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Publicado a: 31/07/2017

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[TEXTO] Diogo Santos 

A Pro Era, ou Progressive Era, é um colectivo de hip hop sediado em Brooklyn, Nova Iorque. Desse grupo emerge acima de todos os outros o rapper Joey Badass, o fundador da “família” que se diz ter mais de 50 colaboradores. Dois desses carregadores de piano são Nyck Caution e Kirk Knight, que largos meses após iniciarem experiências a dois, decidiram editar o álbum homónimo Nyck @ Knight. Esta colaboração estava em banho-maria desde 2013 e assim que despacharam outros afazeres, Nyck e Knight, praticamente sozinhos, lançaram-se à luta por Nova Iorque.

 



Com uma produção praticamente irrepreensível, os cerca de 30 minutos de hip hop – se quiserem, da costa este – abrem com a deliciosa “Off the Wall”, malha com um jogo interessantíssimo de vozes e segundas vozes, e que é um óptimo cocktail de boas-vindas. Depois chega “All Night”, tema em que exaltam os seus trabalhos a solo e plasmam a admiração um pelo outro, nomeadamente na bela ligação a Odell Beckham, jogador da NFL. Se preferirem, é Nyck a agradecer as assistências de Knight. E assim já estamos noutro ponto alto do projecto, com a meio autobiográfica “No One Seems to Care”. Faixa conduzida num instrumental viciante e com Nyck e Knight a mandarem versos alternadamente. A meio, “Dial Up” (outra das faixas previamente lançadas, como “Off the Wall”) é novo jogo de vozes e, segundo Nyck, uma espécie de canção de embalar…

“Perfect Murder” é Nas. Perdão, é Nyck Caution a solo (única vez neste registo) e no seu melhor – estamos a falar de um beat poderoso, um flow incrível a transbordar de energia, basquetebol, boxe, Batman, cultura de rua, Nova Jérsia e Nova Iorque em 3 minutos e 8 segundos. E “Headlights”, bom, não é a primeira faixa que recorda ligeiramente Kanye West e as brincadeiras deste com a voz. E é também o único tema a solo de Knight. Quase no final, “Audiopiom” é uma daquelas músicas que, usando chavão tipicamente utilizado no desporto, quase faz valer o preço do bilhete. Com apenas 8 faixas, é só nesta “Audiopiom” que Nyck e Knight recorrem aos comparsas da Pro Era – inclusivamente ao malogrado Capital STEEZ.

 



Para fechar, “Wake Up” abre com scratch e logo com uma referência a Nas. Será Nyck @ Knight o D. Sebastião do hip hop da Nova Iorque outrora pintada por Nas? (Não é para fazer de conta que o 1999 do Joey Badass não existe…) Com a grande fatia do mediatismo a morar nos lowriders da Califórnia, estes garotos parecem apostados em pelo menos fazer peito. Ah, quase me esquecia, é tão bem feito que é mesmo para escutar com o volume bem alto.

 


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