Em 2018, publicámos um guia assinado por Diogo Pereira que mapeava as edições em vinil feitas ao longo da história do hip hop em Portugal até então. Cinco anos depois, propusemo-nos a continuar essa missão e chegámos a uma conclusão reveladora: se entre 1995 e 2018 contabilizámos 39 edições; entre 2018 e 2023, num período muito mais curto, registámos 55 edições.
Também graças a essa aceleração nas edições em vinil no rap português, desta vez encurtámos a distância temporal para um novo volume deste guia e decidimos fazê-lo logo no primeiro trimestre de 2025. Ao todo, contabilizámos uma dúzia de edições em vinil em menos de dois anos, editadas desde meados de 2023 até ao presente.
Seja para coleccionadores, DJs, investigadores ou meros curiosos, aqui fica o terceiro volume do guia que documenta o vinil no hip hop tuga.
[Keso] KSX2016 (Circus Network, 2023)
Em 2023, a Circus Network reeditou pela primeira vez em vinil o emblemático álbum de Keso de 2016, KSX2016. Mais: fê-lo com duas edições distintas. Existe a versão normal, com vinil preto; e uma bastante limitada de vinil splatter, que trazia ainda uma peça em cerâmica que retratava uma MPC, tal como na capa do icónico disco. A edição inclui uma faixa bónus, “O Medo”.
[Vários Artistas] In God’s Hands Vol. I (Godsize Records, 2023)
A Godsize Records, editora de Sensei D. e Mura, lançou em 2023 uma compilação em vinil que inclui uma selecção de temas editados nos cinco primeiros trabalhos da label. Com edição limitada a 100 unidades, integra faixas com contributos de Mura; Francis Pierre (Gab One e DJ Núcleo); DopeFinest (Jack Crack e Dwó); Baskiat e Sensei D.; Yur1; J-Cap; DJ Kronic; Vácuo; João Pestana; Pibxis, Rub; Cabril; DarkSunn; Ducer; Madkutz; Wugori e Oprópio.
[Maria] Isto Nem é Uma Beattape Vol. 02 (Monster Jinx, 2023)
A Monster Jinx, colectivo artístico e editora independente muito dedicada à cultura do beat, tem sido uma das maiores fornecedoras de vinil no mercado do hip hop português. Em 2023, Maria juntou mais um à discografia da label, ao editar em vinil Isto Nem é Uma Beattape Vol. 02, o seu primeiro longa-duração. É uma viagem instrumental entre o hip hop e a electrónica que reflecte diferentes estados de espírito.
[Slow J] Box com The Art of Slowing Down, You Are Forgiven e Afro Fado (Sente Isto, 2024)
You Are Forgiven, o segundo álbum de Slow J, já estava disponível em vinil aquando do guia publicado no Rimas e Batidas em 2023. Entretanto, o músico lançou uma box com as edições em vinil dos seus três discos de longa-duração. Também é possível comprar à parte, individualmente, a edição em vinil de Afro Fado. Por curiosidade, todos têm cores distintas: o de Afro Fado é branco, o vinil de You Are Forgiven é azul e o de The Art of Slowing Down é preto.
[Puro L] O Último Mortal (edição de autor, 2024)
Foi no final de 2024 que, para assinalar os 10 anos do seu primeiro álbum (celebrados em 2025), Puro L editou pela primeira vez em vinil O Último Mortal. Num vinil amarelo e laranja com transparência, inclui uma reflexão pessoal do artista acerca de cada uma das músicas.
[LON3R JOHNY x Plutonio] ANTI$$OCIAL (Sony, 2024)
O EP surpresa que juntou LON3R JOHNY e Plutonio em 2023 foi editado em vinil no ano seguinte. Trata-se de uma edição de 12 polegadas onde cabem as cinco faixas originais do projecto: a homónima “ANTI$$OCIAL”, “Ao Teu Lado”, “Não os Vejo”, “Diamante” e “Uh La La La”. Este é um disco com uma estética e sonoridade espacial, futurista e dançável, sobretudo produzido por Progvid.
[General D] Pé na Tchôn, Karapinha na Céu (Phonograma, 2024)
Para celebrar os 50 anos do 25 de Abril, e com curadoria do radialista Henrique Amaro, a FNAC decidiu editar pela primeira vez em vinil uma série de álbuns emblemáticos da música portuguesa que, por uma razão ou outra, nunca tinham chegado ao grande formato. Foi o que aconteceu com o primeiro álbum de General D, Pé na Tchôn, Karapinha na Céu, originalmente editado em CD em 1995 e que, através da iniciativa Sempre!, ganhou uma versão em vinil.
[Capicua] Capicua (Phonograma, 2024)
Foi exactamente o mesmo que aconteceu com o primeiro álbum de Capicua, o disco homónimo de 2012 que inclui faixas como “Medo do Medo”, “Maria Capaz” ou “Casa no Campo”. Através desta iniciativa da FNAC, mereceu uma reedição em vinil. Arriscamo-nos a dizer que é, por enquanto, o único disco de uma mulher rapper neste formato em Portugal (sendo que já havia em vinil o álbum de Língua Franca, projecto luso-brasileiro da qual Capicua também fez parte).
[Sam The Kid] Pratica(mente) (TV Chelas, 2024)
Um dos maiores clássicos de sempre do rap nacional chegou ao vinil em 2024. Falamos de Pratica(mente), uma referência incontornável do hip hop português, prestes a completar duas décadas de vida e, por enquanto, o último disco de rimas lançado por Sam The Kid. O rapper e produtor já tinha feito uma reedição recente em CD, desta vez quis fazer uma em vinil.
[Alcool Club] Club 120 (Artesanacto, 2024)
10 anos após o lançamento original, os Alcool Club decidiram estrear-se no vinil com uma edição remasterizada de Club 120, o primeiro disco oficial enquanto grupo, depois de muitas faixas dispersas que pertenciam a mixtapes nunca concretizadas em definitivo. Este disco foi feito sobretudo por Praso, Montana e Harte.
[DarkSunn] Old Man Dark (Monster Jinx, 2024)
Um álbum instrumental que tanto soa clássico como actualizado, uma banda sonora para um ancião do hip hop, de barba farta e experiências acumuladas. DarkSunn fez um disco sobre a arte de envelhecer na música, que, como tem sido habitual na sua obra e na da editora independente Monster Jinx, mereceu um lançamento em vinil.
[Stereossauro] +351 (edição de autor, 2024)
O disco que era para ter sido feito antes de Bairro da Ponte (2019) era este +351, um álbum instrumental em que Stereossauro mergulha a fundo no universo da guitarra portuguesa, cruzando samples de cordas com as suas produções hip hop repletas de texturas electrónicas, trazendo, além disso, para cima da mesa, gravações originais feitas de propósito para o disco, da autoria de gente como António Chainho, Tó Trips ou Pedro Jóia, além dos seus colaboradores habituais Ricardo Gordo e DJ Ride, entre outros. Trata-se de um vinil colorido que teve uma edição de 300 cópias.