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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 24/05/2019

A DJ e produtora de Chicago actua esta noite na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa.

Ariel Zetina: “Os DJ sets também têm de ter uma certa teatralidade”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 24/05/2019

A certo ponto da entrevista com Ariel Zetina estamos a rabiscar furiosamente o nome dos Square One, banda com que a produtora e DJ proeminente na cena de Chicago se diz obcecada. Já temos apontada essa tropicalidade do soca, a sincopação do brukdown, a ginga do punta — três vectores da tradição sónica de Belize, país de onde é natural, adjacente ao México e banhado pelo mar das Caraíbas. Em chamada pelo Skype, não ligamos as câmaras, mas é imanente a pura delícia, o sorriso com que Zetina, auto-proclamada coleccionadora de sons, discorre sobre a música mais formativa na sua vida.

Uma hora de conversa, pontuada por gritos entusiastas (de ambas as frentes) e uma análise da carreira de Rihanna. É um diálogo que, a cada volta, deixa perceber como chegámos à imagem de Zetina enquanto matriarca da vida nocturna de Chicago, senhora com uma visão holística do seu trabalho e paladina da segurança e criatividade queer, ou como a performance art e o teatro (onde continua em actividade) se tornaram incubadoras para a sua arte.

“Muito do que se canta é sobre sexo e roçar em pessoas, torna-se frequentemente muito político”; ao contrário do lugar subserviente que muita cultura sonora lhes reserva, na música de Belize, “muitas mulheres cantam sobre coisas sexuais muito intensas, activamente”. Imputar uma energia igualmente libidinosa aos sons enigmáticos de Zetina será controverso, mas não é difícil perceber de onde nasce o seu pendor transgressivo.

Organism é uma colecção de quatro faixas interpelativas e pessoais, que se emprestam ao pico febril da pista de dança, mas partem de algo mais interior, seja a colonização ou o sexo, a reapropriação de insultos ou o mar catártico. O Rimas e Batidas falou com Zetina, que toca pelas 22 horas na festa Suspension, hoje na ZDB.



Ariel, como vai a digressão?

Está a correr bem! O meu primeiro concerto é na quinta-feira [ontem]; toco em Berlim e depois vou até vocês em Lisboa, e depois a Zurique e Manchester nos dias seguintes. Será bom. São menos que duas semanas, é uma tour pequenina [a segunda pela Europa]; estou muito contente por estar na Europa quando está bom tempo. É sempre tão bom. Estou muito entusiasmada por poder ir à água, tem estado tão fria em Chicago.

Ainda és um nome crescente em Portugal e é interessante desconstruir a tua imagem em Chicago enquanto ícone da vida nocturna — o teu começo passou pelo teatro e pela performance art.

Sempre, logo desde tenra idade. Sinto que muitos artistas e pessoas gays sempre terão isso, especialmente quando não és um artista visual: esse será o mundo a que chegarão primeiro, pelo menos nos EUA. Fiz isso durante algum tempo e, na universidade, desviei-me para a escrita. A partir daí, entrei na performance art, porque tinha 20 anos e estava revoltada com o conceito de teatro: fazia pintura pontilhista em mim mesma durante performances operáticas em discotecas, e estava a usar muita música electrónica.

Aí, entrei na produção musical, antes de mais; estava a procurar material e pensei que teria de encontrar algo mais específico, pelo que comecei a produzir em regime autodidacta, o que se transformou em fazer DJ. Ao mesmo tempo, estava a sair muito [à noite]; a música electrónica sempre constituiu grande parte da minha vida, mas nunca foi a minha prática durante muito tempo. Eu encenava peças e sincronizava-as com música electrónica e esse era o alcance disso, praticamente.

Produziste essas primeiras faixas tendo em mente que seriam uma actuação, os móbeis de uma performance?

Sim! Sinto que, sempre que estou a criar material para uma performance, é muito semelhante ao que eu fazia com os vocalistas ou fazer a score — haveria muitos samples texturais, batidas de house ou techno muito simples; experimentava com música ambiente. Acho que isso é a coisa mais importante para mim: não se trata de criar uma obra completa, mas algo que suplemente o que está a acontecer. Gosto de trabalhar dessa forma. Vejo o meu trabalho de forma diferente, ajuda-me pensar em como isso faz parte de um todo.

Alguma vez ouviste comentários sobre a tua música? Que tipo de atenção recebia?

