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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 22/03/2024

Vamos por partes.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de Lhast & Chaylan, Joyner Lucas, Jlin, SiR, Fogo Fogo ou Glass Beams

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 22/03/2024

Não existem regras. Tudo é moldável e adapta-se consoante a situação. E se por um lado há uma vontade enorme em falar das mais de três dezenas de discos que nos vieram parar à rede hoje, a falta de tempo — arranca dentro de breve uma nova edição do Sónar Lisboa à qual não nos vamos baldar — leva-nos a sintetizar a coisa ao máximo, algo que tornará esta peça-resumo de final de semana mais justa, no sentido em que se evitam destacar certos projectos em detrimento de outros. Vamos a todos. Mas vamos por partes.


[Música Portuguesa]

O que é nacional é bom e merece vir em primeiro, até porque só a música portuguesa contribui com um terço dos discos por aqui compilados, mais um sinal (como se ainda fosse necessário…) do quão avançada está a produção sonora lusitana mesmo apesar da forte precariedade que vive o sector.

Lhast & Chaylan são os nomes do momento e cruzam-se hoje num álbum colaborativo, Cold Summers & Warm Winters. Ainda dentro do hip hop, mas vindo de uma camada mais subterrânea, não devem perder de vista Fleuma Nossa, produto de uma outra parceria em evidência, neste caso entre Vácuo e Rilha. Se o que procuram é funaná à portuguesa, Nha Rikeza, o novo dos Fogo Fogo, é tudo o que precisam. Caso a batida vos saiba melhor com “fusão” como parte integrante da equação, o trio de baterias de Bateu Matou está de volta com Batedeira. Mas se o vosso pulsar requer frequências e ritmos ainda menos familiares, é Camera, dos Knok Knok, que devem escutar em primeiro lugar. A tradição portuguesa surge aqui representada por Aldina Duarte, que em Metade Metade canta fados assentes em poemas assinados por Capicua. E não acaba aqui: Joana Alegre (LUAS), O Marta (Casta Brava), Mt. Roshi (Não Vá o Diabo Apetecê-las), Sara Merge (Ligações) e Tipo (Vigia) também nos trouxeram novas propostas hoje.


[Hip Hop]

Saudável e plural. Assim se encontra nos dias de hoje o género musical nascido no Bronx, Nova Iorque, que completa 51 anos de vida no próximo Verão. E se Future & Metro Boomin (com WE DON’T TRUST YOU) representam o lado mais mainstream do hip hop, Joyner Lucas (com Not Now I’m Busy) ainda se rege pela importância que o pen game tem na afirmação de um MC. Quem não joga para nenhuma dessas facções são Anysia Kym (com Truest) e Cakes da Killa (através de Black Sheep), que preferem apostar no desbravar de terreno sónico e, assim, colocar a cena rap na vanguarda daquilo que é a música moderna.


[Jazz]

Se o hip hop hoje em dia é um género mutante, o jazz também não lhe fica atrás, muito por culpa da nova grande onda que se ergueu a partir do Reino Unido, que aqui nesta categoria soma metade das entradas graças à inventividade das bandas Ill Considered e seed. (de Cassie Kinoshi), que acabam de editar Precipice e gratitude, respectivamente. Mas este novo jazz está a ramificar-se um pouco por todo o mundo, e prova disso são os Glass Beams (projecto australiano que ganhou entrada na Stones Throw Records com Mahal) e o norte-americano Guillermo Scott Herren (que hoje assinou New Strategies for Modern Crime Vol. 1 enquanto Prefuse 73 pela Lex Records).


[Electrónica]

Dos vastos campos da electrónica chegam-nos três propostas completamente dispares entre si. Akoma é o mais recente manifesto de polirritmia via footwork pela mão da produtora Jlin que volta a editar pela Planet Mu. Entre o techno e o UK funky, Mother é o novo registo a entrar para a discografia de Logic1000, alter-ego da australiana Samantha Poulter. Na rota de um trilho mais exploratório está MIZU, que em Forest Scenes aborda um processo de composição mais livre e que abraça o neo-classicismo.


[Pop Alternativa]

É debaixo deste tecto que moram camaleões sónicos como Matt Champion (ex-BROCKHAMPTON), que mergulhou num grande caldeirão de influências para chegar ao seu tão aguardado primeiro LP a solo, Mika’s Laundry. Depois de ter conquistado o seu espaço na Internet com Erotic Probiotic 2, Nourished by Time recebeu o convite da prestigiada XL Recordings para por lá editar Catching Chickens EP. Algures entre a ambient e a electrónica vive Julia Holter, que foi até à Domino para lançar o desafiante Something in the Room She Moves. Os nomes menos sonantes deste universo que hoje entregaram projectos que podem muito bem catapultá-los para outros patamares são fears (affinity), Alena Spanger (Fire Escape) e 1010Benja (Ten Total).


[R&B]

E vai mais uma para a Top Dawg Entertainment em 2024. É pela editora onde Kedrick Lamar despontou que SiR volta a editar mais um trabalho, neste caso o sedoso HEAVY, onde conseguiu amealhar contribuições de gente como Anderson Paak. ou Isaiah Rashad. Uma das novas sensações do R&B é Tyla, sul-africana que tem dado cartas em cadências amapiano e afrobeats e hoje se estreia com um longa-duração homónimo. Outra artista a dar sinais de se querer sentar na mesa dos “grandes” é Kenya Grace, que embora também seja da África do Sul vai buscar a sua identidade sonora à fusão com electrónica em The After Taste, o seu primeiro disco. 6LACK, que este ano já actuou em Lisboa e concedeu uma entrevista ao ReB, adopta o formato acústico em No More Lonely Nights. Empress Of (For Your Consideration) e Tatyana (It’s Over) completam esta nossa ronda pelos lançamentos à escala global.

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