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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 25/03/2020

De Prince aos Wu-Tang, de Sérgio Godinho aos Kraftwerk: estes são os livros que vais poder ler neste período de confinamento.

11 livros sobre música para leres na quarentena

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 25/03/2020

Pode facilmente argumentar-se que não se desperdiça um segundo de vida quando em frente dos olhos temos as páginas abertas de um bom livro. O mundo atravessa tempos de profunda incerteza, com a pandemia de COVID-19 a obrigar milhares de pessoas a uma repentina mudança nas suas vidas e rotinas. O presente explica-se com hashtags com carga dramática — #stayhome #staythefuckhome #euficoemcasa #vaitudoficarbem – e se a palavra de ordem é mesmo ficar em casa, sobretudo depois do Governo ter decretado o Estado de Emergência, então é necessário encontrar formas de investir o tempo que agora parece sobrar. E a música, já se sabe, pode ser a melhor de todas as terapias ocupacionais, o melhor passatempo, o melhor escape para a criatividade, a melhor forma de expressão e a mais séria matéria para alimentar o pensamento. E, claro, a música escreve-se, toca-se e canta-se, escuta-se e vê-se. Mas também se lê.

Abaixo propomos uma dúzia de livros, com orientações variadas, todos facilmente disponíveis para serem adquiridos online e convenientemente entregues nas vossas casas. Procuramos livros com preços simpáticos, mas também de reconhecido valor que poderão, certamente, contribuir para que quem os lê saia mais rico/a desta estranha aventura em que todos fomos forçados a entrar. Há hip hop e jazz, música de intervenção e electrónica, rock e soul, livros em português e em inglês. O que não há mesmo são desculpas para não mergulharem nestas páginas.
[Kraftwerk: Future Music From Germany] de Uwe Schutte (7,59€ na Bertrand) O autor, o alemão Uwe Schutte, é professor na Aston University e um dos mais reconhecidos especialistas na obra dos Kraftwerk. Neste livro editado pela britânica Penguin, Schutte propõe uma reflexão em torno da obra dos pioneiros alemães da música electrónica, procurando ler a música dos Kraftwerk num mais vasto contexto cultural. Não tanto uma biografia – e o mercado já tem livros desses – antes uma análise ao “fenómeno cultural” em que o grupo se transformou, com base, entre outras coisas, numa sustentada reflexão sobre o significado das letras que os Kraftwerk foram criando para as suas canções.
[The Beautiful Ones] de Prince com edição de Dan Piepenbring (29,68€ na Wook) The Beautiful Ones é uma obra profundamente reveladora, que lança luz sobre a vida e a obra de um homem que sempre procurou resguardar-se dos olhares mais inquisitivos tão recorrentes na moderna cultura pop. Talvez a parte mais importante de The Beautiful Ones seja a que Prince escreveu, com o seu próprio punho. Ao longo de quase 30 páginas, são-nos reveladas as palavras com que Prince pretendia começar a sua história pessoal e privada, escritas numa caligrafia elegante, ordenada, quase como se este fosse um fac-símile de um documento do século XIX ou XVIII. Só que à maneira de Prince, claro, com numerais a substituírem preposições ou novas formas de grafar certas palavras, que assim ganham outra dimensão e significado – “2” em vez de “to”: como em “a trip 2 the hospital”; ou “Eye” em vez de “I”: como em “Eye never had another seizure”. Essas páginas manuscritas de Prince surgem depois transcritas, com o texto a respeitar todas as idiossincrasias de grafia que o autor usava na sua escrita. Esta secção do livro mostra o quanto Prince poderia ter revelado, caso não tivesse sido travado pela morte. E a primeira frase é simplesmente arrebatadora: “Essa é a primeira coisa de que me recordo. Sabes como é que consegues perceber que alguém está a sorrir só por olhar para os seus olhos? Eram assim os olhos da minha mãe. Por vezes ela piscava-os como se estivesse prestes a contar-te um segredo. Percebi mais tarde que a minha mãe tinha muitos segredos”.
