trazidos para a mesa pelo Boss AC.

Sim, exactamente.

Voltando aqui ao presente: 28 anos depois, o que é que lhe pareceu quando…? Suponho que a Sony o tenha abordado a explicar que iriam avançar com esta reedição.

Não, não me explicou nada. A Sony falou comigo há quatro, cinco ou seis dias no máximo [a contar desde segunda-feira, 21 de Novembro]. Tivemos uma conversa muito saudável, como só poderia ser, porque nada me move contra a Sony. E eu disse: está bem, no que puder ser útil serei. Fico contente de ver este trabalho em pé, mas com alguma pena… Primeiro, palmas a quem teve a ideia. O timing não é este, mas é melhor estar feito do que não estar. 

Qual seria o timing?

Eu pedi para ser feito aos 20 anos. E depois tinha dito para ser feito ou aos 30 ou aos 40, mas pronto. Porque eu tinha e tenho o vídeo todo do concerto da Gartejo [onde o disco foi oficialmente apresentado].

Alguma vez saiu em algum lado?

Não. E era isso que eu queria, na altura, fazer com que saísse — o vídeo juntamente com a reedição e convidar os jovens da altura a pegarem nos temas e a darem-lhe uma nova roupagem. Da mesma forma que tinha falado com alguns amigos meus disc-jockeys para fazerem destes temas, temas de dança, remixes. Depois cansei-me e achei que não tinha nada que andar a perder tempo.

Mas está satisfeito com a reedição em si?

Estou. Não a ouvi, mas estou contente com ela, com o acto em si de acontecer, é fantástico. No fundo é um marco fortíssimo. Temos de pensar numa coisa muito simples: 90% desta gente [diz, apontando para a contracapa onde figuram os nomes dos artistas] se não estava no gueto estava muito próxima do gueto. E com um valor incrível, como há lá centenas de jovens brilhantes que não têm oportunidades. E estes felizmente tiveram alguma oportunidade. Não tiveram o que era devido, porque o tempo foi muito escasso, mas valeu a pena.

Quando é que se apercebeu que não era só um disco, mas um verdadeiro marco?

Para mim foi assim que o álbum ficou pronto. Ri-me logo e disse “fizemos história”. Percebi e é fácil de perceber. Eu habitava e tinha um bar num sítio chamado Bairro Alto. O meu bar, na altura, se não era o melhor bar, era o segundo — mas era o melhor porque o Frágil não era um bar. E sabia quem parava lá, conhecia as pessoas. E percebi com facilidade o impacto que aquilo estava a ter. Estamos a falar de pessoas com uma grande literacia…

Intelectuais.

Absolutamente. E percebi que, mesmo não estando o álbum brilhante porque não nos deixaram que estivesse brilhante, que era história. E vejamos uma coisa que é fundamental ali: 99,99% são blacks. O primeiro álbum feito só por pretos em Portugal. 

Também é um marco por isso. Além de conhecer o Boss AC, tinha contacto com outras pessoas que faziam rap?

Com estes não porque eles não iam até ao meu bar. Passaram a ir porque depois passei a convidá-los para lá irem insistentemente. Tinha contacto com outros jovens que faziam hip hop, mas não era uma coisa que levasse muito a peito porque nunca percebi que quisessem fazer algo. Gostavam de estar ali na rua…

Uma coisa informal e descontraída.

Exactamente.

Na altura prestava atenção ao rap?

Sim, sou de uma geração que cresceu com os The Last Poets, portanto não me é nada difícil ter percebido isso tudo. Tenho discos e discos deles, assim como de outros artistas da época.

Apesar de tudo são anteriores e algo distanciados da chamada cultura hip hop que se desenvolveu mais tarde.

