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Publicado a: 31/12/2015

House: A História – Conclusão

Publicado a: 31/12/2015

[TEXTO] Rui Miguel Abreu [FOTO] Direitos Reservados

 

As conclusões finais decorrentes dos capítulos do livro “House – A História”, assinado por Rui Miguel Abreu e editado em 2006, publicados no Rimas e Batidas.

Revejam todos os capítulos da série aqui. Efectuem o download gratuito do livro em formato PDF aqui.

 


“Contar uma história é certamente diferente de contar A História.” Eu tinha avisado. Espero, apesar de tudo, que do fluxo de referências históricas, factos, citações e conjecturas se possam erguer outras histórias pessoais e desejavelmente transmissíveis.

O género musical conhecido por house que hoje inunda milhares de produtos – de Mix CDs de todos os géneros a poderosos sistemas de som instalados em super clubes – tem com grande parte dos artistas aqui referenciados apenas uma tangencial relação. Tal como o hip hop, o house é hoje um negócio que vende muito mais do que CDs: vende um estilo de vida. Mas no início, house era celebração, comunidade, suor, som, ritmo e utopia. E era igualmente aventura, descoberta, tecnologia e sonho. Muitas dessas características perderam-se em favor de outros interesses.

 


 

 


Felizmente, o passado do house é ainda muito recente e todas as características essenciais que o definiram no momento do seu nascimento estão ainda frescas na cabeça de muita gente. Afinal de contas esse passado foi apenas há 20 anos. E discos como o por aqui mencionado “Acid – Can You Jack” (Soul Jazz) deixam bem claro que as duas décadas entretanto volvidas não retiraram um grama de validade ao som que se ergueu naquela época. house não é apenas o que o vosso DJ favorito tocou ontem à noite. House é, igualmente, história. Escrevo isto porque a dada altura impôs-se a noção de que no terreno da música de dança as coisas avançam muito rapidamente e os discos essenciais de hoje estão destinados às lojas de segunda mão de amanhã. Esta ideia de música descartável associada ao house – como se os discos fossem iguais aos iogurtes e também tivessem prazo de validade… – é quase uma heresia se pensarmos nas obras-primas que foram sendo produzidas nestas duas décadas. Encarar a história desta cultura como algo que se estende para lá da última Winter Music Conference é por isso mesmo vital. Afinal de contas, parte da mais relevante música de clubes a ser produzida hoje em dia não se coíbe de apoiar as suas investidas ao futuro num saudável revisionismo do exacto período em que o disco se começou a transformar em house.

 


 

 


Em Portugal também há um passado house. E curiosamente estamos num ponto em que muitas das figuras tutelares da nossa cena house são igualmente alguns dos seus mais importantes pioneiros – veja-se o sintomático caso de DJ Vibe (na foto acima), por exemplo. A história da nossa cena house está, claro, directamente ligada à história que se procura ilustrar nestas páginas. E, talvez não por acaso, a nossa história começa mais ou menos ao mesmo tempo que a deste livro termina. É, muito provavelmente, hora de deitar mãos ao trabalho.

Finalmente, uma pequena nota: comparado com o que hoje se pode meter dentro de um simples laptop, o equipamento que existia na maior parte dos estúdios caseiros de Chicago por volta de 1985 era risível. Pequenos brinquedos de plástico com personalidade ácida eram interfaces para o mundo dos sonhos: estas máquinas com números por nome ajudaram ainda assim a revolucionar o mundo, a transformá-lo. E, nessa altura, até as limitações eram vantagens que cada um dos devotos seguidores do Paradise Garage, Warehouse ou Music Box que um dia pegou numa 303 foi capaz de transformar em pulsante música que obrigou o futuro a chegar mais rapidamente. Não permitam que a vertigem de opções hoje disponível vos distraia: há um sistema de som que aguarda a vossa próxima criação.

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