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Fotografia: Sara Falcão
Publicado a: 13/02/2020

A apresentação do disco do rapper da Think Music acontece no próximo mês, em Lisboa.

Fínix MG apresenta Robert Johnson, um álbum que também é “para super hip hop heads

Fotografia: Sara Falcão
Publicado a: 13/02/2020

Nos últimos meses, a Think Music tem estado particularmente activa: desde Dezembro saíram EPs de xtinto e Sippinpurpp (que culminaram em concertos no Musicbox em Janeiro e Fevereiro, respectivamente), singles de benji price e prettieboy johnson e até uma curta-metragem de ProfJam.

No passado domingo, Fínix MG deu a sua contribuição para a construção de um império que cresce visivelmente a cada ano. Robert Johnson é o seu álbum de estreia e junta 12 canções que servem, segundo o próprio, para as pessoas saberem o seu potencial enquanto artista, quem é enquanto MC e enquanto membro desta cultura.

Tal como aconteceu com os autores de inacabado e 3880, o rapper vai apresentar o seu disco na rua cor-de-rosa, no Cais do Sodré, no dia 5 de Março. A propósito das novidades, falámos com ele sobre o título do longa-duração, o processo de criação e aquilo que torna prettieboy johnson, o único convidado, num artista “completo” e “lírico”.



Assumo que o título seja uma referência ao músico Robert Johnson, que se diz que vendeu a alma ao diabo para atingir o sucesso. Pode-se considerar uma pista para o que se ouve depois lá dentro? Queres, de alguma forma, dizer que tiveste de fazer algumas coisas menos bem vistas pela sociedade para chegar onde chegaste ou não é de todo por aí?

O título representa apenas sacrifícios feitos, abdicações feitas que qualquer artista tem que fazer, uns mais que outros provavelmente, mas todos fazem para alcançarem o que querem alcançar. Sweet dreams are made of this, I guess.

Uma das coisas que salta logo à vista é a participação solitária do prettieboy, que já elogiaste mais do que uma vez no Twitter, dizendo que era “dos rappers mais completos” e “lírico”. Achas que não se lhe dá o devido valor? Se tivesses de justificar o “completo” e “lírico”, a quem não o conhecesse, como é que o farias?

Não se dá o devido valor ao prettieboy enquanto escritor, eu sinto isso, mas o tempo muda tudo para melhor para quem tem talento, as pessoas vão reparar que o pen game dele é sharp. Quanto ao ser completo, I mean, referências dopes à hip hop head, rimas multissilábicas, sabe fazer refrões, sabe harmonizar nos versos, versátil, tem flows diferentes para beats diferentes, entra em qualquer BPM e, quando o rap vier com novas vibes, ele provavelmente vai-se adaptar. Das maiores promessas para a culture aos meus olhos. Demore o tempo que demorar, as pessoas vão dar conta.

Também tens um tema com o título “Purpp”, onde reflectes sobre a tua própria evolução e a da Think Music, escolhendo o Sippinpurpp para representar-vos. Achas que ele acaba por ser o nome da Think que quebra completamente com a ideia mais clássica do que deve ser o rap feito em português e aponta para novos caminhos?

A Think não faz muito parte deste tema, eu fiz uma comparação apenas entre mim e o Purpp. Eu ‘tava a falar de uma realidade mais local, do meu mundo, onde as pessoas não me percebiam por eu ter demasiadas influências estrangeiras e agora já sou respeitado por muitos, outros não gostam tanto ainda. Isto não é um tema muito de rap tuga, quando eu escrevi era a falar sobre o mundo do rap das subculturas de Lisboa.

Mas se quiserem saber se o Purpp quebra a imagem do que deve ser rap tuga, óbvio que sim. O típico hip hop tuga foi feito à imagem de alguns old heads que ‘tiveram numa posição de poder para meter dos e don’ts fictícios criados à imagem deles, e eram apenas umas quantas cabeças a dizerem a uma geração inteira o que podiam fazer. Mesmo nesses tempos já existiam Purpps, ‘tá é a ser oficial agora que rap é para todos.

Em termos de escrita, como é que funcionou o teu processo para este disco? Já tinhas letras e andaste à procura dos beats, trabalhaste depois de encontrar os beats certos ou houve outra forma?

Beats primeiro, eu prefiro sempre beats primeiro e depois começar a escrever. Sempre o refrão primeiro, mas aconteceu ter uma dica ou outra que ‘tava a apanhar pó que consegui encaixar em sons. Também houve o caso de trocar-se de beat em alguns sons para dar uma cor diferente ao álbum.

Quais são as tuas perspectivas pessoais para o resto de 2020? Com o álbum cá fora, sentes que pode ser o teu ano?

Eu fiz este álbum um bocado para super hip hop heads, serve para as pessoas saberem o meu potencial enquanto artista, quem eu sou enquanto MC e quem eu sou enquanto membro desta cultura, principalmente enquanto MCe membro desta cultura. Quem mais em Portugal é que mistura barras cheias de punchlines com esquemas rimáticos complexos, cultura das minorias e cultura da meca do rap (Estados Unidos)? Eu acho-me um bocado one of kind em alguns aspectos e foi isso que quis mostrar. Os próximos singles deste ano talvez sejam já direccionados para um público alvo maior, talvez não, who knows, até agora as coisas têm ‘tado a correr bem se vão melhorar o tempo vai dizer.


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