A história desta AVALANCHE começa em 2020, em plena pandemia. Certo dia, LEFT., Luar e Sara Cruz criaram, à distância, uma pequena canção – “Rest” – e questionaram quem seria o “dono” da faixa. Discussões seguiram-se e, por consequência, surgiu a AVALANCHE, um nome/colectivo de artistas que, ao longo dos últimos dois anos, se tem expandido.
Com a amizade e a experimentação à cabeça, entre vários writing camps, o trio foi-se multiplicando em muitos mais nomes, culminando na entrega do Volume 1, uma colectânea de 10 (+ 1) faixas em que o jazz, a soul e o reggaeton se conjugam num universo indie pop onde 18 artistas oferecem o seu contributo. A lista é grande, mas ajuda a entender o empreendimento levado a cabo. Além dos já referidos, temos também: Alda, Ana Cláudia, Ana Mariano, Guire, Kikomori, YANAGUI, Choro, INÊS APENAS, Inês Lucas, iolanda, Matheus Paraizo, Rita Onofre, SOLUNA, Tom Maciel e NED FLANGER.
De forma saber mais sobre o avançar desta AVALANCHE, o Rimas e Batidas sentou-se à conversa nos Great Dane Studio com duas das cabeças pensantes principais do projecto, LEFT. e Luar, e com iolanda, uma das vozes que mais vezes temos a possibilidade de escutar ao longo deste Volume 1.
Como é que nasceu o colectivo AVALANCHE?
[Luar] A ideia da AVALANCHE surgiu em 2020, no meio da pandemia. Eu e este senhor que está aqui, o LEFT., e uma pessoa que não pôde vir porque infelizmente está doente, a Sara Cruz, fizemos uma canção os três à distância-
A “Rest“?
[Luar] Ya. Estava eu em Loulé, a Sara em São Miguel e o LEFT. em Lisboa e juntámo-nos para criar uma música. A certa altura, no processo de termos o vídeo pronto e master fechado, ficámos ali na dúvida de quem era o dono da canção e, então, então surgiu assim a conversa, esta ideia de criar um espaço, uma plataforma, em que potenciássemos este tipo de colaborações e lançássemos não só esta, como outras no futuro. Se bem que no início a ideia era um bocado diferente e foi-se adaptando através da nossa colaboração interna para o que a AVALANCHE é hoje.
Era isso que ia perguntar a seguir. Desde que saiu a “Rest”, em 2020, como é que evoluiu o projecto desde desse primeiro momento até sair este VOLUME I?
[LEFT.] Diria que o principal ponto que mudou o projecto – mas não diria bem mudar o projecto – foi quando começámos a fazer os writing camps aqui neste estúdio, na Great Dane. Foi quando tudo começou a ganhar forma, no fundo, porque percebemos que era exequível estar a juntar este número de artistas num espaço e fazer músicas num dia. Era algo que funcionava e, na verdade, era uma coisa que não tinha sido vista, até ver, aqui em Portugal. Portanto, percebemos que o nosso prato forte são os writing camps.
[Luar] Depois havia toda uma energia especial nesses dias, em que acho que a gente tem assim um boost de energia para continuar.
[iolanda] É uma energia muito fixe. É meio preocupante no início, porque estamos sempre à espera de perceber se vamos fazer alguma coisa de jeito, e eu pelo menos vim com esse [sentimento]. Estava confiante de que ia sair alguma coisa, fosse bom ou mau. Mas depois, com o decorrer do dia, vamos aprendendo a ajudar-nos, vamos escrevendo coisas juntos, e depois a coisa nasce. E acho que foi sempre uma energia muito gratificante e muito bonita no geral, não houve nada que fosse mau dentro dos dias. Eu estive em dois dias, se não me engano, e tanto num como noutro foi sempre incrível poder criar com a malta. Não houve nunca aquele… Acho que era uma coisa que, no início, pelo menos quando eu comecei a escrever coisas, havia aquela competição que não é muito saudável. Aqui havia, mas era aquela coisa de termos que terminar a música, termos que tentar acabar a música. Não interesse se é boa ou se é má, acabar era o propósito.
[Luar] Vocês ainda fizeram grande banger que não entrou no álbum.
[iolanda] Pois foi, mas é questionável o quão banger essa música é — muito questionável. Eu acho que é banger, mas não sei.
