Fronteira-Mátria é o título do livro de poesia que Maze e Vinicius Terra vão editar em conjunto. A obra será oficialmente publicada por ocasião do FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos, a 18 de Outubro.
O livro, que aborda a relação transatlântica entre Portugal e Brasil nas pessoas dos próprios autores, reúne textos escritos por cada um ao longo do tempo. Reconhecidos sobretudo pela arte da rima no âmbito do hip hop, o novo projecto entre o rapper português — membro fundador do histórico grupo portuense Dealema — e o MC brasileiro — embaixador maior da lusofonia através do rap — resulta do trabalho que ambos desenvolveram nas respectivas plataformas artísticas durante as últimas décadas.
A a ideia de publicarem um livro em conjunto partiu de um convite feito pela Casa Fernando Pessoa, que desafiou os dois artistas a protagonizarem um espetáculo de comemoração do Dia de Portugal, em Junho do ano passado. Já sobre o título da obra que estão em vias de editar, Vinicius adianta, em declarações citadas num comunicado oficial: “Queremos ressignificar o conceito de nação. Se pensarmos no masculino pátria, no conceito, ele é austero. E se fossemos mátria, se Portugal fosse uma mátria? Se o Brasil fosse uma mátria? No sentido feminino da gestação, de gerar um ser, de acalentar um ser, de fazer crescer um ser. E não uma figura clássica do paterno austero”.
“O MC é um poeta. O poeta abrange todas as restantes nomenclaturas que se possa incluir aí: o artista de spoken word, o artista de slam poetry, o MC, o rapper”, explica André Neves, por sua vez, acerca da feitura de um livro de poesia a título pessoal. “Isso são tudo sucedâneos do poeta, ou versões diferentes do poeta. O poeta a posicionar-se de formas diferentes. O poeta é mais abrangente e é sempre primordial. Aqui estão os poetas, mas estão os poetas enquanto MC também”, acrescenta ainda.
Já para Vinicius Terra, o papel do rapper passa, da mesma forma e indissociavelmente, por uma expressão poética, sobretudo dos que com ele se formaram na cultura hip hop: “Os rappers dos anos 1990/2000 tinham muito essa preocupação estética com a palavra, com a mensagem. E dentro dessa ideia de mensagem, muitos dos nossos contemporâneos também estão a reivindicar o seu lugar na literatura. Mas não é só uma reivindicação nossa, as feiras literárias, os simpósios e académicos, doutorandos, mestrandos procuram muito e visitam muito o nosso trabalho para criar interfaces”, defende o MC canarinho que é, também, professor de Português e Literatura.
Além da apresentação agendada para dia 18 de Outubro, em Óbidos, há ainda a previsão — sem data definida, porém — de divulgação de Fronteira-Mátria no Brasil. Dias antes, os dois artistas actuam juntos no Festival Books & Movies de Alcobaça, a 13 de Outubro. Já o livro encontra-se neste momento em pré-venda no site da editora Urutau.
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