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Publicado a: 19/07/2016

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Como forma de antecipação da edição deste ano do Milhões de Festa, Amorim Abiassi Ferreira esteve a ouvir o último trabalho de Gaika, lançado em Abril passado, e teceu algumas ideias sobre Security. O Rimas e Batidas tem acompanhado o seu trabalho desde o início e , através dos artigos escritos no nosso site, podem voltar atrás no tempo, revendo a entrevista após o concerto no Musicbox, a review dessa mesma noite e o perfil sobre o MC/produtor de Brixton. 

 


Review gaika

[TEXTO] Amorim Abiassi Ferreira

 

SECURITY é a segunda mixtape de Gaika, um artista que vive em Londres e que nos deu a primeira amostra do seu trabalho no ano passado, através da mixtape MACHINE. As ambições dele são grandes: misturar vários estilos musicais criando uma nova identidade e usar isso como veículo para discutir política, problemas pessoais e, neste projecto, a morte. Uma missão tão ambiciosa que por vezes compromete o resultado final sonoro.

O som que encontramos nele tem diversas influências: dancehall, electrónica, r&b alternativo, a infância passada em Brixton e a herança da Jamaica e Granada. Gaika é responsável pela produção para além dos vocais neste projecto que arranca de uma forma muito letárgica. Pela quarta faixa, “Buta”, começamos a sentir a voz a tomar mais espaço e o álbum a ganhar groove. É aí que se concentram o núcleo das faixas que considero melhor conseguidas: “PMVD”, uma balada sinistra, e “Knuckleduster”, onde ouvimos um beat incrívelmente medonho como pano de fundo. 

Se a ambição é sempre algo que respeito e admiro, a verdade é que esta pode ter interferido demasiado na produção das músicas. O disco tem uma grande selecção de convidados, no entanto muitas destas participações passam praticamente despercebidas, desaparecendo na sonoridade de Gaika e trazendo pouco de novo à mesa. Em algumas músicas, as produções pedem uma voz que se solte mais do que o vocalista se atreve. Em “World Star”, por exemplo, o início mostra-se confiante e depois é anulado por um refrão tímido demais.

Gaika já tem os ingredientes para criar um estilo inconfundível, mas parece ainda ter algum caminho a percorrer para limar as arestas que vão permitir às suas músicas atingirem o próximo patamar. Pelo ritmo dos lançamentos, tudo indica que ele lá chegará. 

 


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