Acho que nunca ninguém me perguntou isso. Completamente, acontecia sempre! [risos] Especialmente quando eu encenava peças na escola, as pessoas dir-me-iam “os melhores elementos foram as transições musicais!” ou comentários sobre as minhas selecções. Sempre fui extremamente obsessiva sobre compilar e coleccionar música desde muito nova. Devido a isso, pensava que teria de fazer isto perfeito desta forma. Entrei em muitas lutas com designers de som, porque eu seria extremamente específica na encenação de peças.

Ultimamente, tenho voltado ao teatro e a trabalhar no departamento sonoro; é um sítio muito melhor para eu estar, tendo controlo, e não tenho de estar a interpretar algo em colaboração com outra pessoa. Numa peça que fiz quando tinha 20 anos, [disseram-me que] a única parte boa foi a música; tudo o resto foi muito entediante. [risos]

De que forma estás a regressar ao teatro?

A minha encenação de uma peça que escrevi em 2011, em Baltimore. Neste Verão, estaria no About Face Theatre, em Chicago, que trabalha principalmente com a juventude queer, e estão a conceber um espetáculo numa discoteca em que participarei, até porque queriam ter uma DJ que trabalhasse com eles. Foi o primeiro sítio onde trabalhei em Chicago, é um momento de círculo completo. Também estou a trabalhar num novo projecto que será algo Hollywood, Valley of the Dolls, A Star is Born. A minha vida secreta como dramaturga! [risos]

Pratiquei isso durante algum tempo em simultâneo com a minha performance art; tenho peças que foram encenadas em alguns sítios; sinto que estou a ter a minha segunda viagem com isso, depois de há uns três/quatro anos ter tido um momento de “nunca mais quero fazer teatro! Só me quero focar na música!” Para mim, devido à minha prática na escrita, vejo o processo de escrever música como muito semelhante. Estou a tentar usar mais escrita, os meus próprios textos, em vez de os recolher de outro lado. Os DJ sets também têm de ter uma certa teatralidade.

Uma forma de engajar o público.

Exatamente. Pelo movimento, pelo tempo, não necessariamente pela narrativa. Penso sempre sobre isso, e como estudar essa forma artística me ajudou bastante.

Voltando ao começo desse círculo, como foi ser confrontada com a vida nocturna, a cena de Chicago? Como foi esse misto de sensações?

Na altura, estava muito expectante. Estava muito obcecada com a ideia de totalidade no teatro, fazer-te sentir que as coisas estão realmente a afectar-te a partir de todos os ângulos, e penso que quando comecei a entender onde ir no underground de Chicago, em vez de só a cena gay local como quando era muito novo — sem gostar de música, estão a tocar remisturas de dança do top 40, o que não é a minha cena; sei que há música, mas não sei onde.

Acho que estou muito dentro da ideia de sentir a música electrónica, as vibrações corpóreas, uma experiência total quando perto de um bom sistema de som. Estava a começar a fazer a minha transição [de género] quando comecei a sair mais e senti-me mais confortável a expressar-me no escuro da discoteca, onde podes tomar mais riscos, onde ninguém te pode ver, ninguém te olha no meio da estrada. Não estava a encontrar isso necessariamente noutros sítios da vida.

A tua experiência nocturna parece ter sido um catalisador para a tua libertação, em vez da tua identidade condicionar o teu divertimento. Isso é muito curioso, sendo que há sempre alguma ambivalência sobre se a noite é ou não segura para gente queer.

Sinto que essa é sempre uma questão que eu tenho. Eu penso muito na ideia de como nenhum espaço será total e inalienavelmente seguro a qualquer momento — não estamos num mundo perfeito, depende da sorte. Mas acho que a discoteca, se quiseres fazê-lo um espaço para ti, podes. Acho que os eventos em que participo e faço curadoria permitem — como este em Lisboa, que anseio muito. Fico feliz pela existência destes espaços, mas também os há no sentido contrário: há salas de Chicago em que não ponho os pés. Às vezes, faço-o intencionalmente, reconhecendo mesmo essa bagagem que virá acarretada.

Toda essa experiência passada informaram a concepção do Diamond Formation e Cubic Zirconia [festas realizadas por Zetina em Chicago]?

Nunca nomeio as minhas festas com algum descritor “queer/espaço seguro /etc”, o lado sónico é o mais importante. Tento certificar-me de que as pessoas a trabalhar na festa vêm de vários sítios, há alguma interseccionalidade e diversidade entre todos. Sinto que quando isso acontece, a sala torna-se um espaço queer por excelência, independentemente do resto, porque as pessoas que o estão a impulsionar são da comunidade, pessoas de cor, etc. Também faço as minhas festas acessíveis a todos, até porque o fulcro é [a partilha de] música. Quando as pessoas me contratam, verifico se não o estão a fazer para preencher um espaço com uma mulher ou uma pessoa de cor ou um indivíduo trans, entendem mesmo o que estou a fazer.

