pub

Fotografia: João Padinha / Everything Is New
Publicado a: 07/06/2023

A tour europeia do artista canadiano começou por Portugal.

The Weeknd em estado de graças num cenário épico no Passeio Marítimo de Algés

Fotografia: João Padinha / Everything Is New
Publicado a: 07/06/2023

Por várias razões, a cobertura mediática em torno do fenómeno Coldplay em Coimbra foi muito mais intensiva; mas nesta terça-feira, 6 de Junho, uma das maiores estrelas pop do momento apresentou-se no Passeio Marítimo de Algés. Era um regresso muito desejado para os fãs de The Weeknd, que nos últimos anos cimentou a sua posição no estrelato da música pop e em 2022 foi mesmo o artista mais ouvido no Spotify em Portugal e um dos mais escutados em todo o planeta. Está em topo de forma, no auge da sua carreira.

Foi a primeira data da tour europeia de apresentação dos álbuns After Hours (2020) e Dawn FM (2022), lançados durante a pandemia e que só impulsionaram mais o alcance de Abel Makkonen Tesfaye. O cenário era impressionante. No fundo, uma paisagem com os arranha-céus de Nova Iorque que se parecia estender para os lados como se se tratasse mesmo de uma pequena metrópole.

No meio do recinto, uma gigante Lua, que parecia sobrevoar umas enigmáticas figuras vestidas de branco que iam dançando, balançando os corpos. Entre uma coisa e outra, uma grandiosa estátua futurista. Parecia que estávamos a assistir a uma autêntica ópera de ficção científica, com uma produção impactante à la Dune ou Blade Runner, ainda que a ligação com as músicas de The Weeknd não seja de todo evidente.

Depois dos DJ sets iniciais de Mike Dean e Kaytranada, que foram estabelecendo um universo de ambiências dançáveis para aquilo que se seguiria, o espetáculo começou à hora marcada com “Take My Breath”. Uma euforia total rompeu pela multidão de muitos milhares de pessoas (é difícil precisar quantos), com a massa de fãs bastante jovem a clamar por The Weeknd e a ignorar, sem dificuldades, os pingos de chuva que iam caindo a tempos.

No palco, a banda ia tocando os instrumentais com pujança, marcando uma batida electrónica que de repente tornou o Passeio Marítimo de Algés numa enorme pista de dança (com a Lua a servir de bola de espelhos). Mas os instrumentistas permaneceram quase sempre na sombra, aparecendo só muito esporadicamente nos ecrãs gigantes instalados. Todos os focos e holofotes estavam apontados para The Weeknd, originando um natural culto ao homem através dos seus temas radiofónicos, dançáveis e com a sua característica (e muito melódica) voz.

“Já não vinha há demasiado tempo a Portugal”, exclamou, lembrando mais tarde que se havia estreado no Primavera Sound em 2012 antes de ter passado pelo NOS Alive em 2017. “Olha para isto! Adoro-vos, vamos divertir-nos durante duas horas.”

“Can’t Feel My Face”, “I Feel It Coming”, “Hurricane”, “Call Out My Name”, “Creepin’” ou, claro, “Blinding Lights” foram alguns dos temas mais celebrados numa plateia que se dividia entre fãs genéricos dos hits mais comerciais e os conhecedores de todo o alinhamento do espetáculo, que naturalmente oscilou entre altos e baixos, momentos mais íntimos e outros mais festivos.

A meio da atuação, The Weeknd cantou várias faixas no meio do recinto, no fundo da comprida língua de palco, para delírio de muitos dos admiradores que estavam por baixo da Lua. Visivelmente impressionado com o carinho demonstrado, Abel Makkonen Tesfaye olhou especado para a multidão durante alguns minutos, enquanto ia rodando o seu ângulo de visão e era recebido com gritos entusiasmados de quem estava por baixo. “Prometo que nunca vai demorar tanto tempo até eu voltar”, assegurou o astro.

Mesmo que as suas canções não tenham a densidade das de outros ícones, The Weeknd foi sempre eficaz e entregou aos fãs precisamente aquilo que eles queriam, criando uma grande celebração da sua música à beira-rio. Ainda assim, o Passeio Marítimo de Algés pode ter-se revelado uma má escolha. Além dos problemas crónicos com os acessos (muito motivados pela dificuldade em atravessar a linha do comboio), o facto de o recinto ser tão plano tornou a visibilidade deste concerto particularmente difícil.

A fantástica cenografia não pôde ser apreciada nas melhores condições e a maré cheia de telemóveis que foi inundando o recinto também servia para isso mesmo, para possibilitar a visão a todos aqueles que só queriam pelo menos uns vislumbres do “Starboy”. O próprio efeito das pulseiras de luzes distribuídas à entrada viu-se anulado pelas características do local. Provavelmente teria feito sentido organizar um espetáculo destes noutro espaço, ainda que o concerto tenha sido irrepreensível.


pub

Últimos da categoria: Reportagem

RBTV

Últimos artigos