Abstracto e experimental (com Wiki & NAH), maduro e reflexivo (com RealPunch & John Miller), tradicional e fantástico (com CZARFACE & MF DOOM), camuflado noutras ondas (com Tony Allen), metódico e refinado para as massas (com Detox Music) ou repleto de alma e cor (com REMI). Os seis discos que compilamos hoje têm todos o rap como elemento principal mas abordam-no de perspectivas completamente distintas entre si, mostrando toda a versatilidade deste elemento muito específico dentro da cultura hip hop.
[Wiki & NAH] Telephonebooth
Aos 27 anos, Patrick Morales não tem nada a provar a ninguém — fez parte dos Ratking e, a solo, editou os álbuns Lil Me, No Mountains In Manhattan e OOFIE. Ainda assim, em Telephonebooth, o rapper nova-iorquino assina aquele que será o seu trabalho mais arriscado, recorrendo às produções de NAH, um visionário das batidas que tem estado a operar longe dos olhares mais atentos — e cujo Bandcamp está recheado de lançamentos.
[Real Punch x John Miller] Do Minho ao Algarve (Vol.1)
Voltou da “reforma” na semana passada para nos mostrar que ainda tem “Ginga” nas palavras para continuar a defender as cores do hip hop. Três anos após ter ido ao Porto buscar as batidas para GLDNSHWR a David Bruno, RealPunch voltou a atestar a viatura para ir do Algarve ao Minho — e Do Minho ao Algarve, no regresso — e escolher os seus pratos favoritos dentro do banquete musical confecionado por John Miller.
[CZARFACE & MF DOOM] Super What?
Esteve para sair em Abril de 2020 mas, por questões de agenda em tempos de pandemia, quis o destino que fosse este o primeiro disco póstumo com o cunho de MF DOOM, icónico rapper da máscara de ferro que nos deixou no final do ano passado. Super What? é também o segundo projecto a surgir da sua fusão com os CZARFACE, o supergrupo que tem Inspectah Deck, dos Wu-Tang Clan, 7L e Esoteric nos seus quadros. O sucessor de CZARFACE Meets Metal Face alberga 10 faixas e tem D.M.C. ou Del The Funky Homosapien como convidados.
[Tony Allen] There Is No End
Outro trabalho póstumo no cardápio de hoje é There Is No End, álbum assinado pelo lendário baterista e pioneiro do afrobeat Tony Allen, que morreu na Primavera passada aos 79 anos. O longa-duração é-nos trazido pela histórica Blue Note Records, editora com quem o músico vinha a trabalhar mais de perto nos últimos anos e pela qual editou The Source ou Tomorrow Comes The Harvest. Em There Is No End, os ritmos provenientes de África andam de mãos dadas com o hip hop, dando origem a uma lista dr créditos no mínimo invejável — Skepta, Sampa The Great, Danny Brown, Jeremiah Jae, Nah Eeto, Lord Jah-Monte Ogbon ou ZelooperZ são algumas das vozes que escutamos entre os 14 temas do disco.
[Detox Music] Distante
Há muito que fazem música juntos mas solidificaram-se e formalizaram agora a parceria que os coloca debaixo do mesmo tecto. Os Detox Music são holympo, HeartLess e Palazzi e trazem-nos hoje o seu primeiro EP, Distante, no qual se apresentam em tridente na música de abertura e terminam com uma faixa a solo cada um. Monksmith, Hyzer ou 4Saint estão entre os produtores à mercê do grupo neste seu disco de estreia.
[REMI] Fried
Remi Kolawole e Sensible J deram as mãos em 2012 para formar o projecto REMI e editaram os LPs Raw x Infinity e Divas and Demons desde então. Hoje o ciclo chega ao fim com Fried a ser apresentado pela berlinense Jakarta Records como o último capítulo na trilogia de álbuns que a dupla tinha nos planos. Gravado entre 2017 e 2020, o conjunto de 13 temas regista aparições de Silent Jay, Lorry, Tyler Daley (dos Children of Zeus), Whosane ou Baasto.