Não é suposto haver tokenismo, é suposto focarem-se na música.

Exacto. Não é que não aprecie alguém a designar as minhas festas como “queer”, mas a ideia da Diamond Formation, trazendo grandes nomes do mundo inteiro começou só com uma mão-cheia de DJs a representarem-se a eles mesmos, vindos de sítios mais amplos, duplicar este papel de curador e criador. Eu tento sempre preencher essas lacunas com pessoas que querem festejar da mesma forma que eu; tento trabalhar com performers e hosts e digo-lhes que quero mesmo estar e sair com eles, e costumam ser pessoas queer, o que é óptimo! Penso muito em como as pessoas se esquecem disso: eu quero falar com as pessoas na festa, saber que se estão a divertir e saber se eu própria estou, o que condicionará o resto.

Não vês as tuas festas como tu a teres de estar numa posição monolítica; tens de estar mesmo presente. 

O pessoal vem às minhas festas e pergunta-me se já toquei, e normalmente sim — sinto que sou mais quem arranca aquilo, estabeleço o ambiente. Quando faço digressões, consigo fazer sets em nome próprio no prime-time, mas o meu trabalho em Chicago é preparar e satisfazer a noite, e de vez em quando também ter esse momento de “bang it out” e ser uma das estrelas, mas isso fica reservado para outras pessoas. Eu tenho a oportunidade de tocar frequentemente em Chicago — se perderes este, vou ter outro já de seguida [risos].

É importante veres que esse é o teu papel, quando te chamam “Mãe da Windy Club Scene” nos jornais. Como te revês nisso?

Acho que eu… demorou algum tempo até eu assumir algum papel assim, a preparar-me. Há montes de DJs em Chicago que são esplêndidos e eu sinto que é o meu papel assegurar que eles estão bem a nível pessoal; e as pessoas que trabalham só pelo gosto, acho que, para mim, quando entrei, tinha muitos mentores, mas hoje é muito fixe que toda a gente se ensine a si mesma.

Sinto que, de várias formas, ajudei a trilhar o caminho para DJs mais jovens, um som diferente em Chicago. Na Futurehood, um colectivo de DJs semelhantes à minha música, e na Tropicteca, que também acontece em Chicago — estilos muito específicos de música de dança, por um grupo queer. Vejo muitos dos DJs que me rodeiam como mentores, um bocadinho mais velhos tal como eu sou mais velha que os novatos.

A minha festa ideal consiste em ouvir outra pessoa e não necessariamente eu a tocar o set [principal]. Reconheço que muita gente só pode tocar uma ou duas vezes por mês, o que também me aconteceu no início. É importante, com uma posição de reconhecimento assim, mantermo-nos humildes.

Eu não quero mencionar isto assim do nada, mas houve uma morte na comunidade queer de Chicago, um dos meus melhores amigos, e especialmente agora temos estado… eu quero funcionar como a mãe da cena, porque é mesmo necessária agora essa compaixão. Desde a Primavera que tem sido muito importante cada artista ser o melhor que consegue e estar lá para os outros, os companheiros queer. É muita sorte que — já não estamos a viver nem há 40 nem há 10 anos sequer, quando não havia espaços para pessoas trans em lado algum — mas hoje podemos funcionar independentemente, sem ter de sempre pedir ajuda às outras pessoas, mas sinto falta dos dias em que desejava que estivéssemos em casas, e chamando-nos “chosen family”. Percebi com esta morte que a família biológica e a amigos merecem a mesma quantidade de amor. Não é somente um amigo meu a morrer, é parte da minha família.

A tua perspectiva desse reconhecimento da regra é muito nobre. Ganhaste muito reconhecimento, começaste a impulsionar o teu nome enquanto DJ, mas estás a ganhar reconhecimento agora enquanto autora, criadora da tua própria música. Isso veio com o teu último EP, Organism. Tenho alternado muito entre o teu disco e o novo [Dedicated] da Carly Rae Jepsen.

Oh meu Deus, adoro isso. [risos] Também sinto que estou sempre a ouvir pop a qualquer momento e depois algo super bizarro, adoro isso.

O que é que estás a ouvir agora?

