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Publicado a: 10/01/2016

O pandemónio de NERVE na ZdB e a superação dos novatos no Musicbox

Publicado a: 10/01/2016

[REPORTAGEM] Alexandre Ribeiro [FOTOS]  Chikolaev / Diogo Cruz / Daniela Beiçudo

 

Noite chuvosa em Lisboa a pedir o recato, mas o serão promete com dois eventos relevantes a cruzarem o seu caminho e a exigirem atenção redobrada. NERVE na Galeria Zé dos Bois a apresentar o seu novo álbum e, mais a baixo, Dentro da Caixa, evento curado pelo Rimas e Batidas.

O início da jornada deu-se de forma algo titubeante e a correria pela Rua do Alecrim só permitiu a entrada quando já se ouvia “Subtítulo“, primeira música a ser solta de Trabalho e Conhaque” ou “A Vida Não Presta & Ninguém Merece a Tua ConfiançaSala esgotada e NERVE sozinho em palco – ou com os seus demónios a enchê-lo. Os trejeitos cómico-depressivos tornam o concerto num aglomerado de sentimentos, mas os seus fãs mais acérrimos entoam as letras do início ao fim com uma força exagerada para o efeito – uma sala com lugares sentados nunca lhe assentaria mal. A espera prolongada entre álbuns tornou os fãs sedentos e o “sacana nervoso” não os desiludiu, sendo também impressionante a maneira, sem falhas, com que passa do estúdio para o live. Encore com três músicas – “Cidade Perfeita” é uma entrada a pés juntos no álbum e continua com tamanha força ao vivo – e demos por terminada a nossa estadia no Bairro Alto, altura de mais uma caminhada até ao Cais do Sodré.

 


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A chegada ao Musicbox para a estreia da curadoria do ReB prometia com dois nomes a elevarem a expectativa, mesmo quando provêm de mundos diferentes. Rui Miguel Abreu abriu a noite com um DJ set a destilar hip hop português, desde a Allen Halloween até ao colectivo Monster Jinx. A sala ia-se compondo à espera de VILÃO, o CEO da ASTROrecords. A estreia com Mau da Fita confirmou as indicações que foi deixando em faixas soltas e a curiosidade era grande para ver como resultaria ao vivo. Mike El Nite, DJ de serviço, encarregou-se fazer um pequeno warm-up que culminou na subida ao palco de Gonçalo Domingues aka VILÃO. A presença do MC é reflexiva da posição que sempre assumiu: postura firme, voz grave e rimas assertivas. O cachecol ao pescoço e os flows fazem lembrar outra cara bem conhecida: Regula. As batidas são disparadas por Mike El Nite e sentimos sempre que o “Don Gula de Alcântara” anda há anos a fazer isto. A voz não falhou e tivemos tempo para tudo: a viagem ao céu com “Astrolábia” – faixa onde divide rimas com o seu DJ -, o amor e os seus males em “X” e “Controlo” é um banger produzido por King Kong. O público reagiu sempre de forma positiva e podemos dizer que VILÃO é o próximo talento a sair da ASTROrecords, juntando-se a Mike El Nite e Profjam.

 


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Directamente do Reino Unido, Gaika foi uma das surpresas de 2015, apesar de ter estado longe dos radares mais mediáticos. Machine foi o que trouxe o MC/produtor a Portugal, um registo que junta na perfeição o grime, dancehall e a electrónica menos funcional. O DJ de Gaika segue o exemplo de Mike El Nite e brilhou ao passar algumas malhas de grime, tendo-se também escutado Drake – quem mais – a preparar o público para o que viria a seguir. E se o álbum tem os seus momentos introspectivos, ao vivo Gaika é um animal de palco. O rapper de Brixton mostrou-se sempre bastante enérgico e conseguiu sentir-se a facilidade com que muda de um flow mais grimey para outro mais de dancehall, sempre com a mensagem de intervenção que extravasa por toda a sua obra. As construções sonoras foram autênticos terramotos no Musicbox e os que compareceram puderam testemunhar o nascimento de mais um artista fantástico de Terras de Sua Majestade.

 


 


Isac Ace fechou a noite e trouxe mais hip hop para a mesa. Numa noite com dois novatos a demonstrarem o que valem, foi um prazer assistir à superação das inseguranças que se poderia esperar num início de carreira, conseguindo transportar de forma irrepreensível o que desenharam no estúdio.

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