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Publicado a: 02/03/2018

#ReBPlaylist: Fevereiro 2018

Publicado a: 02/03/2018

[FOTO] Direitos Reservados

O melhor ano de sempre em Portugal? Muito provavelmente, mas as ramificações dessa constatação são bem mais profundas: a “democracia musical” — Branko utilizou recentemente a expressão em conversa com o Rimas e Batidas — escancarou a porta para todo o tipo de música e músicos — nunca se criou tanto e com tanto diversidade como na actualidade.

No segundo mês de 2018, as escolhas da equipa ReB servem para reforçar a ideia explorada no primeiro parágrafo: a nova “cara de Papillon”, a “sujidade” dos Cult Of The Damned, a homenagem a Prince de Janelle Monáe ou a electrónica de Nathan Fake são a representação da tal diversidade sónica que podemos escutar ao vivo ou em cada canto da Internet. Só não ouve quem não quer.

 


[Papillon] “Impasse”

“Um gajo chora um pranto / Pois tenho sentido que nada será como dantes”. Depois de ouvirmos “Impasse” podemos confirmar que realmente não será, mas não chores, Papillon. No primeiro voo a solo, o membro de GROGNation confirmou que sabe o que faz com as palavras e não deixa que o que tem para dizer se apague num instrumental vindo das mãos de Slow J.

Primeiro, as teclas de Francis Dale a fazer crescer a espuma das ondas do vídeo de Vasco Reis Ruivo. Depois, o flow de Papillon a rimar sobre as ondas dos dias e, entretanto, a bateria de Fred Ferreira e a guitarra também de Vasco a fazer a cama perfeita e rockeira a uma música que faz abrir muito os olhos para absorver tudo com os ouvidos. Faz sentido? É um reflexo estranho provocado talvez pelo videoclipe ou pela certeza de que se fechar os olhos vou acabar por cair numa vertigem de sons que nos fazem correr tanto como Papi. Já com mais de 80 mil visualizações em apenas uma semana, estou em crer que não sou a única à espera de Deepak Looper, o álbum que resulta — extrapolo eu — desta saída de Plutão do “system”.

– Alexandra Oliveira Matos


[Cult of The Damned] “Civilized”

Todos os motivos são válidos quando o assunto é juntar as tropas. Pelo Reino Unido, os pesos-pesados do underground voltaram a fechar-se no estúdio para completar mais uma fornada de faixas, prontos para arrumar um novo projecto para suceder a Cult Of The Damned, o EP homónimo de estreia deste supergrupo. É a turma da Blah Records novamente a dar que falar, com a fusão entre as crews Children Of The Damned e Cult Mountain, com Lee Scott, Black Josh ou Milkavelli a dar a conhecer o lado mais cool dos incivilizados.

– Gonçalo Oliveira


 [Nathan Fake] “Cloudswept”

Alvíssaras. Nathan Fake está de volta. Lançou o excelente Providence em 2016 e, aqui há semanas, atirou-se às edições com o EP Sunder. Neste ajuntamento de 5 faixas bem mais orientadas para o beat do que o último longa-duração, a paranóica q.b. “Cloudswept” é um autêntico mimo. Sem grande esforço, teria tudo para ser uma de duas coisas: ou parte da OST de uma futura iteração do videojogo Hotline Miami; ou faixa de meio da noite, daquelas que dá para dançar de olhos fechados e com ligeiros abanos de cabeça.

– Diogo Santos


[Bob, Mv Bill, Froid, Djonga, Azzy, Delacruz] “Todo Mundo Odeia Acústico”

Já não é a primeira vez que por aqui falamos da produção assinada pela Pineapple Supply e, no que depender de mim, não será certamente a última. A verdade é que o selo carioca conseguiu ser um dos principais motores da divulgação do hip hop contemporâneo brasileiro, quer através dos cyphers Poetas no Topo, dos Perfis e, desde maio do ano passado, do formato Poesia Acústica. Eram já 3 os vídeos neste registo, com mais de 108 milhões de visualizações no total e, em Fevereiro, vimos chegar mais um. “Tudo Mundo Odeia Acústico” junta Bob, Mv Bill, Froid, Djonga, Azzy e Delacruz numa faixa de oito minutos e meio por cima de uma base reggae em que, como já tem vindo a ser hábito, as rimas fluem pelos MCs como água. Mais do que dar a conhecer o novo lançamento, vale a pena espreitar a série como um todo. Há samba, choro e muito de MPB neste formato de rap despido que já contou com nomes como BK, Diomedes Chinaski, Choice, Sant e Juyé.

– Núria R. Pinto


[Janelle Monáe] “Make Me Feel”

Janelle Monae tem uma visibilidade modesta, mesmo tendo em conta que já leva três belíssimos álbuns no currículo e certeiras aparições no grande ecrã. Não joga, claramente, na mesma divisão de Beyoncé ou Rihanna, não quer ter o mesmo tipo de presença “agitadora” de SZA ou Solange Knowles. Mas a sua atitude de reserva não lhe belisca a criatividade extrema, nem lhe ofusca o natural talento. Prova disso é este regresso com dois novos temas que anunciam o seu próximo álbum, Dirty Computer. Monae revelou que Prince a estaria a ajudar na concepção do seu próximo trabalho de fôlego e se provas fossem necessárias, “Make Me Feel” é a mais concreta evidência da permanência do espírito do génio púrpura de Minneapolis no presente. “Kiss” para o século XXI, sensualíssima, funk até mais não, com sintetizadores que respiram classe e uma densidade rítmica que só pode mesmo causar estragos nas pistas. Façam favor de carregar no play

– Rui Miguel Abreu


[Daniel Caesar] “Best Part” | A COLORS SHOW

Uma das estrelas mais cintilantes da nova vaga de artistas r&b — é redutor encaixá-lo em apenas um género, mas que seja… –, Daniel Caesar deu o salto com Freudian, o seu excelente álbum de estreia que mereceu nomeação para a última edição dos GRAMMYs. Com elegância incomum para um jovem de apenas 22 anos, o músico vai deslumbrando a cada passo que dá e, sem grandes dificuldades, admito, a passagem pelo COLORS entra directamente para a minha lista de favoritos do programa cibernético. Com uma chávena como adereço — só ele saberá o que está lá dentro… –, entrega uma versão de “Best Part” com peso e medida, demonstrando que é o tipo de talento que precisa de pouco para mostrar muito.

– Alexandre Ribeiro

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