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Fotografia: SARAHAWK, Mariana Silva, José Fernandes & Arlindo Camacho
Publicado a: 08/07/2023

Com o hip hop nacional também em óptimo plano.

NOS Alive’23— Dia 2: o triunfo da pop negra

Fotografia: SARAHAWK, Mariana Silva, José Fernandes & Arlindo Camacho
Publicado a: 08/07/2023

O segundo dia de NOS Alive foi, em boa parte, dedicado ao hip hop nacional que ocupou lugar de destaque entre os palcos menos visíveis do recinto, e o primeiro nome do género, Juana na Rap, tocou mesmo bem cedo no Palco Coreto. De qualquer forma, é SleepyThePrince quem recebe a primeira menção no nosso texto pela estreia no Festival no WTF Clubbing, levada a cabo pela curadoria da Bridgetown.

Com uma carreira ainda curta, o artista que representou o drill feito em Portugal não foi capaz de encher a tenda que lhe foi destinada face à concorrência da banda também portuguesa, Linda Martini, que tocava entretanto no palco principal. Ainda assim, Sleepy não tocou para uma plateia vazia, e conseguiu mostrar a sua música a alguns colegas de profissão que por lá passaram antes de, também eles, pisarem esse mesmo palco. Chyna, que viria a tocar mais tarde com Lhast, foi um deles.

Ao vivo, o drill de Sleepy ecoa energicamente com um pontual duo de guitarras eletrizantes, DJ e teclas, fazendo o rapper ainda acompanhar-se de dois hype man encarregados dos adlibs e de fazer reagir o público, havendo ainda espaço para convidados e para a estreia de um novo tema.

De cara coberta por uma máscara que é também uma coroa, não lhe conseguimos ver os olhos, mas notámos a determinação e a vontade de agradar em cada movimento. O esforço é notável e chegaria mesmo a ultrapassar o de alguns nomes de estatuto superior que mais tarde pisaram o mesmo palco.

Esta é certamente uma memória que o artista levará guardada durante os próximos anos enquanto nós, deste lado, seguiremos a carreira com afinco até que se torne numa “Estrela de Rock”, um dos temas mais aclamados na atuação de ontem.

— João Daniel Marques



Ainda nao estava na hora e o público já preenchia o terceiro palco do NOS Alive. E nem foi preciso esperar muito para ver o rapper de Ourém em ação. Pisou o palco ao som de trovoada e foi bem recebido pelos presentes que, desviados do concerto de IDLES que entretanto acontecia no palco principal, foram enchendo a tenda ao som do build up da sua banda. 

Carismático e confortável de cima da estrutura montada para o receber, xtinto não deve nada a nenhum dos maiores nomes do hip hop português em termos de performance. É inquieto, gosta de dançar (à sua maneira, mas não vemos mal nenhum nisso) e o seu sorriso e palavras bondosas para multidão distinguem-no dos colegas de profissão, enquanto nos deixa perceber o quão feliz ele está realmente por pisar o palco.

Juntando a tudo isso, Francisco Santos — nome de baptismo do nosso xtinto — trouxe-nos uma setlist desenvolvida em torno de Latência, o seu último projeto, mas sem descurar temas que o elevaram ao actual patamar, como “Pentagrama” ou “Ébano”, incluídos propositadamente para dar voz à plateia.

“Pacemaker”, um dos temas iniciais, começou de forma atribulada com algumas dificuldades técnicas sentidas por parte da banda composta por um baterista, um multi-instrumentista (que se dividia entre o lançar das canções, a guitarra e, espantem-se, a flauta), e um teclista. xtinto pediu desculpa e os fãs, que bem compactos nas filas dianteiras, não hesitaram em perdoar e dar força aos músicos.

Para nossa tristeza, “Tonturas” não contou com a presença de Wugori no palco. Mas, em contraponto, pudemos ver o ainda conhecido por benji price partilhar com xtinto a faixa “Éden”, e isso não nos decepcionou. Destaque ainda para os arranjos de temas como “Ébano”, que rompeu com a sonoridade melodica e trouxe algum ritmo adicional e uma certa violência, ou mesmo “Android”, um dos temas mais aclamados do artista e que soa realmente bem ao vivo.