[Luar] Acho que é banger.
[LEFT.] Esta música que eles estão a falar é um bom exemplo, foi um-
Como é que se chama?
[LEFT.] “Ácido no Chão”. [Risos]
[iolanda] Mas olha que era giro fazer um álbum de coisas que não saíram. Assim como a [Bárbara] Tinoco fez um com canções que não saíram, acho que era giro, porque é tipo meio experiência de laboratório. Acho que era engraçado, mas isso deixo ao critério do sr. António [LEFT.].
[LEFT.] Eu ia pegar neste exemplo [da “Ácido no Chão”] porque, de facto, o álbum representa o que foi feito, mas há muita coisa que não está lá e que não dá muito bem para mostrar o que é que foi todo o clima de experimentação que nós encorajamos aqui. Foi do estilo “divirtam-se”, não foi vamos fazer malhas para ganhar milhões de euros.
[Luar] Têm três horas, façam o que vos apetecer.
[iolanda] Até porque muitas vezes nem estávamos a pensar em… Pensávamos em verso, refrão, na estrutura da canção, mas era muito livre, pelo menos nas minhas sessões. Acredito que nas sessões da outra malta foi também sempre muito livre. Bora só fazer por fazer, acho que esse foi o objectivo principal.
Isto que vocês estão a descrever parece que deixaram a malta à solta aqui no estúdio para ver o que saía.
[LEFT.] Exacto.
[Luar] Depois juntámos, digamos, o núcleo da AVALANCHE e ouvimos as músicas todas que fizemos.
Quantas eram?
[LEFT.] Boa pergunta.
[iolanda] Trinta e tal?
[Luar] Acho que mais.
[iolanda] Mais? Lembram-se que da primeira vez fizemos aquela coisinha com os papéis?
[Luar] A gente fez várias vezes.
[iolanda] Pelo menos no meu primeiro dia, houve… era num potezinho que juntávamos [os papéis]. Em cada dia, um artista escrevia [num papel] um artista para o qual gostava ou que quisesses escrever para, e depois tirávamos duas ao calhas e tínhamos de fazer uma fusão de, sei lá, Lily Allen com Kendrick Lamar. Uma cena assim. E houve algumas assim, só que depois começamos a desviar e já ninguém estava a fazer nada daquilo.
[LEFT.] Era um ponto de partida. Era: “Imaginem que têm que fazer um feature para estes dois artistas.”
[Luar] Desbloqueia cenas.
[LEFT.] Ya, é um bom ponto de partida.
[iolanda] Mas olha que por acaso achei giro. Já não me lembro do que é que me calhou, mas lembro-me que nos desviámos completamente.
[LEFT.] Quantos writing camps fizemos?
[Luar] Fizemos quatro.
[LEFT.] Quatro, portanto, são há volta de seis ideias por dia… 4 x 6, 24. Mas foram mais.
[Luar] Foram mais, aposto que são para aí 40 e tal.
[iolanda] E tinhas de manhã e à noite.
[Luar] Ya.
[iolanda] Portanto, são para aí cinquenta canções, se calhar.
E ficaram 10 + 1 no final. Como é que funcionou o processo de curadoria?
[iolanda] Olha, isso eu já não sei! [Risos]
[LEFT.] Esse processo foi uma mistura da nossa curadoria interna com a vontade dos artistas. Sentámo-nos todos ao sofá e foi um processo interessante ouvir as músicas e dizer, “ah, esta merece entrar”, outras que achámos “ok, isto foi mais uma experimentação, não é tanto material para publicar”. Depois houve músicas que nós gostámos que os artistas envolvidos disseram que não fazia muito sentido lançar.
[Luar] E ouve músicas também que acabaram a ser lançadas como singles de artistas. Não fizeram parte da colectânea, mas fizeram parte da discografia da malta que esteve aqui a trabalhar.
[LEFT.] Deixamos sempre esse ponto assente. Se fizessem músicas aqui que gostassem bué, podiam levar para os próprios projectos, não íamos ser nós a fazer gatekeep, a dizer que aquilo era AVALANCHE. Não, aquilo era deles. E essa, para mim, é uma coisa que raramente falamos, mas que é uma coisa que me orgulho imenso. É a quantidade de pessoas que juntámos. Neste momento, o Choro está ali a produzir o álbum da Inês Lucas, que conheceu em contexto de writing camp.
