A parir de hoje, o Misty Fest volta a fazer estrada por esse Portugal fora, com um total de 27 eventos musicais a acontecer entre os dias 1 e 23 de Novembro. Há muitos nomes espalhados por um cartaz que leva concertos a cidades como Porto, Lisboa, Leiria, Loulé ou Espinho, e o Rimas e Batidas faz aqui um apanhado dos artistas mais urgentes a ter em consideração para a presente edição deste festival itinerante. Da música tradicional portuguesa ao jazz vanguardista oriundo dos Estaods Unidos da América, são 8 os actos a reter nesta recheada programação.
[Rodrigo Cuevas]
Apresenta-se enquanto “agitador folclórico e artista total” e lançou há pouco mais de um mês o seu mais recente álbum, Manual de Romería, trabalho que o traz de regresso ao nosso país para um par de concertos — 3 (Cineteatro Capitólio, Lisboa) e 4 (Casa da Música, Porto) de Novembro. A tradição desenvergonhada de Rodrigo Cuevas, que ganha asas sobre uma manta sonora com bastantes detalhes de electrónica, promete fazer as delícias dos fãs e, certamente, conquistar um lugar no coração daqueles que partem para os seus espectáculos à descoberta. Ontem, esteve em destaque pelo ReB numa entrevista que concedeu a Maria Carvalho.
[Bandua]
Formam com Rodrigo Cuevas aquelas que são das duas double bills mais certeiras de sempre. Bandua, duo formado por Tempura the Purple Boy e Edgar Valente, dividem as mesmas datas com o artista espanhol e representam um tipo de sonoridade bastante semelhante à do colega, embora com a vertente tradicional da sua música a descair obviamente para o que existe na cultura portuguesa. Depois de editarem o álbum homónimo de estreia em 2022, partem novamente para a estrada com a promessa de um espectáculo diferente que inclui algumas novidades.
[Corinne Bailey Rae]
Vejam só como ela (bem) cresceu. A calmaria de outros tempos (com “Like a Star” e “Put Your Records On” à cabeça) deu agora lugar a um frenesim sónico no seu último registo de longa-duração, Black Rainbows. Corinne Bailey Rae regressou à era da sua adolescência e abraçou o rock de garagem como complemento ao r&b que tão bem sabe interpretar. Aquele que é já um dos seus mais aclamados trabalhos até à data vai ser o grande destaque desta sua passagem pelo Misty Fest, que lhe dará a oportunidade de tocar ao vivo em Lisboa (4 de Novembro, no Cineteatro Capitólio) e no Porto (5 de Novembro, na Casa da Música).
[Hauschka]
O registo de Volker Bertelmann cruza os universos da electrónica e da música contemporânea no projecto Hauschka, que dirige desde o inicio do presente milénio. Detentor de vários prémios pelas composições que assinou em bandas-sonoras para cinema, o pianista alemão tem sido incansável nas edições em nome próprio e leva já mais de uma dezena de discos lançados. O seu mais recente intitula-se Philantropy e saiu há dias pela City Slang, sendo esse o presumível foco das actuações que tem em agenda para os dias 17 (Museu do Oriente, Lisboa) e 18 (Auditório de Espinho, Espinho) de Novembro no âmbito deste festival itinerante.
[Makaya McCraven]
Para a redação do Rimas e Batidas, Makaya McCraven é indubitavelmente “o concerto” a não perder. Detentor de um baterismo ímpar, tem também provado ao longo da última década que é um compositor prendado, tendo como principais bandeiras para a sua carreira LPs como In The Moment (2015), Deciphering The Message (2021) ou a reimaginação do derradeiro álbum de Gil Scott-Heron, We’re New Again, que em 2020 lhe abriu as portas para a XL Recordings. É esse mesmo selo britânico quem lhe carimbou a edição de In These Times, que no ano passado foi alvo de destaques por entre estas páginas tanto em formato de entrevista como de crítica. Dia 20 de Novembro, trá-lo consigo na bagagem para o espectáculo que tem agendado para o Centro Cultural de Belém.
[Matthew Halsall]
Em mais uma double bill certeira, a data de Makaya McCraven em Lisboa terá também Matthew Halsall enquanto interveniente. O trompetista e compositor inglês tem, no entanto, mais uma actuação marcada para o Misty Fest’23, neste caso para a Casa da Música, no Porto, dia 21 de Novembro. O alinhamento de ambos os espectáculos deverá certamente girar em torno de An Ever Changing View, longa-duração que editou em Setembro deste ano pela sua própria Gondwana Records. Em 2021, Rui Miguel Abreu entrevistou-o e viu-o ao vivo na capital portuguesa.
[Lambchop]
Liderados por Kurt Wagner, Lambchop são uma banda oriunda de Nashville, Tennessee, que navega os infindáveis mares do rock alternativo. Com apontamentos de folk, country e electrónica, chegaram em 2022 àquele que é o seu 16º (!) LP, The Bible, um conjunto de 10 temas minuciosamente esculpidos sob a alçada da City Slang. Em Portugal, Wagner sentar-se-á ao piano e estará ladeado do músico/produtor Andrew Broder, que o ajudará a interpretar as canções de The Bible e Showtunes (2021), primeiro no dia 21 (Casa da Música, Porto) e depois no dia 22 de Novembro (Centro Cultural de Belém, Lisboa).
[John Grant]
Depois do fim dos The Czars, o currículo de John Grant continuou a brotar novos trabalhos através da sua carreira a solo. O cantautor norte-americano tem-se desdobrado pelas ruelas do rock electrónico e da synth-pop ao longo de quase três décadas de actividade e teve em Boy from Michigan o seu mais recente registo de longa-duração, uma edição de 2021 levada a cabo pela Bella Union e que estará em especial evidência na sua dupla passagem pelo nosso país — 22 (Casa da Música, Porto) e 23 de Novembro (Centro Cultural de Belém, Lisboa) são as datas a reter.