Óptima questão, sinto que tenho estado a ouvir exclusivamente duas coisas, no mundo da música da dança e depois fora dele: tenho estado obcecada com o novo DJ-Kicks da Laurel Halo que saiu, há tantos momentos fascinantes nessa compilação. Esse é o meu go-to, dado que ando muito no aeroporto agora. E também o set dos LSDXOXO na Boiler Room. E também passo muito tempo a ouvir só mixes, o que tem sido muito agradável e inspirador em termos enérgicos e chama a tua atenção. E o disco da Kacey Musgraves! Eu sou de Jacksonville, Geórgia, cresci com música country, que é algo muito grande para mim. Acho que o Golden Hour está fantástico.

Ficaste contente com o Grammy [recebido por Golden Hour, para Álbum do Ano]?

Sim! Ela canta sobre ficar com a moca, é super liberal, adora gays e é muito vocal sobre o seu apoio. Fico contente por ela ser a cara da música country em vez da Taylor Swift. Liricamente, é muito bom, captura aquilo que é bom e cheesy do country.

Fala-me da tua progressão entre o “Quiero”, o EP Cyst e este último Organism.

“Quiero” foi só um single do meu velho projecto Unicorn Florida, mas sim, e depois o Cyst. Vejo-o como a minha estreia, quando comecei a fazer música estava muito dentro da ideia do PC Music agora e esta coisa pós-Internet, mas achei que era extremamente branco, e pensei sobre a descolonização disso. Sinto que estava tão dentro dos bleeps e bloops… estou orgulhoso do trabalho que fiz nessa altura, mas tem um senso de não se levar muito a sério. Ainda estou contente, recordo essas produções e tentar interiorizar ensinamentos de como não entrar em megalomania e não pensar demasiado. O Cyst foi… eu tinha duas canções que foram feitas parcialmente para serem performances, ainda dos meus primórdios, coisas em que andava a trabalhar na altura, juntei-as mas não foram feitas como uma colecção. Isso foi um grande momento para mim: “consigo ver o alcance de onde vai o meu trabalho e aquilo em que estou interessada de forma mais holística”. Para o Organism, esse foi o meu primeiro EP, uma colecção integral.

Até o título sugere isso. É esse o significado?

Sim! Quando pensei no título, queria esta ideia de parecer uma criatura, uma entidade que se move, respira, dar-lhe vida. Esta a pensar no uso de vocais tal como a Yaeji, Klein ou a Laurel Halo; todas estas pessoas que usam a sua voz nas suas produções, e mostrar algo sobre elas, tentar interpretar isso em instrumentais, e eu estava a pensar que isto tem uma humanidade, mas a palavra Organism também sugere algo mais científico, distante disso. Muito disto foi sobre memória, ligar passado a presente, retratá-los como a mesma coisa — Organism como mostrando a mesma história, mas é uma obra muito curta, consegues isolar qualquer momento que queiras. O meu melhor amigo disse-me tal e qual o que eu estava a pensar: está muito perto da palavra “orgasm“, queria que fosse assim um trocadilho sexy, não que se levasse muito a sério. Mas de forma subtil, campy, num significado secundário. É uma palavra tão bela e singular só por si.

É interessante como Organism pode ter essa acepção sexual, porque a primeira canção (“Establish”) parece emanar uma vibração de dominância mais sensual.

Sim. A inspiração inicial para essa faixa foi estar a pesquisar pela definição de colonização no dicionário, para saber como definem o termo agora — uma das acepções era “estabelecer-se [em algo]” e isso é algo muito interessante. É uma forma bizarra de o imaginar, apesar de ser o que acontece. A única outra vez em que ouves a palavra colonização é em relação a bactérias. Acho que essa foi a minha visão inicial, e o desejo sexual em relação à colonização e como esta versão de agressão ou maldade pode ser interpretada em formas divergentes e passar à ideia da minha voz ser a força dominante, ou pedir por algo que se estabeleça no meu corpo — é a viragem disso que é o coração da faixa. Queria que a música desembrulhasse estas ideias de como praticamos colonização no nosso corpo quer, de forma intencional ou não, mas também queria que fosse sexy e pessoal. Quero sempre que a minha música tenha um ponto de acesso. Não vais obter uma história da descolonização através da minha música, mas será sempre um aspecto pessoal da obra. Eu pensava muito em como poderia tocar isto ao vivo e preservar a experiência diferente em casa.

