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No passado dia 17 de Fevereiro, Rita Onofre estreou-se no formato de longa-duração através de hipersensível, um álbum composto por duas mãos cheias de temas reflectivos e autobiográficos.
O disco chega dois anos após Raiz, o EP de apresentação, e na ressaca de uma série de colaborações que a artista assinalou no decorrer de 2022 — ouvimo-la ao lado de AVALANCHE, YANAGUI ou E.se. Desenvolvido nos Great Dane Studios, em Paço de Arcos, a música contida em hipersensível foi produzida ao longo de dois retiros em Vilamoura, n’A Volta das Amoras, no ano passado, e teve Choro e NED FLANGER enquanto principais arquitectos sonoros. Nas palavras da autora, as dez canções contidas no projecto “foram evoluindo e expandindo” à medida que surgiam novas ideias para os arranjos e simbolizam “um exercício de honestidade no seu núcleo.”
No dia 24 de Março, Rita Onofre leva hipersensível para uma primeira apresentação ao vivo, agendada para a Galeria Zé dos Bois, em Lisboa.
[“introlúdio (tanto mundo)”]
Música e Letra Rita Onofre
Produção Rita Onofre
Mistura e Masterização Vítor Carraca Teixeira
Produzida e gravada na sala de estar da minha avó
“É um misto de intuição do futuro com a verdade do que sentia naquele momento. Um augúrio. Como se tivesse saído de um coma, de um sonambulismo. Deixei que as palavras dessem a melodia, sem intenção de as partilhar. Sem regravar vozes, sem melhorar nada.
Escrita no meio de um confinamento, com um microfone SM58, um computador e uma placa. Fugi para a casa vazia da minha avó em Lisboa, para respirar.”
[“Perdoei”]
Música e Letra Rita Onofre
Vozes Adicionais Helena Lima
Produção NED FLANGER, Choro
Guitarras NED FLANGER, Choro
Baixo, Percussão NED FLANGER, Choro
Sintetizadores Choro
Bateria Pedro Almeida
Mistura e Masterização Vítor Carraca Teixeira
Produzida e gravada nos Great Dane Studios, excepto a bateria, gravada nos Blacksheep Studios
“É sobre uma dor antiga, a ‘Perdoei’. Aquelas dores que são passadas de geração em geração em geração. Toquei-a muitas vezes ao vivo em duo e em banda antes de a levar para a fase de produção. Sempre a soar aberta e festiva. A produção foi, primeiro, só com NED FLANGER, onde se decidiu o caminho aberto e alegre que seguiu, e depois também com Choro, que ligou todos os pontos, elevou e abriu novas portas para aquilo que é agora. O sonho de poder gravar bateria real tornou-se possível e o Pedro Almeida interpretou e adicionou ao que foi composto. Num dia gravámos as baterias da ‘Perdoei’, ‘Rancôr’ e ‘Tanto Sentimento’ com o Bruno Xisto nos Blacksheep Studios.”
[“Rancor”]
Música e Letra Rita Onofre
Produção Choro, NED FLANGER
Guitarras Rita Onofre, NED FLANGER, Choro
Baixo, Percussão Choro
Bateria Pedro Almeida
Mistura e Masterização Vítor Carraca Teixeira
Produzida e gravada n’A Volta das Amoras e nos Great Dane Studios, excepto a bateria, gravada nos Blacksheep Studios
“‘Rancor’ foi composta sobre a linha de guitarra mais básica que alguma vez fiz. Gostei disso. Podia ser tocada por uma criança. Queria falar do peso que carregava, uma pessoa que já não estava na minha vida. Guardava o rancor porque era a forma de ainda a ter por perto, mesmo que me estivesse a consumir. A atitude é infantil e a guitarra é infantil — até a produção amadurecer a música. O Choro e o NED FLANGER iam criando até que bloqueamos na bateria. Às tantas eu fiz uma tentativa de beatbox para exemplificar o que imaginava e partimos para o drum & bass feliz que ficou. É irónico e eu gosto disso. Agora faz-me feliz.”
[“interlúdio (tentar)”]
Música e Letra Rita Onofre
Mistura e Masterização Vítor Carraca Teixeira
Produzida e gravada no quarto de variedades de casa da minha mãe
“Tipo farol no meio do nevoeiro. Ficou difícil de perceber, de lembrar o que estava a fazer. Apesar das insónias. Apesar do medo. Apesar da falta de vitalidade. Estou a tentar.”
