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Publicado a: 09/12/2015

#ReBPlaylist: Novembro 2015

Publicado a: 09/12/2015

[FOTO] Direitos Reservados

 

Dezembro é o mês de encontro de contas com infindáveis listas de melhores do ano a somar views e comentários acessos. Andamos, portanto, a navegar na subjectividade.

Vamos devagar. Novembro ainda foi um mês de muitas mexidas, especialmente nos territórios agregados ao hip hop. Para a equipa Rimas e Batidas, estas são das últimas cartadas em busca de um lugar nos tops de 2015

 


 

 

[BISPO FEAT. SAM THE KID] “Pormenores”
(Desde a Origem, Self-Released)

O tempo é uma bomba-relógio. E de repente percebemos que os adolescentes que ergueram o rap português já entraram na ternura dos 40 – ou quase. Com o alargamento da faixa etária já é possível vermos unidos na mesma música a geração que ergueu o rap com a que cresceu a escutá-la. Quem sente o hip hop desde que se lembra de ser gente (esta vai para a geração dos 90) percebe o enorme privilégio que é poder rimar em cima de um beat do Sam The Kid. Bispo conseguiu não apenas o beat, como também o próprio Samuel a rimar numa música sua. Esta faixa, que pertence ao recém-lançado álbum Desde a Origemprova uma vez mais que o rapper de Chelas é mestre em histórias de amor reais, não as de suite de hotel mas aquelas com as quais todos se conseguem identificar.

– Catarina Craveiro

 


 

 

[PUSHA T] “Untouchable”

O rapper da Virginia tem novas edições agendadas para breve: o já anunciado King Push, mas, antes disso, já no dia 18, uma espécie de prelúdio: Darkest Before Dawn. Esta faixa vem com a produção de Timbaland (sim, também estará de volta, ao que parece) e um sample de voz do saudoso Big Poppa – ele mesmo, Notorious B.I.G., a cantar “Lyrically I’m untouchable, uncrushable”, sample da faixa “Think Big” de 1995.

Tema denso e pesado, de produção simples, em que Pusha T abusa da capacidade lírica e descritiva para se gabar, basicamente, de andar cheio de dinheiro. Pudera: agora até é o presidente da editora G.O.O.D. Music.

– Bruno Martins

 


https://www.youtube.com/watch?v=nRIbNNDXV0E

 

[WIKI FEAT. NASTY NIGEL] “Livin’ With My Moms”
(lil me, Letter Racer)

Esperar até ao último dia do mês para proceder à selecção para esta lista compensou. Wiki, do colectivo Ratking, traz-nos “Livin’ With My Moms”, faixa onde é coadjuvado por Nasty Nigel no microfone e conta com produção de Black Noi$e. Parte de lil me, projecto a solo que está prestes a lançar, a música tem como trama a vida com as suas mães e as vivências que advêm daí. Wiki conta que esta música foi escrita enquanto vivia com a mãe e que fala sobre “estar na estrada a partir tudo e depois voltar à humilde experiência de viver com a tua mãe.”

O vídeo é uma pérola e junta combates com vilões, salvamento de mães e imagens de um concerto. Não existirá melhor forma de fechar Novembro do que com o flow autêntico de Wiki e uma homenagem a todas as mães.

– Alexandre Ribeiro


 

[JEREMIH] “Oui”
(Late Nights with Jeremih, Def Jam)

Ainda hoje a mixtape Late Nights With Jeremih se mantém tão presente e influente quanto se quer. Repleta de temas que desde logo ameaçavam tratar-se de clássicos instantâneos, o tempo tratou de os colocar efectivamente nessa posição. Daí que a ansiedade por novidades – e pelo tão esperado álbum de estreia – tenha sido tema recorrente de uma imensa legião de seguidores nos últimos tempos. Agora parece que a areia da ampulheta começou finalmente a descer com a surgimento de “Oui”. E a julgar pela amostra, Jeremih voltou a fazer magia.

Em pouco menos de quatro minutos, cria aquele ambiente aquoso e irremediavelmente nocturno com tudo o que de mais sensual e atraente possa existir nisso. É conveniente a escolha de uma atmosfera que nesta altura já se pode considerar registo pessoal, mas considerando a capacidade do rapper, é mais que natural que esta seja a ponta de um icebergue com muito para explorar. O piano é o instrumento que guia esta cascata sedosa onde a voz de Jeremih desliza num manto de ritmos cintilantes. Trata-se de mais uma produção imaculada (não existe outra palavra para tal) em que cada elemento e cada detalhe se harmonizam em direcção à conquista de cada um de nós. Haja velas, champanhe e copos de cristal; o príncipe voltou.