[Coltrane – The Story of a Sound] de Ben Ratliff (11,25€ na FNAC) Ben Ratliff é o crítico de jazz do New York Times e portanto nem deveria ser necessário escrevermos mais nada para vos convencer a atirarem-se a este estudo sobre a vida e, muito importante, sobre o som de um dos mais importantes pilares de sempre do jazz, John Coltrane, um inovador que desapareceu em 1967, mas cuja obra permanece uma das mais influentes dos últimos 50 anos. O autor de discos eternos como Blue Train ou A Love Supreme é aqui enquadrado com outras formas de arte por Ratliff que pensa igualmente no papel que a música de Coltrane representou no mais vasto e turbulento contexto da história social americana.
[Hip Hop Raised] de DJ Semtex (27,14€ na FNAC) Hip Hop Raised Me é um dos poucos livros dedicados ao hip hop que cabe na categoria coffee table book: com cerca de 450 páginas, centenas de foto, este autêntico tratado de DJ Semtex, figura da Radio1Xtra da BBC e declarado amante da cultura, é tanto uma delícia para o pensamento, graças aos bons textos – há ate um prefácio assinado por Chuck D! — e reflexões sobre o impacto global deste género musical, como para os olhos, muito por causa do excelente design que ficou a cargo de Steve Russell (aka Designaholic) e do manancial de material gráfico que expõe, entre históricas sessões com os mais reputados artistas, cartazes, capas de discos, gráficos e muita outra matéria visual que proporcionará, certamente, horas de prazer a qualquer hip hop head.
[Retrovisor – Uma Biografia Musical de Sérgio Godinho] de Nuno Galopim  (20,00€ na Bertrand) O autor, o jornalista e radialista Nuno Galopim, sobre o livro que assinou acerca da vida e obra de Sérgio Godinho, ao Rimas e Batidas:
“Falar com o Sérgio Godinho é sempre um prazer. Nas conversas cruzam-se memórias, histórias, gentes e lugares… E as canções, na verdade, acabam por traduzir um pouco todo esse seu mundo. O real e o das ficções (sim, porque mesmo antes de escrever contos e romances, o Sérgio já escrevia e cantava pequenas ficções). Fazer uma biografia musical sobre o Sérgio Godinho foi um processo longo, que começou precisamente com essas conversas que juntavam histórias e canções. Fomo-nos encontrando, ora na casa dele ora na minha. Sempre morámos perto, a uma distância de ir a pé. E assim, ao longo de alguns meses, as conversas foram-se transformando em textos. E o próprio Sérgio foi lendo e relendo, ajudando-me a afinar o rigor das memórias e a explicar o processo criativo por detrás de cada canção. A tal carpintaria de palavras e de notas musicais de que ele tanto fala. E que é mesmo verdade. O livro tem por título Retrovisor, porque olha o passado, consciente de que há um presente e também um futuro mais adiante. Já passaram alguns anos, e talvez esteja na hora de juntarmos mais umas memórias a estas histórias. Mais dia menos dia isso vai mesmo acontecer. Para já podemos ali recuar a memórias de infância e juventude. Avançando depois entre a música, o teatro, o cinema, a rádio, a televisão, descobrindo sobretudo as histórias das canções. E se eu vos disser que o ‘Cuidado Com as Imitações’ nasceu ao ver uma caixa de palitos. Sim, daquelas de palitar os dentes… Que dizia, a bem da marca, que aqueles é que eram os bons palitos. E, por isso, para que tivéssemos cuidado com as imitações!”

[José Afonso, O Rosto da Utopia] de José A. Salvador (26,25€ na FNAC) Entrevistas, fotografias, poemas manuscritos. O material aqui compilado por José A. Salvador (autor, também, de Livra-te do Medo, outro livro sobre José Afonso) ajuda a que se conheça melhor um dos maiores génios de sempre da música portuguesa, verdadeiro símbolo de liberdade que nestes tempos de voluntária reclusão se calhar importa relembrar já que nas suas ideias, nas suas palavras e na sua música há provavelmente muitos bálsamos que podemos usar para amenizar as dores que todos estamos a sentir.
