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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 16/03/2024

Ainda mexe.

#ReBPlaylist: Fevereiro 2024

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 16/03/2024

Março vai para lá de meio, mas ainda estamos mais do que a tempo para olhar novamente pelo retrovisor e analisar o que de mais importante escutámos em Fevereiro. A correria dos dias leva-nos, por vezes, ao esquecimento de certos rituais, mas não deixa de ser importante parar para reflectir e avaliar, mesmo que mais tarde do que é habitual, até para percebemos o que de bom 2024 já nos trouxe em tão pouco tempo e, assim, termos uma melhor ideia daquilo que o presente oferece e que o futuro trará.

Sem mais demoras, a equipa do Rimas e Batidas destaca aqui as faixas que 5 dos nossos valiosíssimos elementos quiseram trazer para o centro do debate.


[Pedro da Linha] “Aqui se faz, aqui se paga” feat. The Legendary Tigerman & Lucy Val

Depois do EP Rua Rosa, 24, editado no ano passado, Pedro da Linha continua a explorar a música e a cultura popular portuguesa com uma canção de baile que se revela uma pérola. Com o “veneno” e o “calor” da guitarra de The Legendary Tigerman, mais a voz melódica e cativante de Lucy Val, Pedro da Linha construiu um tema repleto de portugalidade, cruzando tradição e contemporaneidade, simplicidade e sofisticação, como tão bem tem feito nos últimos anos. Não é certo se será um single solto ou uma canção que possa integrar um futuro trabalho, mas façamos figas para que esta segunda opção se venha a concretizar — precisamos sempre de mais hinos às tascas e de mais motivos para bailar.

— Ricardo Farinha


[Normal Nada aka The Krakmaster] “Batida 19”

Inicialmente apadrinhado pela família Príncipe, Normal Nada tem-se afirmado como voz proeminente da batida mais oblíqua produzida por cá. Recentemente ingressado no catálogo da Nyege Nyege Tapes, “Batida 19” aterra neste 2024 como genuíno objecto sonoro não-identificado. O ritmo frenético eleva-se entre teclados multicolores em cascata e melodias que se entrelaçam e se mutam em repetições — até à explosão estelar. Esta gestão de aparente caos é uma arte que Krakmaster domina e faz dela um trunfo ímpar. Nestes quase três minutos de manifesto de liberdade, a viagem é garantida. Música feroz, do bairro real para a savana imaginária.

— Nuno Afonso


[Dua Lipa] “Training Season”

A discreta guitarra que nos introduz a “Training Season” diz-nos mais do que aparenta. O mais recente single de Dua Lipa escolhe começar pela calada para enaltecer a explosão pop que se segue, três minutos do mais puro deleite e ear candy que a artista britânica já lançou.

A magia deste tema deve muito ao instrumental que a compõe. Nele ouvimos Kevin Parker mais vivo do que nunca, mostrando de forma clara o cunho deste músico australiano. Ouvimos sintetizadores envolventes e luminosos e sumarentos riffs de guitarra e baixo que não destoavam da discografia mais recente dos Tame Impala. As palavras são de anunciação e entrega, com uma mãozinha de Tobias Jesso Jr. pelo meio. O artista canadiano provavelmente já chegou ao bingo de colaborações com estrelas pop — Harry Styles, FKA twigs, Florence and the Machine, Adele, e a lista continua. E ao lado de Dua Lipa mostra a sua magia, auxiliando a feiticeira que invoca de forma carismática e versátil palavras directas e destemidas.

“Training Season” é uma prova definitiva do engenho de Dua Lipa, que encontrou as pessoas certas para fazer florescer as suas ideias ao máximo nesta fase da sua carreira. O treino está feito. Resta aguardar pacientemente pelo apito inicial de Radical Optimism a 3 de Maio.

— Miguel Santos


[The Body & Dis Fig] “Coils of Kaa”

A convergência The Body e Dis Fig é tão inusitada quanto inevitável. A dupla de metaleiros de Rhode Island sempre desbravou terreno na música extrema, mais associada aos géneros de pesca de arrasto tipo doom, com uma bravura e espírito aventureiro que se tem verificado cada vez mais raro no género. Têm, no metal, a amplitude que, bem, Dis Fig tinha na eletrónica, sendo capazes de mudar de velocidade, de intensidade, de não se repetir, mas de soarem sempre crispados. Já Felicia Chen começou por se afirmar enquanto DJ com sets de energia incontível, invariavelmente upbeat, mas que quando se vira para a produção usa a voz de forma elástica, pega no noise com texturas abrasivas e em samples de instrumentos orgânicos para passar pelo ambient, e esticou-se em colaborações ímpares, onde se destacou um álbum com The Bug. Com tanto por onde andar, juntar Chip King, Lee Buford e Chen num esforço conjunto para mexer com o metal e a eletrónica para a diante não é propriamente inesperado. Depois de se ouvir malhas como esta “Coils of Kaa”, onde camadas de guitarras e elementos percussivos vão incendiando a voz de Dis Fig, sempre de forma dura, mas sem largar uma certa calma que prevê a intempérie, que chega pela voz e guitarra apocalípticas de King, só nos resta perguntar: porque demorou tanto a acontecer?

— André Forte


[Little Simz] “Fever”

Não há português que não se espante quando percebe que um dos seus ídolos internacionais está a par da nossa “pequenez”. Seja pelo pastel de nata, pelo Cristiano Ronaldo ou pela beleza de cidades como Lisboa e Porto: todos sentimos aquele conforto na alma quando percebemos que não estamos assim tão isolados do mundo lá fora. Então e se escutarmos uma dessas vedetas a falar em português, ainda para mais com um sotaque irrepreensível…

É dessa forma que Little Simz se apresenta numa das tracks mais sonantes do seu recente Drop 7. Em “Fever”, a “international Simbi” divide os seus versos pelo inglês e pelo português sobre uma das cadências mais populares do presente da lusofonia. A batida de baile funk torna o segundo tema mais rodado do novo projecto da MC londrina num inesperado banger, face à actual malha sonora que compõe a cena urbana do Reino Unido, e aumenta por vários níveis o swagger presente na abordagem de Simz. Jakwob assina a produção da festiva faixa que eleva o som da favela a hino cosmopolita carregado de exotismo. Depois desta não aceitamos que a artista inglesa não passe por nenhum palco nacional este ano, pois estamos todos em pulgas para a ajudar a entoar as rimas de “Fever” em concerto.

— Gonçalo Oliveira

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