– Nuno Afonso


 

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[ERYKAH BADU FEAT. ANDRE 3000] “Hello”
(But You Caint Use My Phone, Motown Records, disponível em exclusivo no iTunes)

Hello? It’s me. Nããoooo, qual Adele, qual quê. O João Pedro! Sim, falei em Inglês, porque não sabia que falavas português. Sem sotaque, nem nada, sim senhora. És uma rapariga cheia de surpresas. Pois é, lá consegui sacar o número do teu burnout phone a partir das três capas que publicaste no Twitter. Tive que lhe acrescentar o indicativo, né. Ah pois é, chamada intercontinental, a MEO vai cobrar-me uma fortuna.

Estou a ligar para te dizer que a minha faixa favorita da tua mixtape é… Como é que adivinhaste? Aposto que anda toda a gente a dizer-te o mesmo. Nunca primei pela originalidade. Que temão, Badu. Tinha lido algures que o Drake participava (pois, eu sei, não se confirma), mas nada sobre o Andre. O iTunes estava meio marado e acabei por ouvir a coisa pela primeira vez no Datpiff. Bem, tu não ‘tás a ver a minha reacção quando ouvi a voz do 3 Stacks. Caíram-me os queixos. O magano ainda não tinha rappado em nenhuma faixa este ano e achei lindo ele regressar ao teu lado. Vocês ainda falam? Ainda bem, fico contente. Pois, o miúdo e tal. A sério? Fez 18 anos o mês passado? E ajudou-te no disco? O tempo voa, caramba.

Bem, mas voltando à canção… Olha, para já, há aquela entrada fabulosa do Andre que me fez logo lembrar o “International Players Anthem”. Pois é, a onda é a mesma. Juras de fidelidade e monogamia, só que desta vez não está no altar, mas no palco da meia-idade (estou a ser simpático). Também apanhei aquela referência aos Marretas. Pintarolas. E o som, claro. Íntimo e minimalista, como a tua voz. Que saudades da tua voz. Ui, nem imaginas. E confesso que foi só na parte final que me apercebi que estavam a glosar o “Hello It’s Me” do Todd Rundgren. Foi um momento do caraças. Cheguei a pensar que o tinham feito só para mim. A sério. Tolice minha, não ligues. Ah pois é, fui eu que liguei. Mas receio que tenhas de ser tu a desligar esta chamada.

– João Pedro da Costa


 

[A-F-R-O] “Code #829”
(Tales From The Basement, Self-Released)

Discípulo de honra do boom bap, trouxe com ele uma saga de flows em sete temas marcados pelas acrobacias e velocidades com que dispara as suas rimas. O single foi bem escolhido e ainda por cima é composto por dois beats, o que ajuda ainda mais a entender a versatilidade do jovem californiano de 18 anos. O EP Tales From The Basement está disponível para escuta e download. DJ Premier, um dos pilares do hip hop boom bap, já se rendeu ao protegido de R.A. The Rugged Man. Eu também me rendi.

– Gonçalo Oliveira


 

 

[FORÇA SUPREMA FEAT. DOPE BOYZ] “Cyfah”
(Dope Muzik x DJ Ritchelly apresentam: Overdose, Dope Muzik)

Força Suprema e Dope Boyz na sua descomplexada postura no que a lançamentos para as ruas (da internet) diz respeito. Ou seja: não estão com merdas. Reuniram-se todos para gravar uma mixtape surpresa cuja mistura tem a assinatura do mano DJ Ritchelly. Overdose (ou Over12) é “o que a rua pede”: trap incendiário, lírica street, linha de Sintra no sangue. “Cyfah” é um rap que contagia por ser agarrar a um tarraxo viciante, jogada que tem tudo para conquistar radiofrequências e uma comunidade – a lusófona – em épocas de celebração de novas emergências sónicas no mundo que fala português.

– Ricardo Miguel Vieira


 

 

[MOON WIRING CLUB] “Into The Chattering Club”
(Why Does My House Make Creaking Noises?, Gecophonic Audio Systems)

Dois novos álbuns, um em vinil – Why Does My House Make Creaking Noises? – e outro em CD – Playclothes From Faraway Places – marcam o regresso natalício de Moon Wiring Club. Este tema vem do vinil e é uma assombrada peça de electrónica imaginada para um clube com uma pista de dança povoada por fantasmas em vestes vitorianas, uma rave em tons sépia informada pelos sons da revolução industrial numa cave qualquer das docas de Londres em 1985. Ou algo que o valha.

– Rui Miguel Abreu

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