[Luar] Eu e a iolanda, no dia desse writing camp, combinamos uma sessão que foi uma sessão em que fizemos a “Cura“.
[iolanda] Pois foi, é verdade.
Quando isto começou, com a “Rest”, era só o LEFT., o Luar e a Sara, mas este Volume I tem 18 artistas. Como é que aconteceu trazer mais malta para o universo da AVALANCHE?
[Luar] Acho que fomos só convidando malta de quem erámos fãs.
[LEFT.] Amigos também.
[Luar] Amigos também e gente que a gente gostava do trabalho e que íamos recomendando e mostrando uns aos outros. “Pá, esta pessoa é incrível, bora convidá-la para um writing camp.”
[LEFT.] Também fizemos, a determinada altura, um wildcard… como é que chamámos aquilo?
[Luar] Um wildcard? Uma open call! Para qualquer pessoa que seguisse a página pudesse enviar uma demo. A gente esteve a ouvir, ainda recebemos algumas.
[LEFT.] Recebemos bastantes, bem mais do que estávamos à espera, assim umas dezenas de submissões.
[Luar] E estivemos a ouvir e acabámos por convidar a Alda, que está no álbum, e a Momma T, que fez umas sessões também. Acho que foram essas duas pessoas. E também, pronto, no futuro é uma cena que a gente quer, abrir o jogo a malta que a gente não conheça directamente para poder enviar coisas e acabar por aparecer num writing camp.
Como é que acabou por funcionar a divisão dos grupos dentro do writing camp?
[LEFT.] Foi caótico [risos]. Foi do género, estas pessoas vão funcionar bem, mas aquilo era tipo um jogo de xadrez. Metes estas quatro, mas isso significa que estas quatro vão ficar nesta sala e se calhar estas duas pessoas não fazem sentido porque já trabalham há muito tempo juntas e então vamos tentar pôr estas em cima. Lembro-me que uma história interessante é a do “Corpo ao Mar“. Nós estávamos a organizar as pessoas para as sessões e estávamos assim, bué ansiosos, e fiquei eu e a Rita [Onofre] de fora. Até me lembro que a Rita ficou “pronto, olha agora ficamos nós de fora”. E eu, “Não, vamos fazer uma música juntos, porque é que estás zangada com isso?” [risos]. E fomos ali para a sala das arrumações, que não tem condições quase nenhumas, com um microfone, e saiu um bangerzinho. É um bom exemplo do caos.
[iolanda] É a primeira música do álbum, não?
A primeira é a “Medo“.
[iolanda] Pois, exactamente.
[LEFT.] Foi caótico, mas bom caótico. Na verdade, só tenho boas memórias dos writing camps e é uma coisa que eu quero bué voltar ASAP [as soon as possible]. É uma energia tão fixe e contagiante.
[iolanda] Eu lembro-me que estava neste estúdio e depois tu vieste a correr e disseste “não, não, olha, tu vais para ali”, e de repente, já não sei com quem é que eu estava aqui… estava contigo, depois já estava com o Matheus Paraizo e com o Choro.
[Luar] E depois fizeram a “Assim“.
A “Assim” é banger.
[iolanda] É um bom banger. Banger de sunset, Margarita suave. [Risos]
Apesar da compilação ter faixas que viajam pelo jazz, pela soul, pelo reggaeton e pela pop, existe, para mim, uma clara linha estética que percorre todo o trabalho. De que forma decorreu o processo de conjugar todas as coisas que foram criadas para um universo sonoro que se acabasse por complementar?
[Luar] Acho que isso não aconteceu. Ou seja, ninguém fez uma produção-executiva do álbum. Cada produtor pegou na música à maneira que achava melhor e depois saiu assim. Mas eu sei o que estás a dizer, ya.
[LEFT.] Tu dizeres isso é um elogio, é muito fixe.
[Luar] Mas acho que isso… Se calhar partilhamos gostos e referências parecidas uns com os outros.
[LEFT.] E somos todos bué bons. [Risos]
[Luar] Somos todos incríveis [risos].
[iolanda] Também não é uma forma de escrever muito parecida à pop que se faz hoje em dia, ou que se tem feito até agora.
