Num final de semana que antecede mais uma dupla jornada internacional futebolístca no âmbito da Liga das Nações, os artistas portugueses parecem todos querer dar o litro para serem convocados a representar a selecção nacional no relvado — ou, no mínimo, poderem inspirar os nossos jogadores às vitórias com a sua arte nos bastidores. Dos 9 discos destacados ao dia de hoje, 7 são criados por nomes da nossa praça. É obra! Mais um claro sinal do bom momento que vive a música no nosso país.
Além do que é observado à lupa nos parágrafos que se seguem, acusaram ainda no radar do Rimas e Batidas os lançamentos levados a cabo por CAIO (Ritmo da Procura), Afonso Cabral (Demorar), Guga (Hipopótamo), BDK (BLUE BOYS), insyt. (Warm Ups II), M Huncho (Road 2 U2opia), Speakers Corner Quartet (Mr Loverman (Original Score)), Vários Artistas (Like Someone I Know: A Celebration of Margo Guryan), JayO (WHOSDAT), BabyTron (Tronicles), claire rousay (The Bloody Lady), Freak Slug (I Blow Out Big Candles), _BY.ALEXANDER (MEMORIES FOR SALE —AT—> 66 GREENE ST SOHO NY), Miles Davis (Miles in France 1963 & 1964), El Cousteau (Merci, Non Merci), Lionel Loueke & Dave Holland (United), BIGBABYGUCCI (Anti), B Young (ESC), Fimiguerrero, Len & Lancey Foux (CONGLOMERATE), Perila (Intrinsic Rhythm), The Body (The Crying Out of Things), The Bad Plus (Complex Emotions), Mulatu Astatke & Hoodna Orchestra (Tension) e Loe Shimmy (Nardy World).
[Plutonio] Carta de Alforria
Depois de Sacrifício: Sangue, Lágrimas, Suor (2019), Plutonio andou ocupado em projectos colaborativos como ANTI$$OCIAL (2023) e ORDEM & PROGRESSO (2023), tendo também editado o registo em concerto Ao Vivo No Coliseu (2021). Cinco anos após a última investida a solo, o rapper do Bairro da Cruz Vermelha, em Cascais, volta aos discos a solo com um projecto repleto de simbolismo e histórias de vida narradas na primeira pessoa. Carta de Alforria regista produções de Progvid, Charlie Beats, Migz ou DJ Dadda e aborda temas de crítica social, introspecção ou até de cariz mais inspiracional. Está dada a tónica para o próximo grande concerto de Plutonio, marcado para o dia 28 de Fevereiro de 2025 no MEO Arena.
[Ab-Soul] Soul Burger
Ab-Soul voltou em grande em 2022 com o álbum HERBERT e está agora de pedra e cal no game, para regozijo dos fãs do hip hop norte-americano e, especialmente, os seguidores da famosa label Top Dawg Entertainment. Lançado hoje como um projecto de homenagem ao falecido amigo DoeBurger, o novo disco reune 15 faixas que totalizam quase uma hora de rotação, ao longo da qual o MC nos apresenta alguns das mais refinadas rimas e batidas ao estio da west coast. A lista de colaboradores para Soul Burger é longa e está repleta de grandes nomes, indo desde as vozes de Vince Staples, Doechii, Ty Dolla $ign e Lupe Fiasco às produções de Kal Banx, Devin Malik, Sounwave, Terrace Martin ou 9th Wonder.
[FERG] DAROLD
A seguir a Rocky, FERG é o segundo artista mais entusiasmante da turma A$AP, autor de uns quantos bangers a título individual e de LPs como Still Striving (2017) ou Floor Seats II (2020), este que era o seu último registo neste formato até ao dia de hoje. DAROLD coloca um ponto final na espera por mais um disco de Darold Durard Brown Ferguson Jr. e apresenta-nos o carismático MC de Harlem, Nova Iorque, num estado de maior maturidade, capaz de abordar temas mais pessoais com maior destreza comparativamente aos seus projectos anteriores. São 12 faixas que tanto dão para pensar como para abanar a cabeça, onde pelo meio podemos escutar convidados como Mary J. Blige, Future ou Denzel Curry.
[David Bruno] Paradise Village
Está de volta David Bruno, singular artista e produtor da praça nacional que ainda há um ano tinha anunciado colocar em suspenso a sua carreira a solo. Igual a si mesmo, uma verdadeira caixinha de surpresas, trouxe-nos hoje o sucessor de Sangue & Mármore, que se intitula Paradise Village, em jeito de homenagem a Vilar do Paraíso, freguesia da qual (em conjunto com Mafamude), em 2020, recebeu uma medalha de mérito cultural. Com quase meia hora de duração, o disco representa uma nova audio-novela no percurso de David Bruno, tendo como “actores” secundários Presto (dos Mind da Gap) ou João Não.
[Rossana] À La Portugaise
À La Portugaise sucede a The Entertainer (2023) e representa uma mudança estética na sonoridade de Rossana, camaleónica cantautora portuguesa sediada no Reino Unido. Mais virada para as tradições do país que a viu nascer, Inês Barroso mistura elementos da portugalidade com psicadelismo oriental, fundamentos rock, trip-hop e até um cheirinho a samba. Editado pela sua BAIT Records, o LP deambula entre temas cantados em português e inglês.
[Pedro da Linha] Dicas
A pluralidade das batidas de Pedro da Linha manifesta-se em Dicas, o mais recente curta-duração que lança pela Enchufada de Branko, um dos nomes convocados para fazer parte desta viagem de quatro malhas clubbing. Das cadências que compõem a tela sonora lisboeta até à música de dança que borbulha a partir do underground londrino, Dicas é também um registo dado às parcerias, já que todas as faixas contam com artistas convidados — além do já mencionado Branko, também podem encontrar por aqui inputs de Mu540, Junior PK, Dianka e Lapili.
[LEFT.] Limbo
Há quem perca a cabeça quando está no Limbo, mas LEFT. faz disso combustível para a escrita de novas canções que podem dar origem a um álbum. Editado na passada terça-feira, é hoje repescado para integrar a habitual compilação de lançamentos semanais curada pelo Rimas e Batidas. Limbo marca um novo step up para o cantor e produtor, que aqui se apresenta pela primeira vez em português do início ao fim do alinhamento, contando com participações de JÜRA e L-ALI na voz e dos produtores Luar e YANAGUI. Dia 21 de Novembro, podem escutar este projecto ao vivo em cima do palco do Musicbox.
[RakimBadu] Relationships Vol. II
Em estreia pela Mano a Mano, RakimBadu, um dos responsáveis pela dupla Soul Providers, recupera um título de 2020 para lhe dar continuidade com um segundo capítulo. Relationships Vol. II é uma ode ao hip hop mais jazzy e soulful movido a samples e aborda a temática das relações através de temas puramente instrumentais e outros com voz, através de prestações de TNT, AMAURA, Ray DLC e Camões Preto.
[Murta] LUV IS A LEGACY
É um dos nomes mais promissores da nova pop nacional e tem vindo a criar uma fanbase sólida desde que, em 2019, se estreou com D’ART VIDA. No tempo que passou entretanto, Murta apenas nos tinha vindo a matar a sede com alguns singles e participações, e hoje colocou um ponto final na espera por mais um trabalho seu. LUV IS A LEGACY é, como indica o título, uma viagem de emoções, para a qual contribuíram produtores como Fumaxa, Tayob J., L-ALI, Blaeckfull ou Stego. As cantoras JÜRA e Diana Lima são as duas participações registadas por entre as 10 faixas do alinhamento.