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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 28/07/2023

Jornada Musical da Juventude.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de Travis Scott, Lord XIV & DJ Dadda, JÜRA, Aphex Twin ou Jessy Lanza

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 28/07/2023

Já alguma vez se sentiram indevidamente cobrados por algo que nunca pediram na vida? É mais ou menos esse o feeling que paira neste momento na cabeça de uma larga fatia do povo português, que tem reclamado consecutivamente por melhores condições de vida, de saúde e ensino público, mas que vê o seu dinheiro ser gasto num evento religioso de dimensões arrojadas. “Habemus Pasta”, brincou o artista plástico Bordalo II num post para o Instagram onde deu a conhecer a sua mais recente e protestante obra Walk of Shame.

Para os que estão nem aí com a vinda do Papa ao nosso país e só querem alhear-se o máximo possível do frenesim que está prestes a invadir Lisboa, encontram por aqui a Jornada Musical da Juventude que vos dará acesso a um invejável número de novos discos, pretexto perfeito para não sair de casa ao longo da próxima semana. E se os 13 trabalhos aqui destacados não forem suficientes para vos manter ocupados, a peregrinação sonora pode prosseguir à boleia das velinhas também acendidas hoje por Nite Bjuti (Nite Bjuti), Verbz, Nelson Dialect & Mr Slipz (Sight Beyond Sight), Germ & Shakewell (KEVLAR MONEY BAGS), Madeline Kenney (A New Reality Mind), Anne-Marie (UNHEALTHY), The Budos Band (Frontier’s Edge), Georgia (Euphoric), Carly Rae Jepsen (The Loveliest Time), Tech N9ne (BLISS), Post Malone (AUSTIN), Bulletproof Soul (Grasping Things at the Root), The Clientele (I Am Not There Anymore), Beverly Glenn-Copeland (The Ones Ahead) e BIA (REALLY HER).


[Travis Scott] UTOPIA

Não sabemos qual é o grau de admiração por Travis Scott desse lado, mas certo é que, para quem esse nível rebenta a escala, a chegada de UTOPIA toma proporções surreais no seio da sua apaixonada legião de fãs. Não podia, por isso, o rapper de Houston, Texas, defraudar as elevadíssimas expectativas de quem está desde 2019 à espera do sucessor de JACKBOYS. Nesse aspecto, o autor de ASTROWORLD deu tanto quanto se podia pedir — um autêntico longa-duração de 19 faixas que ultrapassa a hora de extensão, no qual Jacques se apresenta sozinho (apesar de muito bem acompanhado) do princípio ao fim, tanto a fazer o que de melhor sabe como a aventurar-se por registos inéditos na sua discografia. Sempre na vanguarda da órbita que tem desenhado nos últimos anos.


[Lord XIV & DJ Dadda] Folie à Deux

A caminhada de Lord XIV tem-se divido entre Portugal, França e Inglaterra (paragens essas que se reflectem, aliás, nos idiomas inscritos na sua música), mas o artista dos quadros da Bridgetown tem deixado a sua marca essencialmente por cá e já de há uns anos para cá. Folie à Deux parte, por isso, desses avanços isolados — como são os casos de “Bipolar”, “TDS”, “Diana”, “Lolita” e “Zidane” — para compor um trabalho maior ao lado de DJ Dadda.


[JÜRA] rés.tu

rés.tu chega-nos à imagem da sua criadora: JÜRA entrou em cena sem pedir licença de porte de voz e rapidamente conquistou o seu espaço com essa sua arma de peso. Depois de se estrear então com uma apresentação oficial em jüradamor, a cantautora que se apropria da palavra com uma grafia muito própria voltou a aparecer de surpresa com um novo trabalho, composto por cinco faixas perdidas no tempo, para ouvir em boa hora.


[Aphex Twin] Black Box Life Recorder 21f / in a Room7 F760

Nem precisa pedir licença. Estamos sempre de braços abertos para receber qualquer novidade que seja por parte de Aphex Twin. A cerca de um mês de se apresentar no MEO Kalorama, Richard D. James acaba de nos dar ainda mais motivos para o vermos ao vivo este Verão em Lisboa, consensualmente uma das datas mais aguardadas para os amantes do clubbing menos convencional em Portugal. Selado pela Warp Records, Black Box Life Recorder 21f / in a Room7 F760 veio apetrechado com quatro divinais malhas, capazes de ressuscitar corpos dormentes em qualquer pista de dança.


[Jessy Lanza] Love Hallucination

Entre a electrónica experimental e o r&b contemporâneo encontramos algures o nome de Jessy Lanza. A cantora, produtora e DJ canadiana mudou-se para Los Angeles e absorveu o som vibrante de uma das principais capitais da cultura mundial, agora reflectido num novo trabalho que esculpiu para a reputada Hyperdub. Jacques Greene, Paul White, David Kennedy, Jeremy Greenspan e Marco “Tensnake” Niermeski referidos na ficha técnica deste Love Hallucination, tendo ajudado a artista a expandir o seu kit de ferramentas à produção dos temas.


