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Fotografia: Miguel Pereira/Global Imagens
Publicado a: 25/10/2023

Débora Umbelino continua a apresentar alla, o álbum editado em 2022.

Surma antecipa performances especiais: “’Proximidade’ é a palavra-chave para estes concertos”

Fotografia: Miguel Pereira/Global Imagens
Publicado a: 25/10/2023

Surma prepara-se para fazer três performances especiais de concerto:instalação nos próximos dias. O projecto de Débora Umbelino, que aqui estará acompanhada de João Hasselberg no contrabaixo e de Pedro Melo Alves na bateria, vai passar pelo Lounge, em Lisboa, na quinta-feira, 26 de Outubro; no Maus Hábitos, no Porto, a 27 de Outubro; e no Salão Brazil, em Coimbra, no dia 28.

Com uma disposição diferente no espaço, estas actuações prometem uma maior proximidade com o público e a melhor pista que Surma deixou para todos aqueles que estão curiosos com estes espectáculos especiais é uma sessão gravada em estúdio pela Casota Collective, e divulgada nos últimos dias.

O segundo álbum de Surma, alla (que mereceu um ponto-de-vista do nosso colaborador Miguel Rocha, tendo a autora também dissecado a própria obra por cá num faixa-a-faixa) mantém-se como o mote para estas performances, mas Débora Umbelino já prepara o terceiro disco. O Rimas e Batidas colocou algumas perguntas à artista sobre estas datas distintas que poderão não ser as únicas.



Como é que surgiu a ideia para fazeres este concerto:instalação, que serão performances especiais?

Eu já tinha uma ideia muito específica para este álbum. E já queria fazer uma instalação com este álbum há imenso tempo. Aliás, fiz uma exposição sobre o álbum no início do ano, em que tive várias salas com diversos ambientes sobre o álbum… Traz coisas muito sensoriais que já queria explorar há muito. Por exemplo, a Marina Abramović e a Pina Bausch foram das minhas grandes influências… E sempre quis fiz coisas mais instalativas dentro do mundo de Surma, queria trazer algo mais do que um concerto. E fez todo o sentido acontecer neste álbum, até porque toco com o Pedro Melo Alves e o João Hasselberg, que estão habituados a um mundo mais jazzístico e gosto de desafiar a malta a entrar em coisas comigo. Falei com eles: o que acham de fazermos um concerto mais performativo, mais instalação? Disseram logo que sim. E acho que faz todo o sentido acontecer neste álbum. Sempre quis ter um álbum mais de sensação, mais humano… Levar as pessoas comigo numa viagem.

Por o disco te remeter muito para isso?

Sim, é um álbum mais pessoal e mostrou um lado meu um bocadinho mais vulnerável, não estava muito habituada a isso… Acho que faz muito sentido trazê-lo ao vivo e, quando houve a oportunidade de fazer estes três concertos, pensei logo: vai ter de ser agora. Foi muito em cima do joelho, não vou conseguir fazer aquilo que inicialmente queria, mas vai ser uma coisa diferente, sim.

Obviamente não queres desvendar muito, mas na prática o que é que as pessoas podem esperar deste concerto:instalação?

A melhor maneira de as pessoas estarem à espera de alguma coisa é verem o live que saiu em trio há uns dias. Vai ser mais ou menos na mesma onda, com muito calor humano, e acho que “proximidade” é a palavra-chave para estes concertos. Acho que vão ser concertos muito próximos das pessoas, a nível físico e mental. Espero que assim seja.

Enquanto artista e performer, sentes que muitas vezes falta essa proximidade entre quem está no palco e quem está a ver?

Acho que é o gosto pessoal de cada artista, daquilo que queres pôr de ti no palco, o que é que queres fazer em termos estéticos… Eu, por exemplo, não tenho uma proximidade muito falada com o público, antes pelo contrário é muito raro eu falar nos concertos [risos]. Mas com a música e esta proximidade humana que quero ter nestes concertos é um bocadinho aquilo que já sentia falta. Mas acho que depende de cada artista… Sei lá, o Nick Cave tem muito esses momentos ao vivo, vai muito ter com as pessoas… Acho que depende muito do artista e daquilo que queres dar às pessoas. Há concertos que não foram feitos para proporcionar essa proximidade e há concertos que foram feitos para terem esse storytelling.

E antevês que possam existir mais datas destes concertos:instalação? Ou estás a perspectivar apenas estas três actuações?

Eu espero que haja [risos]. Por agora são estes três dentro deste conceito, mas gostava muito que pudesse haver mais. E com mais tempo para serem pensados, com as ideias iniciais que eu tinha em mente! Gostava muito. Talvez possa haver um take 2, diferente deste mas dentro do mesmo conceito, sem dúvida.

Estes concertos serão especiais mas tu já tens apresentado o álbum ao vivo noutras datas. Como tem sido para ti tocar este disco, em que, como disseste, mostraste mais as tuas vulnerabilidades e é um álbum mais pessoal?

Tem sido uma grande ginástica. Tocar a solo é uma daquelas ginásticas mesmo… Uau. Não sei como é que fiz isto em estúdio, mas é um bocadinho complicado tocá-lo ao vivo. Mas tem sido inacreditável. Claro que em trio há uma energia completamente diferente do formato a solo porque tens uma bateria, um contrabaixo e mais dinâmicas a acontecer e já traz uma outra vida ao álbum ao vivo. Mas tem sido inacreditável explorar um som mais orgânico. O Antwerpen era muito mais banda sonora, mais electrónico, e este tem muito mais guitarras, mais pequenos sons ao vivo. Tem sido uma experiência inacreditável e tocar ao vivo, para mim, é sempre das melhores coisas que posso ter na vida. É sempre um prazer daqueles enormes dar a conhecer o meu trabalho às pessoas. É mesmo importante para mim.

E acredito que tocar com esta proximidade, nestas datas especiais, tenha um significado maior depois dos anos da pandemia. 

Sim, sem dúvida. Este álbum mudou todo quando entrámos em pandemia, naqueles primeiros três meses em que estivemos fechados em casa. O álbum já estava muito pensado, mas mudou a estética, a sonoridade, mudou tudo. E fez todo o sentido para mim. Mudou muitas perspectivas que tinha na cabeça. Este álbum foi esse bebé que veio desses três meses fechada em casa. Explorei muita coisa que se calhar nunca teria tido tempo para explorar se não fosse a COVID-19.

Que planos é que podes adiantar para 2024? Estás a preparar novos passos ou queres simplesmente continuar a tocar este álbum?

Bem, eu já tenho ideias para o terceiro álbum. Aliás, a estética do terceiro álbum já está completamente fechada. Vai mudar, de certeza, estou mesmo a ver que vai mudar em cima do joelho [risos]…

Esperemos que por outro motivo, menos catastrófico.

Exacto [risos], mas já tenho três demos pensadas, vai ser totalmente diferente do primeiro e do segundo disco. Não vou levantar agora o véu, mas já estão aí umas ideias fora-da-caixa e está pensada uma tour internacional do alla. Eu queria muito rodar este álbum lá fora, talvez em Março faça uma pequena tour internacional. E talvez em Abril saiam coisas novas!


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