Em Portugal?
[iolanda] Sim. Acho que é uma pop diferente, com mais palavras, com outro tipo de escrita, diria eu. E acho que mistura muito, por exemplo, o pop comercial com o indie, diria eu. E essa convergência faz com que… havia muita gente do pop, mas também havia muita gente do indie. A linha é muito fina, não é? Mas acho que faz toda a diferença. Diria eu, não sei.
[Luar] Acho que dizes bem.
[iolanda] E ouvimos muito as mesmas coisas, incluindo coisas uns dos outros [risos]. Eu acho que ouço muita pouca coisa nova a não ser coisas dos amigos, o que se calhar é um bocadinho tóxico — fique aqui registado! [Risos]
[Luar] Zero tóxico!
Não estava a falar de alguém ter produzido-executivamente a cena, mas acho que existe mesmo uma ligação entre as músicas. Acho que uma boa forma de resumir o projecto é o seguinte: são 10 canções pop que invocam amizade. E é essa química entre os artistas ajudou a criar essa estética para todas as faixas.
[Luar] Olha: falou.
[LEFT.] Mas acho bué interessante o que disseste, e isto é já uma afirmação assim meio espiritual, mas eu acredito bué que a energia dos encontros era tal, e o pessoal a entrar nas salas e a sair das salas, ir mandando ideias-
[Luar] No pós-writing camp, a gente escolheu as 10 músicas e depois convid´smos os artistas a voltarem ao estúdio para acabarem os segundos versos, de estruturar a canção, e esses dias também foram bué fixes. Estávamos só aqui todos numa sala, a acabar uma música, outros noutra, entrav´smos e saíamos, fazíamos coisas. Lembro-me que tu [LEFT.] pediste-me para gritar na “Corpo ao Mar”. Não sei se lá está, mas gosto de acreditar que sim [risos].
[LEFT.] De certeza que está. E o Tom Maciel–
[Luar] Sim, o Tom Maciel, que fez um solozinho de synth na “Para Trás“. Ele estava aqui, ouviu, gostou, e disse, “olha, faz aí uma cena”. Essas dinâmicas, cá está, se não tivéssemos o espaço, não seriam possíveis.
[LEFT.] Um grande obrigado à Great Dane, shout-out.
O próprio lugar acaba por ajudar na dinamização da cena. É muito acolhedor.
[LEFT.] É verdade, é verdade.
Tenho uma curiosidade sobre o formato do projecto. Num universo em que o álbum perde preponderância face a EPs e a singles, como é que existe ainda espaço para uma colectânea como esta? Há bocado também estavas a falar disto ser algo novo no universo português…
[LEFT.] Digo nova o processo em que foi feito. Ou seja, dos processos colectivos que eu conheço, é mais um grupo de amigos ou um grupo de artistas que privam e se juntam – mas isso é o nosso caso, espera aí [risos]!
[Luar] Há amizades que aconteceram por causa disto.
[LEFT.] Sim, exacto. Houve pessoas que vieram que nós não conhecíamos. Por exemplo, a Alda.
[Luar] A Alda é um exemplo perfeito. Ela mandou uma mensagem no Instagram e nós adorámos o que ela fez, convidámos e agora é buddy.
[LEFT.] Exactamente. Esse é o aspecto de ser novo, e como é que o álbum acontece? O álbum na verdade foi nós estarmos cismados em lançar um álbum desde do princípio. Se era necessário? Na verdade, em termos de marketing, eu diria que o lançamento dos singles é sempre mais inteligente e foi o que resultou melhor. Mesmo em termos de airplay, mais barulho, sei lá. Lançámos agora o álbum – fixe. Fizemos a festa, o pessoal está a falar, mas acho que há várias músicas ali que não vão ter a mesma atenção [que outras]. Pá, mas é um statement. Se calhar, estás-nos aqui a entrevistar porque lançámos um álbum, estás a ver? E não porque lançamos singles.
[Luar] Também acho que uma coisa que diferencia bastante o projecto é o facto de isto não estar fechado a estas 18 pessoas. O Volume 2 eventualmente poderá ter outras pessoas diferentes. Pode ter pessoas que também estão neste, mas a cena pode fluir e continuar a trazer pessoas novas e repetir as mesmas, se for preciso.