— João Daniel Marques



By this point já sabemos que o palco Coreto do NOS Alive – com curadoria da Arruada e agora posicionado de forma invertida comparativamente com a edição de 2022 do festival – é paragem obrigatória para qualquer festivaleiro com pretensões de conhecer algumas das ofertas mais interessantes da música portuguesa contemporânea. Para a equipa do Rimas e Batidas na edição 2023 do Alive, a descoberta pelo Coreto começou com Rita Onofre, que recentemente editou o seu primeiro longa-duração, hipersensível.

Acompanhada em palco por uma banda constituída por Ned Flanger, Choro, Miguele – com quem cantou o dueto meloso “Curto Prazo” – e Pedro Antunes, Onofre foi passando o bisturi com cuidado por várias das cantigas de hipersensível, mesmo que o som do Coreto estivesse longe de estar perfeito: “Rancor” soou fofinho e quentinho – e o público retribuiu com igual afeto; “Perdoei” colocou vários corpos a mexer com a sua groove; “Passo” ofereceu um abraço coletivo em forma de música pop para dar por concluído o concerto.

Pelo meio, uma visita a outras canções de uma discografia onde Rita empresta as suas skills: “Neblina” e “Corpo ao Mar”, canções parte do Volume I do Coletivo Avalanche, e “CORPO”, canção criada com os seus parceiros Ned Flanger e Choro. Foi um concerto bonito e caloroso, perfeito para um final de tarde onde uma brisinha marítima se ia sentido pelo ar quente do Passeio Marítimo de Algés.

— Miguel Rocha



Se há palavra de ordem para o concerto de estreia de Lizzo por terras portuguesas – só pecou por tardar tanto -, essa palavra foi: “amor”. Clichê, talvez, mas necessário. Amor este, próprio. Alheio. Para com o outro. Para com todes. Com muito slay à mistura (props à pessoa ao nosso lado com o leque onde se podia efetivamente ler “SLAY”).

Disse Lizzo a certo ponto no concerto que “Lisbon” já não era Lisboa: era “Lizz-ban”. Estava correta. Lizzo não veio com pretensões de perder tempo; veio com pretensões de conquistar o público, metê-lo a dançar, confirmar aquilo que sabemos sobre esta: é uma diva que sabe criar um espetáculo Pop com P grande. 

Se muito do público presente no palco principal do NOS Alive já estivesse estacionado para o concerto de Arctic Monkeys, foi impossível que este não se rendesse por completo à energia de Lizzo. Mesmo que em alguns momentos se tenha notado um pouco algum cansaço na sua voz – particularmente nos seus registos mais baixos –, Lizzo puxou dos galões para arrebatar o público. Com uma banda super talentosa a acompanhá-la em palco e com uma abundância de dançarines, Lizzo passou pente fino aos vários hits da sua discografia: “Cuz I Love You”, a abrir, foi um statament ao que vínhamos – quem não dançasse, era um ovo podre. A seguir, faixas como “Juice”, “Boys” (tocada num formato mais “rock”) ou “Special” mantiveram as hostilidades bem quentes, num alinhamento bem equilibrado entre as canções de pop negra de Cuz I Love You (excelente disco) e Special (ótimo disco).

Algures pelo meio de tanto original para dançar, uns requintes extra para satisfazer o público: uma cover de “I’m Every Woman”, um snippet bem acompanhado pelo público (como era de esperar, estamos no Alive afinal) de “Yellow” dos Coldplay (“São uma das minhas bandas favoritas”, disse em cima de palco a artista de Detroit, Michigan) – a preceder a sua música “Coldplay” – e o cantar de parabéns a uma fã sortuda no público. 

Com o público na mão e o cair da noite a acontecer em Algés, Lizzo fez a festa na reta final do seu concerto. Com o ocasional solo de flauta transversal à mistura – coisa que a pop bem mais precisa! – e o twerk necessário à ocasião, “I Love You Bitch”, “Good as Hell” e “About Damn Time” – canção intemporal da pop, dizemos nós – deram por concluído um show onde se confirmou que o presente (e não só o futuro) da pop é este. Negro. Livre. Tomem notas.