A tua intenção com essa faixa parece atravessar todo o EP. Por exemplo, a “Putamaria” parece uma faixa intrinsecamente queer, apropriando um termo extremamente derrogatório, machista, dando-lhe outro significado mais vibrante, para ser gritado por outras pessoas.

É um termo tão carregado, mas está incorporado na faixa numa forma muito polivalente, não é só alguém a dizer “rameira” em inglês. Há certas propriedades do castelhano que romantizam estas palavras, porque soam mais belas quando usadas musicalmente. MORENXXX, com quem fiz a faixa, faz DJ e produção, escultura, performance art, realidade virtual, vídeo — mas a conversa para fazer isto partiu de uma conversa sobre o trabalho que desenvolvem, que parte de furacões, ou a ideia da storm — reapropriar a força, a intensidade da destruição do furacão. É uma noção muito carregada para eles, a do furacão. Em Porto Rico, um dos seus primos começou a chamar ao furacão “Putamaria”, uma forma derrogatória de se referir a um furacão, e decidimos usar isto numa faixa. Acho que há algo muito circular nessa canção e muito caótico também, e fico contente por essa energia transparecer na canção — esse era o objectivo.

É engraçado pensar como os ouvintes que desconhecem a língua poderão ouvir “Puta” como um termo musical.

Certo, porque muita gente o ouve e não conhece a definição; está em muita música latina, como house, e acho que é muito engraçado. Quantos nomes de DJs noutras línguas poderão ser muito bonitos e eu penso que são simplesmente os seus nomes?

Quando tocares a “Putamaria” em Portugal, toda a gente vai saber do que é que estás a falar.

[Grito entusiástico] É isso que é tão entusiasmante. Estou tão expectante para ir a Portugal. A minha cantora em três faixas do disco é uma das minhas principais colaboradoras que estará também no meu próximo EP. Ela nasceu no Brasil mas viveu em Lisboa e já me contou imensas histórias sobre viver aí. E tenho ouvido tanta música pop portuguesa: tudo o que a Violet anda a fazer; ando obcecada com a Odete; estou muito entusiasmado para ver tudo por aí e aprender algo sobre a minha própria arte, que é algo que acontece sempre quando a reproduzo de novo.

Sobre o concerto em si, estás a planear algumas surpresas? Tentar trazer o ambiente de Chicago?

Eu quero sempre dizer “techno”, mas acaba por ser techno com reticências. Techno é mais um processo do que uma estética, para mim. Adoro o techno que segue a estética tradicional mas também qualquer coisa com um kickdrum é techno para mim. O que fiz no Organism, mas em formato DJ: música de dança mais rápida, acid house, música de Belize. Esse é o equilíbrio perfeito para mim. Tenho estado entusiasmada a misturar alguns dos géneros principais de Belize — cresci a ouvir, por exemplo, soca, algo que não imiscuí na minha música até ao último ano—seis meses. Uma versão nightclub do meu EP. Acho que eu provavelmente vou passar faixas da Príncipe, eu tento fazer todos os meus sets bastante locais e tento trazer novidades em momentos oportunos.

Estavas a falar de techno e tu falaste também de Barbados. Já sabes onde vou com isto: “Techno, but Rihanna”.

Oh meu Deus, sim, exacto! É tão engraçado que digas isso, eu estou sempre a dizer isso. O meu melhor amigo da escola secundária mostrou-me esta faixa aleatória do segundo álbum ou algo da Rihanna.

Qual?

Algo como “Something I Ever Loved”. É muito simples. Eu vou mandar-te logo que consiga. Deixa ver se consigo encontrar. A Rihanna é a popstar ideal para quem quero produzir, eu adoro tantas, mas eu faço-te as melhores coisas. Se eu a conhecer, vou ser super confiante e dizer que preciso de produzir para ela. Isto precisa de acontecer.

A propósito da nova fashion house dela, revelou à T Magazine [do New York Times] que vai fazer um álbum de reggae.

Ouvi dizer! Vi um vídeo do YouTube [risos] sobre “o que é que a Rihanna vai fazer a seguir? Onde está ela no próximo mês? Rumour has it!” e eu estava a pensar “isto é fantástico.” Era esta a música de que te falava!  [começa a ouvir-se no fundo “If It’s Lovin’ What You Want”, do álbum Music of the Sun, de 2005, que começamos a cantar] E há mais formas de ela entrar na música de dança sem ser a pop da “Don’t Stop the Music” ou da “S.O.S”.

Consigo totalmente imaginar a Rihanna a dançar “Putamaria”.

Exactamente! Exactamente! Ainda bem que também sentes isso. [risos]


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