[Bring The Noise – 20 Years of Writing About Rock and Hip Hop] de Simon Reynolds (22,54€ na Wook) Simon Reynolds é, indiscutivelmente, um dos mais importantes pensadores da música pop dos últimos 20 ou 30 anos, um cronista que, incansavelmente, soube reflectir sobre as evoluções estéticas que a música popular registou desde os tempos do punk em diante, dedicando livros à música electrónica de dança, ao pós-punk, ao glam-rock ou à obsessão generalizada com o passado (expressa, por exemplo, no sampling). Neste Bring The Noise, originalmente publicado em 2007, através de entrevistas, críticas e ensaios diversos, Reynolds olha para as duas décadas anteriores e para criadores como os Stone Roses, P.J. Harvey, os Radiohead, Public Enemy, The Streets ou Beastie Boys para pintar um vívido retrato de uma era-chave da história da música. E consegue cumprir tal missão recorrendo a um aguçado espírito crítico e a uma das mais afinadas capacidades de análise que a imprensa musical já foi capaz de gerar. E essa importante visão da música expressa-se em mais de 400 páginas que incluem artigos com títulos como “Rap’s Reformation: Gangsta Rap vs Conscious rap” ou “Positivity: De La Soul, Soul II Soul, Deee-Lite and New Age House”. Uma daquelas leituras que se podem revelar transformativas.
[Can’t Stop, Won’t Stop – A History of the Hip-Hop Generation] de Jeff Wang (15,20€ na FNAC) A impressionante força do hip hop já deu origem a variadíssimas análises que, com maior ou menor grau de sucesso, procuraram explicar quais os estímulos que deram origem a esta cultura, ilustrar momentos de ruptura, enumerar os talentos e descrever as condições culturais e sócio-económicas que os fizeram despontar. No fundo, muitas foram as páginas que se escreveram procurando olhar o hip hop de fora para dentro, analisando os factores externos de ordem política, social e histórica que conduziram à edificação deste movimento (Rap Attack de David Toop é um dos bons exemplos). Jeff Chang, no espantoso Can’t Stop, Won’t Stop – A History of the Hip-Hop Generation, opta pela via directamente oposta, dedicando mais de 500 inteligentes páginas à análise do impacto que a prática hip hop teve na sociedade norte-americana. Chang, jornalista e divulgador desta cultura já há bastantes anos (escreveu nas páginas de ilustres publicações como a Vibe, Urb, Spin ou Village Voice), analisa a evolução do hip hop desde as suas raízes jamaicanas até aos agitados dias do início deste século, colocando política, sociedade, história e arte sob a perspectiva da cultura a que D.O.C. chamou Rhythmic American Poetry. Relegando para segundo plano qualquer posição moralista, Jeff Chang apoia a sua dissertação em extensa pesquisa que o levou a contactar não apenas nomes históricos desta cultura (Kool Herc assina o prefácio…), mas também membros de gangs, pioneiros que o tempo esqueceu, políticos e alguns dos protagonistas da revolução comercial que curvou a indústria norte-americana a uma batida diferente. E sobre tudo isto, Chang escreve com um estilo claro, directo e sustentado na sua própria experiência, nunca esquecendo no entanto que a ascensão do hip-hop até ao topo das tabelas teve o seu preço: “Mas se o hip hop era agora conteúdo crucial para os media consolidados, essa consolidação também afectou o seu conteúdo – e foram as mulheres quem mais perdeu no hip hop”, conclui Jeff Chang já na fase final do livro, enquanto reflecte sobre o ténue equilíbrio existente na equação da cor e do género com o sucesso. Can’t Stop, Won’t Stop – A History of the Hip-Hop Generation é um documento imprescindível para todos os que procuram olhar para a história passada e presente desta cultura com um fôlego mais amplo do que o que a colorida e parcial imprensa especializada norte-americana nos permite obter. O hip hop, afinal de contas, é muito mais do que a mera soma dos seus protagonistas e das obras que nos legaram. É um tecido invisível que une diferentes práticas e experiências, diferentes modos de sentir e de expressar, diferentes sensibilidades políticas e múltiplos objectivos culturais ou comerciais. É a verdadeira alma de uma geração, argumenta Jeff Chang.