— Miguel Rocha



Não é a primeira vez que o vemos ao vivo e tampouco é a primeira vez que nos desaponta. Dotado de um talento inato para a produção, Lhast ganhou notoriedade depois de ver o seu nome associado a vários artistas nacionais mas, sobretudo, a vários exitos que nunca teriam sido possíveis sem a sua mão. Ciente disso, e talvez em busca de uma notoriedade que não nos sentimos no direito de lhe negar, Lhast tem-se aventurado enquanto frontman e ficado consistentemente aquém das expectativas.

Com um espetáculo mais evoluído face à última vez que o vimos, o rapper e produtor apresenta-se agora com uma tradicional banda de hip hop que não parece mais que uma distração para servir o público, enquanto bebe água pela 10ª vez, ou dá uma trinca em qualquer coisa que tem pousada no palco, longe dos olhos do público.

O capuz e os óculos de sol, que nunca lhe saíram da cara, mostram o pouco à vontade que tem em frente a uma plateia, enquanto os murmúrios e as palavras confusas ao microfone entre canções denunciam completamente a situação, até aos mais desatentos. E mesmo durante as suas músicas, apesar de assertivo, parece estar apenas interessado em chegar ao fim.

De qualquer forma, a música fala sempre mais alto e é aí que o talento compensa. Com uma reputação invejável, Lhast conseguiu atrair ainda uma multidão bastante considerável ao terceiro palco do NOS Alive, que não o deixou ficar mal e o acompanhou em todos os momentos altos da performance, cantando os refrões de “Evil” (que na sua versão ao vivo apresenta linhas de percussão bem diferentes), “Es7ádio”, “Bossy” ou “2020”, um tema que revelou ser “muito especial” para si.. 

Para fazer a festa houve ainda a ajuda preciosa de dois convidados. As breves aparições de, primeiro, Chyna, e depois, 9 Miller trouxeram-nos versões reconhecíveis de “Render” e “jND” para deleite dos que assistiram.

Em suma, não foi uma má atuação, mas não conseguimos deixar de expressar alguma frustração perante prestações ao vivo menos conseguidas daquele que é um dos produtores mais talentosos da nossa indústria. E enquanto continuar a pisar o palco nestes moldes, será assim que o veremos – “apenas” um dos melhores produtores do país.

— João Daniel Marques



Os Arctic Monkeys já são uma espécie de relíquia dos festivais de verão portugueses. Sempre que estão em tour, já sabemos que eventualmente os lads de Sheffield vão aparecer num cartaz. Para quando um concerto a nome próprio? O último foi em 2010 malta… 

Em 2022, os Arctic Monkeys conseguiram a proeza de esgotar um dia do recém-criado MEO Kalorama; em 2023, voltaram a arrastar outra enchente ao recinto do NOS Alive. Onde quer que os Macacos vão em Portugal, há uma legião de fãs que os segue. Se nos dessem um euro por cada t-shirt da banda de inglesa que vimos no recinto nesta sexta-feira, ficaríamos ricos bastante rapidamente. 

Para os que vieram ver os Arctic Monkeys, existe sempre a dúvida: vão tocar as malhas mais roque dos primeiros álbuns ou vão tocar as cantigas mais experimentais e irreverentes dos seus dois últimos discos, o excelente Tranquility Base Hotel & Casino e o bastante decente The Car? Na realidade, a resposta nem é tanto ao mar, nem tanto à serra; nesta sexta-feira, para satisfação de muito do público, os Arctic Monkeys tocaram mais malhas de AMdisco que os elevou de indie darlings a estrelas rock à escala planetária – do que qualquer outro. Presos ao passado? Em disco, não parece. Ao vivo… mais complicado de discernir. Mas o público pouco se importou em responder a estas perguntas; Turner, pelo menos, pareceu gostar do carinho gigante com que o público português o recebeu.

