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Publicado a: 21/04/2017

7 produtores que estão a tomar conta do rap nacional

Publicado a: 21/04/2017

[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO] Fábio Teixeira

O hip hop está por todo o lado. É por isso normal ouvir aquela batida típica dos sons urbanos com frequência, e em qualquer contexto. Passa na rádio, na televisão, serve de banda-sonora para filmes e séries e até ajuda os festivais normalmente associados ao rock a reinventarem-se quando programam as suas vedetas. Sim, o hip hop é também a nova pop. Música de massas que pretende passar mensagens positivas e colocar qualquer ser vivo a batucar com o pé, mesmo que não seja esse o seu gosto de eleição.

Os artistas que hoje vemos a alcançar o maior sucesso vêm do hip hop, ou inspiraram-se no hip hop, ou copiam o hip hop, ou trabalham com alguém que, de certa forma, está ligado ao hip hop. Ninguém fica indiferente a esse poderoso género musical que nasceu no Bronx, mas que foi paulatinamente conquistando territórios até se tornar a força global que hoje ninguém ignora. A música, as batidas que sustentam esta música, mesmo não descurando a força das palavras, é parte fundamental desta equação de difusão global.

O produtor tornou-se, por isso mesmo, estrela de pleno direito, já não é uma difusa figura de bastidores, mas um artista tão importante como os que dão a cara nos telediscos ou nas capas dos álbuns. É, aliás, sinal de um certo status ou de um determinado posicionamento estético trabalhar com este ou com aquele produtor. Não são todos iguais, mas há sempre alguns que são mais originais do que outros.

O Rimas e Batidas foi à procura dos 7 nomes que, neste momento, estão por cá a dar cartas no ramo da produção, baseando-se no presente para tentar antecipar o futuro do hip hop e da pop feitos em Portugal. 7 produtores a ter em consideração para moldar os sons sobre os quais os artistas nacionais se vão expressar nos próximos anos.

 



[JUZICY BEATZ]

Deu os primeiros passos no kuduro e kizomba, mas é ligado ao rap que o seu nome vai ganhando estatuto. Encontrou no trap e no drill a forma ideal para expressar os sentimentos e o nome Juzicy Beatz surgiu logo pela porta grande: colaborou com os Força Suprema por diversas vezes e é o autor do super banger de NGA, “Normal”.

A partir daí, foi conquistando o seu lugar e montou um pequeno império na Internet. É por lá que vende os seus instrumentais e compila samples para comercializar em packs. À distância, já trabalhou com vários rappers: Tdod Illdude, YFN Lucci ou Young N Fly. No ano passado, editou a primeira beat tape e Portugal já tem o miúdo debaixo de olho. Prova disso é o trabalho que tem vindo a desenvolver com Kroniko, Cat Boto e GROGNation. Aqui, no Rimas e Batidas, entrevistámos o produtor em Fevereiro para conhecer mais alguns pormenores acerca do seu trabalho.

Ponto mais alto da, ainda tenra, carreira? A sua música vai passar por milhões de ouvidos diferentes a partir do dia 5 de Maio, tudo graças à co-produção que assina no instrumental de “Killing Spree”, tema do próximo álbum de Logic.

 



[LHAST]

Um dos nomes mais activos do momento. Já o conhecíamos anteriormente sob o alter-ego Last Hope, mas agora Lhast é o nome que está na “boca do povo”. As suas colaborações? Já lhe perdemos a conta, mas muitos dos grandes nomes da nossa praça já foram ao seu arquivo abastecer-se de instrumentais. Regula, Dillaz, GROGNation, Kappa Jota, ProfJam, Slow J, Richie Campbell, Diogo Piçarra… É, sem dúvida, um dos casos mais sérios a ter em conta para o presente e o futuro.

No entanto, é com Valas com quem mais se associa: é o seu “produtor pessoal” desde o projecto Nébula. Agora, juntos, estão a trilhar um novo caminho na música pop nacional, desde o salto do rapper do Alentejo para a Universal. Não se admirem se, num futuro próximo, grande parte dos hits a rodar na rádio tiverem saído da sua cabeça. Está constantemente a distribuir jogo e muito se deve ao ritmo alucinante a que trabalha nas suas batidas.

 



[INTAKTO]

Homem de backstage. Poucos o conhecem, mas o nome paira no universo de muitos dos MCs a que estamos habituados a ouvir. A sua carreira começa no início do milénio, tanto a solo como na dupla Primeiro Plano, ao lado de Troublemaker. Como produtor ou MC, foram vários os projectos que saíram do seu quarto e que, com o passar do tempo e a morte de algumas plataformas, se eclipsaram da Internet. Mas não é por isso que o seu nome deixou de circular, ainda que meio em segredo.