[Prestes] É Difícil

Por trás de Prestes estão Bruno Martins e José Pedro Santos, dois arquitectos de uma kizomba futurista que ganha corpo e forma em É Difícil — EP de estreia do duo que se apresenta, desta forma, com três temas (mais um remix) com voz e batida, em que participam, ainda, Claiana e Filipe Azevedo (conhecido, também, do alinhamento de Sensible Soccers).


[Damon Locks & Rob Mazurek] New Future City Radio

Damon Locks e Rob Mazurek não são propriamente desconhecidos um do outro. Antes pelo contrário, são colegas de editora na International Anthem e colaboraram por várias vezes ao longo dos últimos anos em diferentes discos e projectos. New Future City Radio é, porém, a primeira aventura assumida em exclusivo pelos dois artistas, ambos figuras importantes dentro da renovada cena jazz que é capaz de ir buscar influências a toda e qualquer fonte sonora. Este é, por isso, um LP recheado de referências e que vai da electrónica e do hip hop à improvisação e ao psicadelismo, através de camadas em sobreposição criadas através de técnicas de sampling e de instrumentação real.


[CHIKA] SAMSON: THE ALBUM

Já desde INDUSTRY GAMES (2020) vimos em CHIKA capacidade mais que suficiente para meter em cada bolso jogo e indústria. E depois de dois curta-durações (ONCE UPON A TIME foi o segundo, editado no ano seguinte) longos quanto baste para se perceber o alcance do seu potencial, chega-nos, finalmente, o álbum de estreia da rapper do Alabama: SAMSON: THE ALBUM apresenta-se, assim, como a proposta maior da MC que convenceu, desde cedo, gente como Diddy e Jay-Z. Já o alinhamento conta com “tubarões” destas andanças como Freddie Gibbs, Snoop Dogg ou, até, Stevie Wonder.


[André Barros & Tiago Ferreira] Afloat

A estrada conjunta levou-os a Reykjavik, cidade que os motivou a fazer da colaboração esporádica parceria assumida. Com as teclas na ponta dos dedos e o jazz à flor da pele, André Barros e Tiago Ferreira juntaram-se definitivamente em Afloat, primeiro trabalho que editam a meias pela Omnichord com sete temas de perdição — a começar pela dimensão temporal em “Nasci amanhã”.


[Vado Más Ki Ás] Mercúrio

A caminhada de Vado Más Ki Ás continua a ser feita a pulso e a palmo próprio. Desde que se afirmou como uma voz incontornável do rap crioulo, o rapper do Bairro 6 de Maio não mais largou o osso, e a sucessão contínua de trabalhos em nome próprio ajuda a explicar a fórmula para o seu sucesso particular. Mercúrio é, nesse sentido, mais uma etapa numa jornada que se prevê duradoura, de alguém que encontrou na música um escape e um refúgio — e é precisamente essa mensagem de protecção que subjaz a este projecto.


[Fly Anakin] Skinemaxxx (Side B)

O lado A deixou-nos colados ao televisor por si só, sabendo nós de antemão que a sequela estaria para não muito mais tarde. Editado o primeiro volume de Skinemaxxx em Abril passado — e na altura sem data definida para o segundo —, o lado B do novo álbum de Fly Anakin mantém, como seria de esperar, a produção integral de Foisey., mas traz ANKHLEJOHN e Demae à lista de integrantes entre nove novas faixas.


[Chief Adjuah] Bark Out Thunder Roar Out Lightning

Christian Scott aTunde Adjuah responde agora por Chief Adjuah, nome que reclama a sua identidade de líder tribal. Depois de aplaudirmos o seu Axiom em 2020, o músico de Nova Orleães voltou à Ropeadope com uma nova fornada de música, a primeira que lança após o cambio do alter-ego com que assina as suas obras. O álbum vem-nos descrito como uma ponte entre o passado e o futuro, já que mergulha a fundo no vasto mar de memórias sónicas dos povos afro-indígenas.


[Cosmic Neighbourhood] Gatherings

“Imaginem que Eric Carle tinha assinado pela Ghost Box, ou que a equipa de Look Around You invadia a Radiophonic Workshop.” É com esta elucidativa descrição que Gatherings se apresenta no Bandcamp. O mais recente trabalho de Adam Higton enquanto Cosmic Neighbourhood foi hoje editado pela Rivertones e as vendas estão a escoar bastante bem, sinal de que a electrónica menos ajustada com a norma continua a merecer as atenções das escutas mais apuradas que procuram ir além do que é óbvio. Enquanto se debate a existência ou não de seres e naves alienígenas no congresso norte-americano, há um músico britânico que, pelo menos, está definitivamente a conseguir canalizar sons from outer space.

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