Claro está, mesmo que os Arctic Monkeys toquem malhas antigas como “Brianstorm” ou “The View From The Afternoon” a uma velocidade reduzida – lembrete que os Macacos já não são assim tão jovens – ou que decidam entregar uma versão francamente atabalhoada de “505” (sem o órgão de introdução? Senhor Turner, prisão!) ou “Pretty Visitors”, o carisma de Alex Turner, Jamie Cook, Matt Helders e Nick O’Malley é aquilo que nos arrebata. Há poucas coisas mais fixes neste mundo do que ver Turner a tocar os primeiros acordes de “R U Mine?” de guitarra ao peito. De repente, parece que é 2013 outra vez. Parece tudo mais simples. Mas para os Arctic Monkeys, talvez não o seja.

Ao abrir um concerto com “Sculptures of Anything Goes”, a canção mais enigmática da discografia da banda, os Arctic Monkeys lembram que já não são os mesmos que se estrearam com Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not no longínquo ano de 2006. Estão mais velhos e com mais paciência. Já não querem só dançar o eletropop como um robô de 1984; querem tocar as cenas como lhes apetece. E na realidade, podem fazê-lo. O estatuto já o têm. Mas nota-se que a banda tem interesse em fazer mais que um simples concerto rock. Em palco, a personagem de Turner é um híbrido entre um crooner à la Nick Cave e um galã de glam rock que é um enorme fã de David Bowie. Confere-lhe um carisma extra. Aqui, o público vence; afinal, é para isso também que alguém vem ver os Arctic Monkeys.

Em canções como “Knee Socks”, “There’d Better Be A Mirrorball” ou “Body Paint” – a versão ao vivo desta malha de The Car soa fantástica –, nota-se que os Arctic Monkeys querem construir um espetáculo que, pelo menos por agora, parecem ainda não ter a estaleca para o conseguirem concretizar na sua plenitude. Esse danoninho que falta pode ser encontrado no futuro; até lá, é continuar a procurar, senhores.

— Miguel Rocha



Há poucos artistas assim, capazes de conter em si tanto a energia como as musicalidades tão diversas para completar praticamente sozinhos a programação de um festival. Da bachata ao reggaeton, sem esquecer o flamenco ou o hip hop, Yendry parece ter um total domínio sobre o ritmo e a música que usa para mexer o corpo de uma forma que nos faz lembrar a Shakira. 

De anca solta e voz divina, a dominicana apresentou-se completamente sozinha em cima do palco, acompanhada apenas pela batida que era controlada através do backstage, e não hesitou em apresentar um dos seus maiores êxitos – “Nena” – no arranque do concerto. Mesmo assim, e com mais um ou outro trunfo na manga, nunca perdeu o controlo ou a atenção do público vidrado numa artista que é, sem sombra de dúvida, o pacote completo. Até português falou.

Com uma fanbase maior do que o expectável, Yendry foi capaz de encher o palco Clubbing e de o pôr a mexer ao som dos seus temas, de maneira tal que este chegou mesmo a parecer uma competição de danças de salão, com vários pares a dançar livremente no pouco espaço que arranjavam. Com o público rendido, não tardou até que a energia contagiasse os que passavam e se juntavam para um passo de dança também.

Talvez por isso, e em jeito de presente, Yendry tenha apresentado um exclusivo em Portugal. Ainda fora das plataformas de streaming, “La Bendicion” é um tema que fala sobre o sentido de comunidade e família que a cantora revive sempre que visita a República Dominicana. 

Para além de “Nena”, “KI-KI” foi um dos temas que melhor resultou na multidão que lhe assistia, à semelhança de “Barrio” ou “Instinto”, tema que partilha com J Balvin que, naturalmente, não marcou presença neste NOS Alive.

— João Daniel Marques



Demorou muito mais do que poderíamos imaginar, mas finalmente tivemos o prazer de sermos agraciados com um concerto de Lil Nas X em Portugal. 

Não restam dúvidas que a presença de Montero Lamar Hill no game do hip hop atual não só é importante, como necessária. Para um género onde a homofobia continua bem pautada, a voz de Lil Nas é irreverente; queer, negra, despretensiosa. É uma estrela pop à escala mundial – mas conseguiria o autor de “Old Town Road” e Montero, nome do seu longa-duração de estreia, entregar um espetáculo pop à altura do que se esperava?