[Jazz Covers] de Joaquim Paulo (11,99€ na Bertrand) Joe Jackson a citar em Body and Soul a capa de Sonny Rollins, Vol. 2, título da Blue Note. Ou, para falar ainda na Blue Note, os “hip-hoppers” Beatnuts a construírem toda uma imagem baseada nos ensinamentos de Reid Miles ou os Jazz Liberators, colectivo francês de rap que se inspirou no “design” da etiqueta Black Jazz para sublinhar a sua própria identidade estética; mais, e para citar um exemplo da Costa Oeste: a capa de William Claxton para um clássico do Chico Hamilton Quintet na Pacific Jazz a servir de inspiração para Positivity dos “acid-jazzers” Incognito em 1993. O certo é que seria possível devotar a totalidade deste texto a enumerar casos destes e ainda assim não se esgotariam os exemplos de inspiração gráfica do jazz sobre outras escolas estéticas. O magnífico livro Jazz Covers, de Joaquim Paulo teve edição na prestigiada Taschen, facto que à época da sua edição original surpreendeu meio mundo. O homem que hoje assegura os destinos da editora Mad About Records soube desenhar o seu livro de forma a que fosse mais do que um mero deleite para os olhos, incluindo conteúdos que enriqueceram o seu olhar sobre a história gráfica do jazz. Além de listas (e quem gosta de discos acaba sempre por gostar de listas) com álbuns favoritos assinadas por gente como King Britt, Gilles Peterson, Rainer Truby ou Andre Torres (este último editor da importante e infelizmente já extinta revista Wax Poetics), Jazz Coversinclui ainda entrevistas com lendas como Rudy Van Gelder (um dos mais míticos engenheiros de som do jazz), Creed Taylor (patrão da CTI), Michael Cuscuna (produtor e arquivista da Blue Note), Bob Ciano (“designer” da CTI, outra editora cujo legado gráfico estabeleceu diálogos com outros géneros), Fred Cohen (o dono do Jazz Record Center, em Nova Iorque) e Ashley Khan (celebrado autor de livros como A Love Supreme, Kind of Blue ou The House That Trane Built, uma história da Impulse, mais um exemplo de uma editora com uma identidade gráfica singular apropriada por designers de outros géneros). Ou seja, há palavras que ajudam a enquadrar todas aquelas imagens, incluindo pequenos textos sobre cada uma das entradas. E o sucesso comercial do livro deixa claro que o público que atingiu não se resume aos amantes do jazz. O passo seguinte de Joaquim Paulo na Taschen foi, aliás, o de aplicar o mesmo pensamento a outro marco da história musical negra da América, editando Funk & Soul Covers. Pelas capas pensadas por Reid Miles ou Bob Ciano, entre tantos outros designers que criaram embalagens para discos de jazz, passavam então mensagens de estilo, marcas de identidade, toques de pura classe. Há um par de anos, Joaquim Paulo explicava a outra publicação que houve uma idade dourada no “design” gráfico para o jazz: “Acho que a idade de ouro do design vai de 1950 a 1970. Sim, desde o início dos anos 50. Foi esse o grande período de criadores como os ilustradores David Stone Martin e Jim Flora, designers como Frank Gauna, Burt Goldblatt, Reid Miles e fotógrafos geniais como William Claxton, Charles Stewart e Francis Wolf. Foi um momento único na história do jazz”, confessava, à data de edição, o autor. Acrescentou ele de seguida: “Desde cedo, figuras como Alfred Lion ou Bob Weinstock perceberam que uma boa capa era fundamental como veículo transmissor de um ‘estilo’. As transformações galopantes que o jazz sofreu em termos sonoros foram acompanhadas por um refinamento na beleza e na eficácia da capa. A editora Blue Note é o paradigma da conjugação perfeita entre a música, a fotografia e o design. Tudo fazia parte de uma linguagem comum. O jazz também abriu portas para uma maior liberdade para o designer. Pioneiros como David Stone Martin, um mestre da ilustração, ou Jim Flora ajudaram desde muito cedo a ‘embrulhar’ o jazz”. E esse “embrulho” acabou, afinal de contas, por ser tão influente como o próprio som que ajudava a embalar. O jazz do “período dourado” a que Joaquim Paulo se refere gerou incontáveis obras-primas, mas também um sentido de progressão, de movimento organizado, de pensamento colectivo que ajudou, inclusivamente, a gerar transformações na sociedade. Essa busca da liberdade era ecoada pelos arranjos gráficos das capas e essa é a ideia que essas peças de colecção ainda hoje retêm e que um livro como Jazz Covers tão bem preserva. Essa ideia influenciou tantos outros criadores que, da new wave ao acid jazz, e daí até ao hip hop e a outras movimentações estéticas – sobretudo as que, apoiadas na dinâmica do DJing, sempre tiveram o arquivismo de vinil bem presente –, procuraram no complexo equilíbrio dos designs de capas de jazz, nos fortes contrastes das cores, no particular fluir das icónicas imagens fotografadas, um pilar para as suas próprias identidades. Pode haver pouco da invenção de Sonny Rollins exposta em Volume 2 – quando os pianistas Thelonious Monk e Horace Silver cruzaram argumentos em “Misterioso” — no álbum Body and Soul que Joe Jackson editou em 1984. O músico inglês não estava propriamente a tentar fazer um disco de jazz, mas a agarrar-se a uma ideia particular de som e de criação. E a capa transmitiu na perfeição essa vontade.
[Miles Davis – The Definitive Biography] de Ian Carr (22,22€ na FNAC) Esta edição revista da biografia que o músico britânico Ian Carr (líder dos Nucleus, por exemplo) escreveu sobre o seu grande ídolo Miles Davis foi lançada em 1999. E numa era em que a indústria musical tanto tem repensado o passado através de incontáveis reedições, incluindo, pois claro, da monumental obra do trompetista que criou Kind of Blue ou Bitches Brew, falecido em 1991, vale a pena mergulhar nas quase 700 páginas (!!!) deste aturado retrato de um génio. Partindo dos primeiros passos de Miles em Nova Iorque, ao lado de Charlie Parker, este livro leva-nos através de importantes fases da obra do trompetista, como a criação da banda de Birth of the Cool, o período em que teve sérios problemas com drogas ainda na década de 50, os encontros e cruzamentos com outros gigantes como John Coltrane, Bill Evans ou Wynton Kelly e todo o imenso terreno desbravado década após década, incluindo o fértil período de invenção que foi a décxada de 70 de onde saíram, aliás muitos dos discos que mais influenciariam o próprio autor do livro. Este trabalho valeu rasgados elogios a Carr que foi descritos nas páginas do conceituado Times pelo jornalista Clive Davis como “um profundo conhecedor” que aqui assinou uma obra “incontornável”.
[The Tao of Wu] de RZA (16,37€ na FNAC) Se por acaso algum dia pensaram no lastro filosófico de RZA ao escutar obras como Enter The Wu-Tang (36 Chambers), então este The Tao of Wu é para vocês. “Tao” sendo, obviamente, uma referência directa à palavra chinesa que significa “caminho” e, por extensão, uma piscadela de olho ao taoismo, a filosofia/religião chinesa de fundas raízes milenares. Este livro é, portanto, uma espécie de manual de instruções do caminho para a iluminação. E RZA estrutura este “manual” usando referências a letras de hip hop, episódios específicos da sua vida e carreira e bebendo livremente de tradições religiosas diversas, do hinduísmo e budismo ao cristianismo. E isso manifesta-se num simbólico número 7, a quantidade de “pilares de sabedoria” que RZA teve que dominar para chegar onde chegou na sua vida. Questões mais mundanas, como as suas ferramentas de produção favoritas, também inspiram outras passagens do livro, talvez um pouco menos “espirituais”, mas, certamente, não menos interessantes para fãs de Wu-Tang Clan, em particular, e de hip hop, em geral.

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