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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 16/11/2022

Uma caneta que expande cada vez que se expressa.

billy woods actua na Galeria Zé dos Bois em Fevereiro de 2023

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 16/11/2022

O que o Rimas e Batidas desejou em Abril passado, a Galeria Zé dos Bois anuncia para o arranque do próximo ano: billy woods apresenta-se ao vivo na sala de espectáculos lisboeta a 2 de Fevereiro (amador assegura a primeira parte). Os bilhetes custam 13 euros e ficam à venda esta sexta-feira a partir das 10 horas.

Os seus primeiros passos remontam ao início do milénio, altura fértil para uma nova geração de MCs cuja mensagem e sonoridade se estava a afastar daqueles que eram os standards comerciais para o hip hop. Foi próximo de Vordul Mega — rapper que, em conjunto com Vast Aire, assinou o clássico The Cold Vein, enquanto Cannibal Ox, para a Def Jux — e surgiu discreto na sua própria Backwoodz Studioz, editora pela qual lançou apenas dois álbuns a solo durante a primeira década dos 2000. Ingressou em projectos como The Reavers ou Super Chron Flight Brothers, mas foi em 2012 que deu início a uma escalada — hoje sobejamente reconhecida pela comunidade próxima da vertente mais visceral da palavra rimada — quando se voltou a mostrar sozinho em History Will Absolve Me e se juntou a E L U C I D para formar os infames Armand Hammer.

Daí em diante, foi só bom veneno doseado numa catrefada de lançamentos, numa altura em que a sua rede de contactos também começa a aumentar, influenciando até alguns dos artistas mais jovens que foram surgindo no meio. LPs como Hiding Places, Terror Management, Brass, Paraffin, Shrines, Haram ou, mais recentemente, Aethiopes e Church ‎mostram como woods consegue amarrar um modesto mas fiel culto de fãs, sedentos pela próxima gota de verdade pura e dura que lhe sai da caneta. Introspectivo muitas das vezes, feroz quando o assunto requer um outro tipo de tratamento, mas sempre alarmista no que toca a avisar “os seus” para os desafios que a sociedade lhes vai impor ao longo das suas vidas. Rap deste calibre, sem filtros, está nas preferências de gente como Earl Sweatshirt, The Alchemist, Pink Siifu ou Aesop Rock, alguns daqueles com quem o rapper de Nova Iorque tem colaborado.

Em Agosto último, Alexandre Ribeiro colocava Aethiopes no pedestal reservado para os melhores discos da primeira metade de 2022:

“A capa e o título nem sempre revelam grande coisa sobre o conteúdo e a direcção de um álbum, mas billy woods quis deixar tudo claro à partida. O recorte da pintura de Rembrandt e a palavra ‘aethiopes’ vêm do mesmo sítio: visões europeias sobre África e negritude. Ambas remontam para outras épocas e outras vivências, no entanto, o rapper de Armand Hammer sabe bem que essas condicionantes ainda são sentidas no agora, construindo narrativas com mais do que duas dimensões, muito densas em termos de vocabulário e de emoções, e transformando os cenários à sua volta com a uma caneta absolutamente cáustica. Preservation foi o companheiro constante em Aethiopes, criando os 13 beats, e nomes como El-P, Boldy James, Quelle Chris ou o parceiro de grupo E L U C I D deram outros ângulos (bem definidos, diga-se) às suas histórias.”


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