Bispo tem um EP inteiro com a sua assinatura – Bispoterapia -, colaborou em Sem Censura dos GROGNation e “Vida Boa” de Slow J é também um produto seu. Mas, apesar de todo esse sangue novo que as suas batidas alimentam, Intakto trabalhou ainda com alguns dos “grandes” antes de ter as suas músicas a rodar na rádio. Sam The Kid, Black Mastah, NGA, Valete, Nigga Poison ou o falecido Raptor foram alguns dos rappers que o descobriram um pouco mais cedo.

 



[FUMAXA]

O produtor que vemos frequentemente nas costas de Bispo nos concertos começa também a ser um caso interessante. É ao lado do rapper de Mem Martins que tem conquistado mais protagonismo, mas, aos poucos, vai também cravando uma marca própria no panorama. O maior exemplo disso é o trabalho que está neste momento a desenvolver com Chyna, um rapper escolhido a dedo por Fumaxa e  para o qual vai produzir um EP inteiro. Para levar o seu nome mais longe, associou-se à Caught a Star, dirigida por Porchy, com o intuito de criar uma verdadeira rampa de lançamento para novos artistas, numa conexão entre vários países europeus.

Em termos de colaborações, Bispo interpreta alguns dos seus instrumentais, bem como Mortex, Landim ou os Merchandise. Uma lista ainda não muito grande, mas que certamente coloca o seu nome no radar dos MCs que procuram instrumentais com selo de hit instantâneo.

 



[FOREVER SUAVE]

É também um nome que já foi referido várias vezes aqui no Rimas e Batidas. Dedicámos-lhe um artigo ainda sob o pseudónimo de J-Cool, e é frequentemente “chamado” por artistas como Jimmy P ou Fábia Maia, nomes com mediatismo no hip hop nacional que confiam em João Pedro para desenvolver as suas batidas. Harold também o convidou para a aventura a solo em Indiana Jones e Papillon chegou a estar em estúdio com o produtor para Hard Work Pays Off, um projecto que acabou por não ver a luz do dia.

Ganhou protagonismo no movimento com os seus vídeos para o YouTube, onde executava vários instrumentais passo-a-passo. Tem uma sonoridade bastante própria e foi certamente por isso que ganhou a atenção de alguns MCs.

Viveu fora de Portugal e aproveitou para colaborar com outros artistas. De regresso a Portugal, passou a usar o nome Forever Suave e produz com o objectivo de chegar ao mundo inteiro. O seu site é um bom exemplo disso e é lá que expõe e vende beats de todos os tipos para captar o foco dos artistas que procuram por algo radio friendly. Não estranhem por isso se, dentro ou fora de Portugal, virem o seu nome associado a projectos de maior dimensão.

 



[HERE’S JOHNNY]

Hit atrás de hit. Poderia muito bem ser este o slogan de Here’s Johnny. Além do batalhão que defende na Superbad, também joga por vezes fora de casa. Regula, No Money, Holly Hood ou 9 Miller são os nomes a que mais o associamos, mas já se juntou a Harold, Diogo Piçarra ou Carlão. Faz trabalhos por encomenda – de mistura ou masterização – e é ele que assina a capa do próximo álbum d’O da Vila. Além de tudo isto, Here’s Johnny arranjou ainda tempo para se estrear a solo.

Acima da quantidade, vem a qualidade. O produtor da Superbad parece ter uma espécie de toque de Midas, e os trabalhos que passam pela sua meticulosa produção vêm esculpidos perfeitamente para encaixar nos ouvidos do público, ficando a ecoar em loop na nossa cabeça. Here’s Johnny não é apenas um produtor, é um verdadeiro artesão das ondas sonoras.

 



[CÁLCULO]

Tal como Intakto, Cálculo também gosta de aliar a escrita à produção. E é até provável que tenhamos presente na memória mais as rimas do que propriamente beats vindos do produtor natural de Barcelos. No entanto, isso não significa que as suas batidas fiquem aquém das suas letras, até porque Cálculo é um vencedor por natureza no que toca à competição entre produtores: em 2010 venceu a primeira edição do já extinto Urban Beat Battle e, mais recentemente, foi o campeão da primeira Beat Challenge curada pelo Rimas e Batidas.

Há dois anos, lançou o primeiro álbum, A Zul, e tem conquistado o seu espaço dentro do espectro do hip hop com origens no norte do país. Entrou no segundo volume da mixtape Ser Humano, foi convidado para integrar os quadros da Kimahera – onde irá editar #turqueza ainda este ano – e cumpriu aquele que é, provavelmente, um dos sonhos de todos aqueles que vivem intensamente o rap nortenho: amealhou participações em Caixa de Pandora, álbum de Fuse, e Sempre Grato, EP de Mundo Segundo.

Este ano, também já nos deu música: “Saíste” é o seu mais recente single a solo e prepara-se para entrar nas próximas edições de Rato 54 e GROGNation enquanto produtor.

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