Está bem, mas é um processo, não é? Quando se conhece aquilo, vai-se querer conhecer mais. Comecei aí, depois o Gill Scott-Heron acompanhou-me durante a minha vida toda, e outros mais. E eu tinha um bar, e um dos meus sócios tinha na altura a melhor loja de venda de discos de Lisboa, se não de Portugal, que se chamava Contraverso. Tínhamos os discos quentes, como a gente costumava dizer. Na mesma semana em que saíam, ele — o Zé Guedes — tinha os discos: de hip hop e tudo e mais alguma coisa. Então eu tinha o privilégio de estar sempre ali em cima do acontecimento [risos].

Numa altura em que o acesso para a maior parte das pessoas…

Era muito mais restrito, sim, e tinha de se conhecer muito bem as coisas que saíam. 

Este formato de duas canções por grupo…

Foi imposto pela editora. Eles não queriam muito tempo, não queriam gastar muito dinheiro, diziam que era muito. Alguns temas foram postos de lado e fez-se uma colectânea. Foi por isso que foram dois temas por artista, com muita pena, porque o tempo que nos deram para captar e masterizar foram só duas sessões.

E quanto tempo durou entre a decisão de se fazer o disco e ele estar pronto e ser lançado?

Demorou bastante tempo. Tudo durante o ano de 1994, mas deve ter durado uns seis ou oito meses. 

As sessões em si é que foram muito curtas.

Para cada banda, um dia de captação e outro para masterizar.

Esteve presente nas sessões?

Em quase todas. Recordo-me bem, diverti-me. Havia uns que estavam mais ansiosos do que os outros. Uns tinham mais noção do que outros.

E estava a referir há pouco o Amândio, que foi o técnico de som.

Sim, na altura disseram-nos que era ele que ia fazer, e guardo muito boa impressão dele. É um bom técnico mesmo e um bom homem. E não fez mais porque não o deixaram.

Mais, em que sentido? 

Ajudar mais. O Amândio era o que tinha mais noção, mas se te derem dois dias para gravar dois temas e masterizares não é fácil… Logo ao princípio estão a pôr-te pressão. E assim a criação não é a mesma coisa. E, depois, como se não bastasse, não havia o hábito em Portugal de fazer e gravar hip hop. O desconhecimento era total. Isso também pesa. Mas o Amândio fez o melhor que podia.

Mas estava a recordar-se de que se divertiu nas sessões.

Sim, quando há jovens há sempre bons momentos, porque os jovens têm essa capacidade de serem muito positivos. 

Suponho que houvesse um grande entusiasmo em torno do projecto.

Absolutamente. E depois o entusiasmo tornou-se maior ainda quando se percebeu que todos eles poderiam fazer uma carreirazinha. Uns fizeram uma grande carreira, e continuam a fazer, e outros desistiram, não sei porquê, também não é isso que está em causa. Mas a história não os apaga. 

Mas acredita que todos beneficiaram com Rapública?

Bem, acho que sim, beneficiaram culturalmente. Não falo do benefício monetário, isso não. Toda a gente ficou contente por ter participado no álbum — na altura. Agora, se calhar, não sei, passados estes anos todos, também é fácil dizer… [risos] Também houve coisas que não correram bem, como é normal.

A compilação teve bastante impacto mediático e sucesso comercial. Estava à espera disso?

Na altura, não sabia se iria vender muito ou pouco, mas pareceu-me que ia ficar para a história. Porque quando começo a ouvir no parlamento eles a dizerem “o senhor ministro não sabe nadar”, aquelas frases feitas, disse logo “já pegou!”. Se estava à espera do boom disto? Estava. Sempre disse o seguinte: quando tens um disco e os putos de 14 ou 15 anos começam a cantar, é sucesso. Não há hipótese [risos]. E o “Nadar” era para os putos todos. 

Certo, foi a música daquele momento. Sabe qual foi a data em que foi lançada a compilação? Há-de ter sido mais perto do final do ano, já que todo o processo decorreu durante 1994.

Julgo que sim, mas não tenho ideia da data. Desliguei-me um pouco da Sony. Achei que havia outras editoras que trabalhavam melhor os músicos. Tanto foi que os Da Weasel não foram para a Sony, por exemplo. Os Blackout também não foram para a Sony.