[“Tanto Sentimento”]
Música e Letra Rita Onofre
Produção Choro, NED FLANGER
Guitarras NED FLANGER, Miguel Garcia, Choro
Baixo, Percussão Choro
Sintetizadores Choro
Bateria Pedro Almeida
Mistura e Masterização Vítor Carraca Teixeira
Produzida e gravada n’A Volta das Amoras e nos Great Dane Studios, excepto a bateria, gravada nos Blacksheep Studios
“A ‘Tanto Sentimento’ é sobre aquelas tempestades de pensamentos, emoções e situações e pessoas que desejávamos muito que estivessem bem longe. Que nos fazem até ser quem não queremos ser. Há que aceitar isso, aceitar o que é. Ir ao sol desenlaçar.
Esta sempre foi uma das preferidas para tocar ao vivo pela banda (NED FLANGER, Miguel Garcia aka miguele, Choro e Pedro Almeida). Havia muita coisa do arranjo que fomos desenvolvendo e tocando que sabíamos que queríamos manter na produção. Adoro especialmente a guitarra escrita e tocada pelo Miguel Garcia no segundo refrão, “recomeçar”. São tudo mini fogos de artifício. A dinâmica, o respeito pelas diferentes fases da canção, como se fôssemos andando por salas diferentes de um mesmo espaço. Nunca sonhei que fosse ficar assim, mas essa é a beleza de colaborar.”
[“És Maior”]
Música e Letra Rita Onofre
Produção Choro, NED FLANGER, Rita Onofre
Guitarras Rita Onofre, NED FLANGER
Baixo Choro
Mistura e Masterização Vítor Carraca Teixeira
Produzida e gravada n’A Volta das Amoras, excepto a guitarra de NED FLANGER gravada nos Great Dane Studios.
“É mesmo sobre potencial. Não há grande significado escondido. Esta foi das últimas a ser trabalhada. Porque sabia que não queria levá-la muito mais longe. A versão que tocamos ao vivo é diferente e eu amo-a, mas queria voltar a casa a nível de sonoridade. O Choro e o NED FLANGER ajudaram-me a fazê-la crescer, alinharam, como sempre e sem escolha, nas minhas experiências vocais. E eu achei logo que era isto. Bocejo e tudo.”
[“Passo”]
Música e Letra Rita Onofre
Produção Choro, NED FLANGER
Guitarras Rita Onofre, NED FLANGER
Sintetizadores, Baixo e Percussão Choro
Mistura e Masterização Vítor Carraca Teixeira
Produzida e gravada n’A Volta das Amoras
“Esta música foi só a primeira parte durante muito tempo. Tinha uma memória em playback e tinha que escrever sobre ela. Quando a compus, fiz a stack de vozes que diz algo como “eowe”. Parei a meio para enviar essa stack ao Luar, ao YANAGUI e à iolanda, que ficaram na hora seguinte a criar a “EOWE”, a oitava faixa do álbum Volume I da AVALANCHE.
Fast-forward uns bons meses e, em retiro, quase a fechar o álbum, acabei a música com o Choro e o NED FLANGER. Foi aquela em que tiveram mais liberdade, porque eu também não tinha certeza de nada. Fiquei tão feliz com o resultado, até com aquilo que acabei por escrever na segunda parte da música. Soa-me mesmo a cura.”
[“Maria Madalena”]
Música e Letra Rita Onofre
Produção Rita Onofre
Guitarras Rita Onofre
Mistura e Masterização Vítor Carraca Teixeira
Gravada nos Great Dane Studios
“A minha irmã engravidou. E era a minha irmã que ía ser mãe pela primeira vez. Encaixar essa informação e depois sentir a beleza do que estava para vir foi muito bonito. Escolheram o nome Maria Madalena, e eu escrevi-lhe esta música antes de ela nascer. A verdade é que se há coisa que ela traz é o mundo inteiro no olhar. É guitarra e vozes e pronto.”
[“curto prazo”] feat. miguele
Música e Letra Rita Onofre, Miguel Garcia
Produção Miguel Garcia, Rita Onofre
Guitarras Miguel Garcia
Mistura e Masterização Vítor Carraca Teixeira
Gravada nos Great Dane Studios
“A vontade de escrever e cantar com o miguele tem muitos anos. Sei que partilho esta vontade com muita gente que já o ouviu. Tinha esta música que não conseguia acabar sozinha, fiz o convite e – cliché – fiquei para lá de feliz quando ele aceitou. Pensei que ele iria escrever o segundo verso, mas acabei por ir na sua viagem e mudámos o refrão, o arranjo e a energia da música toda. Para bem melhor. Quis que ela fosse crua para o álbum. Vozes e guitarras. Para se ouvir a leveza toda.”
[“interlúdio no final (abrir)”]
Música e Letra Rita Onofre
Mistura e Masterização Vítor Carraca Teixeira
Produzida e gravada no quarto de variedades de casa da minha mãe
“São coisas que eu preciso de ouvir muitas vezes para não me esquecer. É o soltar da garganta também. Para o que aí vem.”
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