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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 19/10/2023

"HERO" é o primeiro single e tem a produção de BlaiseBeatz.

Nelson Freitas ambicioso rumo ao próximo álbum: “Esforcei-me imenso neste trabalho”

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 19/10/2023

Está em marcha o plano que levará Nelson Freitas até à edição do seu próximo disco, que tem em “HERO”, canção dada a conhecer no final da semana passada, o seu avanço inaugural.

Em 2021, o artista holandês, de origens cabo-verdianas, celebrava o fim das restrições sociais com o sexto álbum da carreira, Dpos D’Quarentena, onde colaborou com alguns dos maiores nomes da esfera lusofona, tais como Julinho KSD, Dino D’Santiago, June Freedom, Rony Fuego ou Tabanka Djaz. A história daquele que será o seu sétimo LP de originais começa, no entanto, bem antes disso, com o cantor a admitir que se trata de um sonho que tem vindo a alimentar nos últimos 10 anos, durante os quais tem prestado especial atenção à requintada tapeçaria sónica que tem vindo a ser tecida a partir da Nigéria.

Após um período a observar o fenómeno afrobeats de fora e a definir a sua lista de produtores favoritos dentro deste género musical, Nelson Freitas começou a estabelecer pontes com alguns dos artesãos mais importantes deste específico game, que agora o ajudam a reinventar-se num novo disco sem que a sua identidade se perca no caminho. No primeiro single desse trabalho, “HERO”, uma história de encontros e desencontros amorosos, conta com uma batida esculpida por BlaiseBeatz, nome que tem estado na principal montra da música com balanço africano ao somar créditos em temas de gente como Adekunle Gold, Chris Brown, CKay ou Wizkid.

Ainda sem confirmar o título ou a data de edição dessa sua próxima grande obra, Freitas trocou algumas impressões com o Rimas e Batidas e revelou mais alguns dos arquitectos sonoros que o ajudaram a alicerçar aquele que é um dos projectos para os quais mais se esforçou.



Já passaram mais de dois anos desde que editaste o teu último álbum, Dpos D’Quarentena, mas referes que andas a querer fazer este teu próximo disco há 10 anos. É algo no qual tens vindo a trabalhar paralelamente ou era apenas uma ideia que vinhas a germinar e só mais recente é que a colocaste em prática?

Na verdade, eu ando a trabalhar nisto há bastante tempo. Ao longo dos meus últimos dois ou três álbuns, fui sempre implementando uma ou outra canção dentro deste género. Trabalhei com o DJ Maphorisa, da África do Sul, com o Mr Eazi… Eu fui fazendo um ou outro tema dentro deste registo para mostrar para onde estava a dirigir-me. Neste próximo disco dou a volta a isso. A direcção dele é 90 ou 95% de para onde pretendo ir, enquanto que o resto vem de onde eu já estava. É do tipo: “Este é o Nelson Freitas a seguir em frente.”

No primeiro single, “HERO”, tens o apoio do BlaiseBeatz na produção, um nome bastante conceituado no universo afrobeats. Como é que se estabeleceu esta parceria? É algo que na vinhas a tentar há algum tempo?

Eu cruzei-me com o som do BlaiseBeatz através de um artista chamado Adekunle Gold. Assim que ouvi os beats dele, pensei: “Tenho a certeza de que, se trabalhar com este gajo, vamos conseguir fazer magia.” Eu amo as melodias dele, amo a forma como ele produz os temas. Então dirigi-me a ele, por intermédio de um amigo meu da Nigéria que mo apresentou, e trocámos mensagens pelo Instagram. Ele respondeu-me quase imediatamente. Ele sabia quem eu era e acompanhava o meu trabalho. Por isso, foi um match vindo dos céus. Nós criámos empatia de forma imediata e fizemos três faixas juntos.

No press release que anuncia a vinda do teu novo álbum fala-se ainda de que a restante equipa de produtores que trabalhou contigo não é menos impressionante. Sentes que apostaste as fichas todas para chegar a este disco? Poderá este ser o trabalho mais ambicioso numa carreira que, por si só, já é bem longa e recheada? E podes revelar alguns desses nomes que vamos poder ver na ficha técnica?

Posso dizer-te que me esforcei imenso neste trabalho. Eu dirigi-me a uma data de produtores que admiro e com os quais queria trabalhar. Ainda há muitos produtores com os quais eu quero vir a trabalhar, mas para este álbum fui à procura dos produtores que senti que conseguiriam ligar-se ao lugar para onde eu queria ir, sem que se perdesse a essência de Nelson Freitas. Eu trabalhei com o BlaiseBeatz, com o Kel-P, com o Yung Willis, com o Masterkraft… Todos eles são nomes grandes no game e desdobram-se em diversos estilos. Escolhi-os simplesmente porque adoro as formas como eles montam as melodias. Quando eu faço música, é tudo muito focado nas melodias e no beat, mas as melodias são muito, muito importantes. Eu sabia que eles conseguiriam trazer isso para cima da mesa e conseguiram mesmo.

Quanto ao conceito do “HERO”, que história é que nós quiseste contar através destes versos? E o que te levou a ter o inglês tão presente ao longo da letra?

A história do “HERO” é a história de duas pessoas que se conhecem, sabem que gostam uma da outra, mas talvez não seja a altura certa. “Se calhar conseguimos fazer isto, se calhar não. Mas se não for hoje, pode ser que dê amanhã.” Entendes? Talvez a altura não seja a indicada, mas sabemos que nos sentimos bem ao lado um do outro. É do tipo: “Talvez um dia eu possa ser esse herói para ti.” Ou vice-versa. A razão pelo uso do inglês, é uma língua que eu sempre usei ao longo da minha carreira. Por ter nascido nos Países Baixos, o holandês é a minha primeira língua e o inglês a minha segunda, até porque o meu pai vive nos Estados Unidos da América. Depois, obviamente, o inglês é uma língua mais internacional, que consegue chegar a mais pessoas. Quando comecei a fazer música em crioulo, as pessoas na Holanda diziam-me: “Nós amamos a tua música, só não a compreendemos.” Então, desde muito novo que canto em inglês e essa é uma das razões pelas quais consigo dar espectáculos no mundo inteiro. Ao ir para Portugal, decidi fazer uma música em português, “Miúda Linda”, cujo lançamento correu mesmo muito bem. Mas o português não é a minha língua principal. O inglês é sempre uma escolha óbvia para mim quando começo a escrever um tema. Se eu pensar numa melodia, a letra vem-me em inglês em primeiro lugar.

Arrisco-me a dizer que está é uma das batidas mais minimais que já usaste. De que forma sentes que esta paisagem sonora afectou a tua abordagem ao tema? E podemos esperar cadências semelhantes ao longo do álbum ou ele vai ser bem mais plural em termos de ritmos e melodias?

Quando dizes minimal, eu tendo a achá-la muito efectiva e directa. É isto que eu amo neste produtor. Ele não sobre-produz a canção. As melodias ganham vida e tu consegues escutar todos os sons de forma tão clara e simples. Essa é a chave para um bom produtor. Quando escutares o resto do meu álbum, vais continuar a escutar essas mesmas belas melodias, boas produções… Nada vai estar sobre-produzido, mas elas vão soar diferentes desta faixa. Nós dedicámo-nos de corpo e alma a criar cada tema como se ele pudesse ser um single, cada uma delas diferente da anterior e da próxima.


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