E o Boss AC…

Pronto, tem a ver com isto tudo. 

O Hernâni tornou-se agente do Boss AC, dos Black Company, dos Da Weasel, de Alex e os Putos do Bairro, do Ithaka, depois das Djamal… Foram passos naturais tendo em conta a proximidade com eles? Suponho que não o tivesse programado.

Não, de forma nenhuma. Eu na altura agenciava uma banda africana, mas depois, perante esta envolvência toda, foi por aí em frente. 

Também li que se chegou a falar de um segundo volume de Rapública.

Chegou a falar-se, mas como ninguém ficou muito contente…

Com a hipótese de haver um segundo volume?

Não, com a hipótese de ser outra vez Sony. Acho que foi isso. A editora aí não percebeu o ouro que tinha. A ideia seria fazer com outros artistas, que eram bons, fantásticos.

Isso foi falado quanto tempo depois?

Três anos, se calhar. Depois o hip hop deu um salto muito grande, não é? No Norte começaram a aparecer grandes bandas, com grande atitude, com espectáculos muito enérgicos e bem feitos. Depois percebeu-se que o movimento já era muito mais nacional, apesar de ter franjas. Portanto tinha tudo para dar certo.

Nunca se arrependeu de, na altura, não ter havido a possibilidade de se convidar artistas, por exemplo, do Norte?

Não, não me arrependi, porque hoje seria muito fácil de os convidar, mas na altura era muito complicado. Não tinha conexões com ninguém lá. E com aquela limitação de tempo, não dava. 

Olhando para trás, mudaria alguma coisa em Rapública?

Sim, mudava muita coisa, mesmo muita. 

Quer exemplificar?

Não porque não quero ferir ninguém, mas mudava muita coisa mesmo. Em todos os aspectos da concepção e do processo. Em termos conceptuais do disco, no tempo que foi curtíssimo e não só — tinha que ir buscar alguém que soubesse trabalhar com o hip hop à séria, na masterização. A captação não teve problema, mas a masterização, como sabes, teve uma grande importância…

Foi uma das lacunas que acabou por não beneficiar tanto o projecto.

Exactamente. Tu ouves e percebes.

Mas ainda assim, apesar de tudo isso, orgulha-se deste projecto.

Absolutamente, foi bom. Estou a falar agora 28 anos depois [risos]. E não estou com aquela carga de “tenho que fazer outro álbum!” Não, está feito. Sabendo o que sei hoje, também seria muito mais fácil [dizer que mudava isto ou aquilo], mas não vale a pena dizer. Também é um facto que as pessoas não conheciam.

Não estavam preparadas? 

Nós não estávamos preparados. Também me incluo nisso [risos]. E demos alguns tiros que poderiam ter sido fatais. Não foram porque tínhamos ali gente muito capaz, e temos porque se tem provado, porque continuam a fazer história. Depois aparecem outras gerações fantásticas. Mas acho que uma das grandes coisas do Rapública… Até o nome é bom.

Quem deu o nome?

Foi aqui uma “guerra” entre a senhora que fez a capa, Célis Correia [a companheira de Hernâni Miguel de então], eu, a minha veia mais de esquerda a puxar pelo republicanismo, e o Tiago Faden a ter que ceder. 

Houve outros nomes em cima da mesa?

Houve, mas não me recordo, porque fixei logo aquele. E andava por ali a chatear lá em casa, que era aquele e era aquele. Conseguimos que fosse aquele. O Tiago percebeu que Rapública, com o conceito de revolução e essas coisas todas, ele percebeu muitíssimo bem isso… Depois houve a guerra da capa. Quase não havia dinheiro para a capa e eu disse: “Esta noite faz a capa. Pensa no rio, pensa em ilhas, em qualquer coisa, faz a capa”. E a capa ficou feita, chegámos lá e eu disse [a Tiago Faden]: “Se não gostas desta, não há tempo para fazer outra”. Foi a primeira e única. Com as margens…

Fizeram questão de representar as periferias.

