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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 20/10/2023

O som de uma amizade transatlântica.

Faixa-a-faixa: Protocolar, Vol. II, de Janeiro e Paulo Novaes, explicado pelos próprios

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 20/10/2023

Da canção portuguesa à música popular brasileira vai um grande salto se tivermos em conta apenas o lado mais “cosmético” do som, mas em ambos os registos encontramos um certo tipo de sensibilidade ao nível da poesia. Motivo mais do que suficiente para, pelo menos, continuar a investir nessa tão importante ponte transatlântica à procura de lugares comuns onde ambas as tradições possam conviver em perfeita harmonia.

Num novo intercâmbio cultural, após as primeiras experiências em Protocolar, Vol.1, Janeiro (de Coimbra) e Paulo Novaes (de São Paulo) alcançam um terreno ainda mais firme neste segundo capítulo colaborativo, que tem como linhas-guia alguns mantras folk, várias nuances de rock (da balada ao mais funky) e, claro, detalhes tradicionais dos dois países em evidência. Todos este elementos são-nos mostrados numa toada experimental que eleva as 11 canções deste Protocolar, Vol II a um universo muito particular e personalizado, sinal do amadurecimento desta dupla que, após ter gravado o primeiro disco em Portugal, penso e executou este mais recente trabalho a quatro mãos no Brasil.

Com planos para apresentarem ao vivo este projecto do lado de lá do Atlântico algures no próximo ano, há pelo menos a certeza de que as primeiras datas serão protagonizadas em solo lusitano. Neste momento, o par tem várias passagens asseguradas para o mês de Janeiro de 2024, mais precisamente pelos palcos do Salão Brazil (dia 12, em Coimbra), Teatro-Cine (dia 13, em Torres Vedras), B.leza (dia 25, em Lisboa) e Casa da Música (dia 26, no Porto).

Antes dos tão aguardados concertos, o tempo agora é de celebrar um novo lançamento, de ensaiar as músicas e de trocar algumas impressões com o Rimas e Batidas sobre cada uma delas.


[“Intro”]

A “Intro” é um convite ao ouvinte para iniciar viagem no album através de um mantra com a primeira frase que resume e apresenta o conceito do disco, “Se não viver, nunca vai saber”. A parte instrumental possui diversos samples de sons da natureza processados acompanhados uma base etérea que navega por sob uma frequência, que aparece novamente em várias outras faixas do album.


[“Se Não viver”]

O mantra ouvido na intro do disco se desenvolve na canção “Se Não Viver”, que amplifica e expande a ideia proposta por Janeiro e Paulo Novaes. Além de provocar a ideia de vivermos experiências e criarmos vínculos e relações fora do nosso lugar comum, a canção também fala do tempo presente e de como as novas tecnologias nos afastam desse momento.


[“Pé na Areia”]

“Pé na Areia”, segundo single do album, é uma canção mântrica que começa logo no refrão, que em dado momento é interrompido por uma crítica social sob uma base eletrônica. Este momento nos faz refletir sobre o ambiente urbano que vivemos e também sobre os reflexos da globalização standardizada, que nos leva a pensamentos e mentalidade normativas.


[“A Conversa 1”]

Primeiro momento de improviso musical com Paulo Novaes no baixo, Janeiro na guitarra e Gabriel Alterio na bateria. A ideia foi propor um diálogo musical improvisado e livre entre os músicos.


[“O Que É Viver”]

Ao contrário da mensagem leve e de esperança que a canção “Vida Lá Fora” apresenta, “O Que É Viver” traz a mesma frase porém com uma abordagem mais agressiva e contestadora. Sob a célula rítmica do Maracatu, a canção faz um jogo de palavras sobre o mistério do que é viver e que desagua no mantra “Tem Vida Lá Fora”.


[“A Conversa 2”]

Segundo momento de improviso musical com Paulo Novaes no baixo, Janeiro na guitarra e Gabriel Alterio na bateria. A ideia foi propor um diálogo musical improvisado e livre entre os músicos.


[“Vida Lá Fora”]

“Vida Lá Fora” expressa o que ambos estiveram a viver desde a criação do álbum Protocolar, Vol. 1, projeto que têm em conjunto e que une Portugal ao Brasil. A ideia de investigar novas possibilidades de produção musical com o olhar sob uma perspectiva para fora do seu lugar comum, permitiu-lhes fazer uma leitura do mundo ao seu redor resultando numa mescla entre a canção portuguesa e a MPB.

Janeiro e Paulo Novaes partliham que “existe ‘Vida Lá Fora’, uma procura de encontrar modos de vida mais conectados com a essência natural das coisas, com o meio que nos rodeia, tentando libertar-se da desconexão que a tecnologia nos impõe no mundo de hoje em dia – quebrar o protocolo é, no final das contas, ser, com as três letras da palavra.”


[“Luz Estelar”]

“Luz Estelar” é uma canção que se traduz numa dicotomia temporal, começando com uma harmonia e melodia mais clássica que se junta a uma letra também ela mais tradicional. Em um dado momento há uma desconstrução da forma e do tempo que deságua num beat eletrónico com um refrão baseado na frase “Se não viver, nunca vai saber”, que se desenvolve em um longo improviso, quase como uma brincadeira entre Janeiro e Paulo Novaes.


[“A Conversa 3”]

Terceiro momento de improviso musical com Paulo Novaes no baixo, Janeiro na guitarra e Gabriel Alterio na bateria. A ideia foi propor um diálogo musical improvisado e livre entre os músicos.


[“Oxum”]

No local onde compuseram o projeto havia uma cachoeira na qual se inspiraram para criar o mantra/canção em homenagem à Oxum, orixá das águas doces. A sonoridade leve sob a base rítmica inspirada no ijexá, segue em mantra até desaguar num final doce e improvisado.


[“(A)final”]

A canção mais rock do álbum traduz indagações e incertezas sobre a vida mas se transforma numa outra estética ao culminar num eterno acorde de sol maior, que fecha o disco em clima de esperança e ao mesmo tempo a eterna dúvida sobre o mistério que é a vida.


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