A resposta é um redondo “sim”. Aliás, foi melhor do que se podia esperar de um concerto feito à base de backing tracks. Entretenimento puro e divertido, mas sem perder qualquer qualidade da sua mensagem. Mesmo com um público que deveria ser maior em número e com o concerto a começar com cerca de 20 minutos de atraso, Lil Nas X não perdeu tempo em mostrar ao que vinha: era para fazer a festa, e esta festa era suposto ser de todas as cores e feitios. 

Com “Montero (Call Me By Your Name)”, acompanhado por várias estatuetas gigantes em palco e pelas suas girls, o artista natural de Lithia Springs, Georgia, rapidamente colocou a fasquia elevada para o resto do concerto. E com cada hit que cantava, as hostilidades aqueciam mais. “Dead Right Now” e “Lost In The Citadel” soaram gigantes ao vivo; “Old Town Road” foi recebido em êxtase pelo público; “That’s What I Want” e “Scoop” escutaram-se em festa; pelo meio, um medley de pop digno de uma noite slay no Trumps que foi desde uma cover de “Runaway” (sim, do Ye) a Nirvana, Megan Thee Stallion ou J Balvin e Tokischa. É o sinal dos tempos, também – pode-se e deve-se ouvir tudo, sem quaisquer barreiras erguidas. O prazer assim será maior.

No final, uma versão de forró de “Beat It” deu o remate final para o último momento do concerto: “Industry Baby”. Em festa, tudo se concretizou. Nos últimos momentos dos ecrãs ligados, surgiu a imagem de um homem negro a chorar, um lembrete que a representação importa e que a presença de artistas como Lil Nas X nestes voos é de extrema importância. 

Minutos antes, quando Lil Nas beijou um dos seus bailarinos, ouvimos ao nosso lado um comentário vindo de um homem branco a dizer que “não tinha vindo ao concerto para isto”. Outro lembrete para a violência que pessoas queer e negras – e seus corpos – continuam a sofrer quando decidem usufruir da liberdade para se exprimirem sem entraves. Como Yaya Bey dizia esta quinta-feira durante o seu concerto no palco WTF Clubbing: “O mundo é um sítio fodido, e se queremos terminar com a transfobia, a homofobia, o sexismo, o racismo… temos que ter estas conversas”. Mais do que nunca, ao que parece.

— Miguel Rocha



Nome por esta altura incontornável no panorama não só do hip hop, como da música nacional em geral, Papillon levou Jony Driver, o seu último projeto em nome próprio, ao NOS Alive e foi recebido com grandes expectativas. Ainda não estava na hora e o público já se reunia debaixo da tenda do WTF Clubbing para o receber — afinal este é o primeiro grande concerto que dá após o fim dos GROGNation no final do ano passado.

Pontual, entrou ao som de “Metamorfose Fase I” e aproveitou cada oportunidade que o beat lhe deixou para incentivar o público a saltar, à boa maneira do MC de verdade e como manda a tradição e a profissão. Ou não fizesse questão de relembrar que, “ainda sou um rapper”. “Tive sempre o rap do meu lado. Sou rapper, não se esqueçam disso”, fez questão de frisar, como se fosse preciso.

Mas nem só de um álum se faz um concerto, e apesar de Jony Driver ser dedicado ao pai João que “nunca viu um concerto” do filho, ontem à noite houve espaço para ouvir “Iminente” ou “Deepak Looper” do homónimo projeto anterior – um disco com uma sonoridade completamente diferente, que era apresentado ao vivo com arranjos de influência rock, em contraste com os do novo Jony Driver. Talvez por isso tenhamos estranhado o baixo volume da guitarra no solo característico de ”Impasse” – um problema comum no ambiente de festival.

Mas é como nos explicou o próprio Papillon: “Jony Driver é uma viagem muito bonita, em que é preciso fazer perguntas importantes”. Afinal, “nem tudo são rosas e às vezes é preciso saber quantas ‘Camadas’ tem a vida”.

Para reter fica a memória de mais um grande concerto de Papillon que não desiludiu os fãs ou o papel de embaixador do rap tuga no dia da curadoria da Bridgetown, que trouxe ainda a inesperada presença de Murta ao palco do Alive par um dos pontos altos do concerto, em que contribuiu para a interpretação de “Sweet Spot”.

— João Daniel Marques


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