Cá estão elas todas. Era importantíssimo para mim. 

Sendo o Hernâni uma pessoa aqui do centro.

Sim, mas sou um centro que não sou do centro de forma nenhuma. Vivo aqui. Sempre vivi na Baixa, sou do centro mas não sou mesmo do centro. Sou [abre os braços].

Mas acharam importante, numa altura em que os subúrbios ainda eram menos valorizados do que hoje. 

Não eram valorizados. Bastava-se perceber… “tu moras em Almada?” “No Barreiro?” Mas não diziam com o mesmo desdém “Tu moras em Cascais?” Era um cisma que na altura era pesado.

E o rap também há-de ter contribuído para mudar muita coisa nesse sentido. 

Absolutamente. O movimento todo… Basta pensarmos naqueles miúdos todos a que chamamos betinhos a saírem de casa com calças largas, com chapéus virados ao contrário, os pais e os avós a não gostarem, mas azarinho, não é? [risos]. É interessantíssimo. Há uma democratização na forma como as pessoas se vestem. Com o hip hop ficou tudo mais aberto, os artistas passam a chegar aos grandes palcos vestidos de uma outra forma e vê-se as pessoas a começarem a ser aceites, em qualquer sítio que seja, de uma forma democrática. 

Passou a existir uma maior abertura à diferença.

Não é maior, é incrível mesmo! 

Num país mais conservador do que o que temos hoje.

Um país cinzento. Ainda temos muita gente cinzenta, calma, a maior parte até são cinzentos. Andam é muito disfarçados. Não podemos fechar os olhos e fingir que não vemos. Isso é o que eles querem. Temos que estar atentos. Porque o poeta dizia “eles comem tudo, eles comem tudo, e não deixam nada”. E é verdade. Portanto, sempre alerta.

Qual é o legado que atribui a este disco?

Acho que foi um disco de abertura. Aproximou muito brancos e pretos. Os miúdos começaram a ser mais iguais, porque já se vestiam todos à dread, como diziam na altura e eu ria-me [risos]. E ainda hoje… estive agora no concerto do Gutto, e estava lá sentado tranquilo com o Makkas, e houve uma série de miúdos do hip hop que foram lá cumprimentar-me. “Olá, Hernâni”. “De onde é que vocês me conhecem?” “Do Rapública, já lemos sobre si”. Miúdos com 20, 19 ou 18 anos. Porra, 28 anos depois, os putos…

Essa parte suponho que não esperasse.

De forma nenhuma. Quem me conhece tem 40 ou 50 anos e conhece-me dos bares e das coisas que tenho feito por aí. Não estava à espera propriamente [de ter esta longevidade] e fiquei até sensibilizado com a situação.

Daí que Rapública seja de facto marcante e por isso é que hoje, em 2022, estamos a falar sobre o disco.

Isto é um objecto de arte já. Isto é arte. A arte é um conceito muito lato. Mas este álbum, feito naquela altura, com aquelas condições, tendo a visibilidade que teve, foi fantástico mesmo. Não havia ninguém neste país que não dissesse a frase do “não sabe nadar”.

Quando ouviu esse tema, achou logo que iria ser a faixa que mais iria ficar do disco?

Não tive essa percepção. Gostava mais de alguns temas, de outros gostava menos, mas não tive essa percepção. Percebi que era uma coisa fácil. Depois, fiquei com uma demo, e houve um dia em que no meu bar, à tarde, pus a demo a passar e os miúdos lá da rua que paravam sempre ao pé da minha porta… Eram miúdos entre os 7 e os 10 anos. Jogavam ali e eu, enquanto estava à espera dos senhores que vinham fornecer as bebidas e não sei quê, punha música. E quando tinha que sair para ir a algum lado, dizia: “vocês tomem conta da porta, não deixem ninguém entrar”. Eles ficavam ali à porta e eu punha a demo. E quando voltava, estavam eles a cantar tudo. E eu: “Oh pá…”


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