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Filho de pais portugueses, João Caetano nasceu em Macau, mas teve sempre a música lusófona como principal referência, em especial o fado, que desde logo o inspirou para os primeiros trabalhos a solo, o homónimo João Caetano (2016) e Rhythm & Fado. Depois de ter completado os estudos no Conservatório de Macau e atingir a maioridade, mudou-se para o Reino Unido, onde prosseguiu a sua aprendizagem em torno da percussão, tendo sido convidado para ingressar no mítico grupo de funk e soul inglês Incognito, do veterano Jean-Paul Maunick, quando tinha apenas 21 anos.
À data de hoje, Caetano exibe um currículo invejável, onde encontramos colaborações com grandes nomes da música mundial, da pop ao jazz — Chaka Khan, Anastacia, Jessie J, Jas Kayser e STR4TA são alguns do mais sonantes. Dentro do panorama nacional, temo-lo escutado a trabalhar com artistas como Slow J (de quem é actualmente director artístico e musical, além de percussionista), Dino D’Santiago, Tatanka ou Rui Veloso.
No passado dia 15 de Março, regressou às edições em nome próprio com o EP Cada Vez Mais, que foi apresentado ao vivo em Lisboa um mês depois, a 15 de Abril no Teatro Maria Matos. O próximo passo é levar este projecto até outros pontos do globo, tendo já assegurado um concerto em Bilbao (2 de Maio) e outro em Inglaterra (numa cidade e data ainda por revelar).
Enquanto prepara os espectáculos que levam esta sua portugalidade além fronteiras, João Caetano explicou ao ReB cada uma das 5 faixas que compõem o seu novo curta-duração.
[“A Tua Ausência”]
É uma música que vai buscar influências ao tango, inspirado por Astor Piazzolla e a música tradicional portuguesa. Nesta música tentei captar a essência rítmica das tunas académicas e fundi-las com o tango tradicional. Quis abrir o meu EP com a música mais forte e impactante, e sinto uma força muito particular com a letra “alma escancarada na janela”.
[“Saudades de Ti”]
Neste tema procurei ficar mais colado à rítmica folclórica portuguesa, com inspiração no malhão. Foi um tema que eu escrevi com o André Dias em Londres. Eu tinha feito uma música para esta letra, mas não estava contente com essa música. O que decidi fazer foi riscar essa música e começar de novo e o resultado está aqui.
[“Cada Vez Mais”]
Tema gravado apenas com os meus adufes. Todos os meus instrumentos de percussão tradicional portuguesa são custom. Eu tento esculpir os sons de cada instrumento conforme cada tema. No “Cada Vez Mais” convidei o Gileno Santana, numa visita que ele fez a Londres, para gravar o solo de trompete. O baixo inconfundivel é do Pitty, produtor e músico excelência, que toca aqui um baixo absolutamente soberbo.
[“Fado Loucura”]
Este “Fado Loucura” foi gravado depois de uma conversa que eu tive ao telefone com o Dino D’Santiago, em que o Dino me sugeriu fazer um tema só com bombos e voz. Eu adorei esse desafio e pensei em como faria mais sentido interpretar um fado — e sem dúvida que o “Fado Loucura” é esse fado. Como a própria letra diz: “Chorai chorai poetas do meu país / Troncos da mesma raiz / Da vida que nos juntou.” Palavras mais relevantes que estas para minha música são difíceis de encontrar. E fico extremamente contente de saber que a Rádio Amália colocou este fado na sua playlist, só mostra que evoluímos a passos largos para uma aceitação do fado como parte intangível de toda a música portuguesa genuína de raiz.
[“Silk Road”]
Em português, significa “Rota da Seda” É um tema que une a percussão indiana das tablas, tocadas aqui por Aref, um dos mais exímios executantes de tablas e músico que acomapanha Nitin Sanhey, e as minhas percussões portuguesas. Outros dois grandes convidados neste tema são David Mrakpor e Kourosh Kanani, guitarrista singular que une o jazz com poli-ritmos indianos. Aqui tentei juntar a nata do jazz idolatrado em Londres com as minhas influências portuguesas.
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