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Publicado a: 23/09/2016

True Blood: “Há algum tempo que andávamos a falar de formar o projecto oficialmente”

Publicado a: 23/09/2016

[ENTREVISTA] Rui Miguel Abreu [FOTOS] Valter Franco

 

O sangue que corre nas veias dos membros dos True Blood é o mesmo: DJ Big e DJ Kwan são irmãos. O novo projecto surge da vontade de trabalharem em conjunto e continuarem a demonstrar o porquê serem dois dos nomes mais respeitados da nova e velha escola.

Rui Miguel Abreu esteve à conversa com os True Blood num momento de descontracção no Park e descobriu o que o move este projecto conjunto. Amanhã, a dupla toma conta dos pratos no clube lisboeta e promete clássicos, sons de agora e muitas surpresas. A não perder, pois claro.


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Big, vou começar por ti. Quero que me contes: Este gajo arreliava-te muito quando tu tentavas mexer nos pratos? Como é que era a dinâmica territorial lá em casa?

[BIG] Nós nunca vivemos juntos, totalmente juntos.

Mas visitavas?

[BIG] Sim, visitava e ia para lá mexer nos botões e ele via logo, mas quando era mais novo. Ficava todo lixado, como é óbvio (risos). Mas agora ’tá-se bem. Inicialmente, quando comecei esta nova fase, ele nem sabia. Ele só me viu a saber alguma coisa. Eu já sabia misturar. A partir daí ’tá-se bem.

Isto é a primeira vez que criam um projecto em que estão juntos?

[KWAN] Sim, oficialmente. Já tocámos juntos, temos feito coisas juntos. Como produtores assinámos uma remistura para a Da Chick e passamos montes de tempo juntos em situações de família, na noite, a curtir DJs que gostamos ou ouvir discos, whatever. Há algum tempo que andávamos a falar de formar o projecto oficialmente e chegou agora a hora. Temos também aqui um bocado de espaço nas agendas.

Qual achas que foi a grande lição que aprendeste com o teu irmão? Se aprendeste alguma coisa…

[BIG] O gosto musical foi logo uma grande lição. Estar no quarto e ouvir só hip hop. Se não tivesse estado nesse quarto, nessa altura, se calhar estava no punk rock ou assim. Todos os dias a aprender um com o outro. Ele é o mais velho e é normal que o mais novo aprenda sempre alguma coisa.

 


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E tu, Kwan: que lição é que ele te ensinou?

[KWAN] Várias. Na verdade, desde que estamos mais juntos por causa da música, sinto que aprendo mais do que lhe estou a ensinar a ele. Como tu sabes, o mercado da música está sempre em constante ebulição e estão sempre coisas novas a aparecer e tu muitas vezes tens que te relacionar com certas pessoas ou ter grupos no Facebook ou tens que andar à procura e o meu irmão, sendo de uma geração mais nova e tocando com pessoas mais novas, passa-me informação que dificilmente teria.

Há uma espécie de competição saudável entre nós que sempre fez parte do hip hop e faz-nos puxar um pelo outro e tentarmos sempre melhorar. A principal lição que ele me ensinou, talvez seja pá, na verdade é um processo e valores que eu já tenho mas que me dão vontade de trabalhar. Ele trabalha muito e por isso é que em três anos a conseguiu o que demorei a conseguir em dez anos. Ele tem um método de trabalho bom, é focado e não é preguiçoso.

Além de serem uma dupla de DJing são também uma dupla de produção. O que é que está pensado nessa área de estúdio?

[KWAN] Neste momento, fizemos a remistura para a Da Chick do “Until Night is Day”. Vamos concentrar na actuação ao vivo com os três pratos e os samplers. Um espécie de DJ set com uma cena mais dinâmica e técnico. Para já o nosso foco está aí. Não temos nada preparado para ir para estúdio. Talvez amanhã quando estivermos essa parte preparada pensemos nisso.

Em termos de panorama internacional, dois ou três nomes que neste momento são inescapáveis quando estás a tocar?

[BIG] Drake, Joey Bada$$ e Kendrick Lamar.

[KWAN] Eu podia dizer os mesmos… (risos) Mura Masa, Drake (que é o mesmo) e De La Soul.

E no panorama nacional? O que é que vos pica, inspira, desafia, excita neste momento?

[KWAN] Graças a deus existe muita gente boa a fazer música hoje em dia. Agora, os artistas que eu tenho passado actualmente são o Holly Hood, Regula e o Sam The Kid.

[BIG] Para mim é Sam The Kid, Holly Hood e o homem que não tem nome – o gajo está-me a picar bué. Foi um gajo que descobri que não tem cenas lançadas e vou começar a tocar a cena dele e, se calhar, quando começarem a ouvir as pessoas vão ficar picadas também. O homem nem sequer tem nome.

 


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Mc ou produtor?

[BIG] MC e produtor.

No que diz respeito à vossa residência: é uma residência ou uma visita apenas?

[KWAN] Na verdade, ambos tocamos aqui regularmente e já tínhamos definido quando fosse a primeira vez que queríamos apresentar o set seria aqui. E pelas relações que temos com o Park.

O que é que as pessoas podem esperar dessa apresentação mais sólida de True Blood?

[KWAN] Vamos ter que alterar um bocado o set que temos. Nós temos um set preparado para um festival. Uma data grande. Obviamente que quando tens alguma experiência a tocar percebes que um set de festival nunca pode ser igual a um set de club.

Vamos ter que adaptar esse set que já temos – mais ou menos – montado aqui ao Park. Há-de ser algo que misture técnica com pista de dança. Mostrar algumas coisas novas às pessoas que não conhecem também me parece importante. Há-de ter música nacional, há-de ter electrónica e há-de ter hip hop. Vamos estar a curtir os dois, de certeza.

[BIG] Da minha parte acho que o melhor é esperarem tudo e não esperarem nada (risos). Vamos ter muitas surpresas e acho mesmo que as pessoas não vão estar à espera do que nós vamos fazer.

Em termos individuais, o que é que se anda a passar aí na tua carreira?

[BIG] Tentar preparar o novo DJ set de Inverno.  O Inverno também é aquele tempo para ficar em casa e quero focar na produção. Como o meu irmão trabalha e eu não, tenho mais tempo para produzir mais algumas coisas.

[KWAN] Vim do Verão que foi bastante bom e vou fazer uma espécie de continuação Verão a apostar no set multimédia que tenho em que estou a “scratchar” som com imagem ao mesmo tempo. Tive algumas solicitações para fazer esse tipo de set. Um dos focos é o projecto True Blood que agora vai arrancar. Tenho datas importantes académicas marcadas e outras até customizadas desse set – que as pessoas começam a perceber que realmente é original e é dinâmico. A minha ideia é essa. Ter datas em que toque para muita gente. E, eventualmente, no meio disto tudo arranjar tempo para produzir outro tema.


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