Obrigada por responderes à minha próxima pergunta. Ia perguntar se havia planos para um segundo volume, mas já vi que sim.
[Luar] Ya.
Com o mesmo esquema de writing camps?
[Luar] Acho que sim.
[LEFT.] Eventualmente queremos também estrear retiros, que é uma coisa que nós desde sempre falamos.
Residências artísticas?
[LEFT.] Exactamente. E acho que também vai ser bastante interessante ver o que sai daí.
[iolanda] Até para trabalhar com pessoas dos próprios sítios. Acho que é fixe.
Localmente?
[iolanda] Sim, exactamente. Porque há bué gente que, em outras cidades, não tem como fazer estas coisas. Eu, se não estivesse aqui [em Lisboa], não faria na minha [cidade]. Se calhar organizaria eu, mas é isso, não há forma de tu fazeres algo assim. A primeira vez que fui a um writing camp foi em Lisboa.
[LEFT.] Estamos numa fase em que podemos ir para muitos sítios, e o potencial é entusiasmante, mas também é importante perceber, não é?
[Luar] Parar um bocado, pensar.
[LEFT.] Como é que vai ser este Volume 2? Aprendemos muita coisa, cometemos alguns erros-
[Luar] Muitas dinâmicas para lidar com.
[LEFT.] Estivemos a lidar com muita gente e temos que nos proteger também, de certa forma, de algumas situações. Isto foi tudo muito bonito mas deu-nos algumas dores de cabeça, não é? Mas entusiasmante, exciting times.
[iolanda] É fixe porque uma cena positiva nunca vem só por si, não é? Neste caso, são 18, mas antes de serem 18, eram muitas mais, não é? Muitas mais carreiras, pessoas, e cada pessoa é um projecto, na verdade, porque todos nós somos artistas ou instrumentistas ou songwriters, o que seja. Portanto, é sempre difícil de lidar com isto tudo. Falo eu enquanto artista que foi convidada para estar aqui. Obviamente que são sempre coisas a lidar, mas eu como sou boazinha eles deixaram-me estar aqui. [Risos]
[Luar] Ela não causa problemas!
Essas dinâmicas são normais quando há tanta gente a colaborar ao mesmo tempo.
[iolanda] Sim. É a imagem de cada um, são as músicas [de cada um]. Depois há quem queira, há quem não queira.
[LEFT.] Há as equipas dos artistas. Há pessoal que tem management, há pessoas que tem labels, e tudo isso é um processo de comunicação.
[iolanda] É sempre difícil gerir.
[LEFT.] E quanto “maiores” os artistas… há muita coisa a considerar sempre. Mas acho que o mais importante é manter este espírito de experimentação. Eu não quero vir para o estúdio a pensar fazer cenas formulaicas.
[iolanda] Esse é o mote principal.
Acho que isso é uma boa forma de pensar para evitar estagnação para um projecto que vive da dinâmica, tanto da conexão que se cria entre os artistas, como do espaço de colaboração.
[Luar] Sim.
Ainda no que vem a seguir… Vocês fizeram uma festa de lançamento no Tokyo Lisboa, onde deram um sneak peek de algumas das músicas ao vivo. Algum plano para apresentar o Volume 1 de forma integral ao vivo?
[Luar] Estamos em conversas [risos], a tentar arranjar alguma venue que queira lidar com esta gente toda. Mas sim, depois há de haver novidades por aí. Ainda é uma logística também preparar isso. Mas estou bastante excited para imaginar, perceber, como é que funcionaria e, eventualmente, acho que vai acontecer. Vamos trabalhar para isso.
Se tivessem de escolher uma música do álbum que tivesse de representar melhor o projecto, qual é que seria?
[Luar] Eu acho que a “Medo” é um hino.
[LEFT.] Foi inclusivamente a razão porque a pusemos como a primeira música do álbum. Teve não só a ver com estar muita gente incluída, a cantar o refrão, e portanto, representa a comunidade, como também a mensagem em si acabou por ser poética no sentido em que fala sobre encarar o medo de fazer coisas que, à partida, não fazem sentido porque são um passo em falso. E foi o que toda a gente fez quando entrou nesta jornada. Ninguém sabia o que era a AVALANCHE. Portanto, toda a gente arriscou, não é? Mas fez-se à estrada e cá estamos.