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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 18/12/2023

Um pilar do som da Motor City.

Amp Fiddler morreu aos 65 anos

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 18/12/2023

Joseph Anthony Fiddler, conhecido artisticamente como Amp Fiddler, faleceu esta noite aos 65 anos de idade. A notícia foi primeiramente divulgada pela Faith Fanzine e confirmada por múltiplas fontes pouco depois. O lendário músico de Detroit, com longa e aplaudida carreira nos terrenos da soul e não só, era uma figura amplamente estimada.

Fiddler estreou-se em nome próprio e como líder há exactamente 20 anos com um registo que é hoje visto como um clássico moderno, Waltz of a Ghetto Fly, trabalho que na altura mereceu uma crítica de Rui Miguel Abreu na revista Op:

“Gilles Petterson é fã. E se isso servir para muito mais gente descobrir o som de Amp Fiddler, tanto melhor. Se o nome não vos diz nada, experimentem pensar nos P-Funk Allstars de George Clinton ou na The Detroit Experiment de Carl Craig, pois é aí que se encontram as raízes deste músico e vocalista que em Waltz of a Ghetto Fly volta a reequacionar as coordenadas espácio-temporais para fazer erguer de novo aquela atmosfera tipicamente seventies que se desprendia dos discos de Stevie Wonder e Sly Stone. E não, não é apenas o falsetto que nos dá essa indicação. É toda a atmosfera laid back, os grooves lentos, os arranjos ricos e os teclados que inundam as margens das canções. Amp Fiddler é um músico completo, que canta as grandes questões espirituais (o sonho, o amor, a paz e a guerra, a intimidade…) com a voz própria de quem atravessou com algumas mágoas as barreiras que as histórias relatam. ‘Dreamin’’, ‘Love & War’, ‘You Played Me’ ou a obra prima ‘Waltz of a Ghetto Fly’ são pérolas maiores. Há que guardá-las!”

Em 2006, com Afro Strut, Fiddler lançou aquele que seria o segundo título na sua produção discográfica mais autoral. Sobre esse disco, o director do Rimas e Batidas também deixou palavras elogiosas, nas páginas da revista Blitz:

“Ao segundo álbum, Amp Fiddler continua a explorar a herança da soul de vocação mais funky, com ecos de Stevie Wonder impossíveis de disfarçar (é assim o seu timbre), mas com muito saber e classe, aumentando claramente a fasquia do seu álbum de estreia. A produção de Fiddler é também informada pela geração hip hop (Jay Dilla era seu amigo…) e isso dá um toque especial à sua música.”

A trajetória musical de Fiddler é notável. Inicialmente membro do grupo de soul Enchantment nos anos 70, posteriormente colaborou como teclista com os influentes grupos Parliament e Funkadelic de George Clinton. Fiddler trabalhou abundantemente como músico de sessão e deixou marcas em registos de Warren Zevon, Was (Not Was), grupo do actual director da Blue Note, Don Was, tocou em Graffiti Bridge de Prince, colaborou com os sul-africanos Ladysmith Black Mambazo, e tocou até em Duophonicêxito da dupla Charles & Eddie que incluía o clássico “Would I Lie You You?”. Em anos mais recentes fez-se ouvir em registos de Moodymann, Kyle Hall, Omar S, Andrés ou Rick Willhite, verdadeiras referências para a melhor música de Detroit que continua a abalar pistas de dança.

Além da sua imensa contribuição directa para a música, Amp Fiddler também foi um educador musical dedicado. Fundou a escola de produção musical Camp Amp enquanto residia em Los Angeles nos anos 80, e ao retornar a Detroit, continuou a inspirar jovens locais através da escola. Artistas notáveis como J Dilla, Waajeed e Andrés beneficiaram da sua dedicada tutoria.

Embora a causa da morte não tenha sido revelada, informações indicam que Fiddler lançou uma campanha de crowdfunding no ano passado para financiar a sua recuperação contínua e retorno aos palcos após enfrentar uma doença não especificada. 

Motor City Booty é o título do seu mais recente lançamento a solo, datado de 2022.


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