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Publicado a: 15/02/2017

TNT: “Não produzi este álbum porque precisava de evoluir na escrita”

Publicado a: 15/02/2017

[ENTREVISTA] Ricardo Farinha [IMAGEM] Sebastião Santana [ÁUDIO] Tiago Galvão

Dois anos e meio depois de se apresentar a solo com Unhas e Dentes, o rapper e produtor de Almada TNT lança o segundo álbum em nome próprio, MDO, a sigla para Menino de Ouro. O novo disco foi precisamente o mote para uma conversa com o Rimas e Batidas que também passou pela Mano a Mano, a editora independente que TNT gere com o irmão, Chikolaev. Pelo meio, descobrimos também que os Missão a Cumprir, o grupo com que TNT se estreou no rap, no início dos anos 2000, terão um novo álbum — é um dos vários projectos da label para 2017.

 


Corrige-me se estiver errado, mas o disco ia intitular-se Unhas e Dentes Vol. 2, certo?

Inicialmente, o álbum chamava-se Unhas e Dentes Vol. 2. Mas, no decorrer do processo, enquanto estava a fazer o disco, percebi que ia ser uma coisa mais pessoal pelos temas que estava a abordar e pelas músicas que estava a escrever. E como o Unhas e Dentes acabou por ser um conjunto de colaborações que eu queria fazer e, neste disco, nem tanto, acabei por mudar-lhe o título.

E começaste a trabalhar nele logo a seguir ao Unhas e Dentes ou já tinhas material guardado?

Sim, comecei logo a seguir. O que aconteceu foi que fui descartando músicas e algumas delas lancei pelo caminho. Basicamente, não têm passado dois meses sem que eu lance uma música. Porque se tornaram desadequadas. É o problema de quando demoras demasiado tempo a fazer um disco. O que inicialmente achava “ya, isto é uma música fixe para meter”, cinco meses depois já não encaixava.

Que produtores tens no disco? Suponho que também tenhas feito alguns dos instrumentais…

Não fiz nada [risos]. Foi outra coisa que mudou do Unhas e Dentes para este, e da minha maneira de trabalhar, porque produzi os dois primeiros álbuns de MAC, e tenho produzido várias cenas para outro pessoal. Mas neste aqui optei por não o fazer, porque precisava de fazer um step-up a nível de escrita. Sempre achei que esse era o meu handicap, o meu calcanhar de Aquiles. Achei que precisava de melhorar a esse nível, então deixei a produção de parte e foquei-me só na escrita. Deu-me um grande gozo poder ter instrumentais de outras pessoas que na altura até, se calhar por não estar tão amassado pelo tempo que passei a fazer um instrumental, deu-me logo muita pica para escrever letras de uma vez só. E quis experimentar esse processo. Mas todo o conceito e produção executiva do disco foram feitos por mim.

E ao longo desse processo de estares a criar o disco, foste sentindo essa diferença de estares mesmo focado na escrita? Libertou-te?

Sim, acho que evoluí nalgumas áreas. A minha batalha continua sempre a ser acompanhar os gajos que estão a fazer rap hoje em dia. Porque venho de uma altura — nomeadamente do primeiro disco que lancei com Missão a Cumprir —, e se eu olhar para as rimas que fazia, eram muito básicas. E aquela cena bateu na altura. Hoje, se eu continuar a fazer a mesma coisa não consigo que aquilo entusiasme, e no final do dia estou a fazer música para as pessoas, não é só para mim. Sinto que preciso de evoluir, continuar a ser surpreendente ou pelo menos manter aquele nível de escrita que o pessoal diga “ok, isto é interessante de se ouvir”.

E afinal, quem é que assina os beats que tens em MDO?

A maior parte do disco é produzida pelo DJ Player, que eu conheci a trabalhar no disco do TOM, que inclui uma música que foi produzida por ele para mim e para o TOM [“Manifesto”], que até era para entrar neste disco. Trabalhei também com o Produtivo, Fabrik Beats, TH – Danny StoneLhast e um gajo brasileiro que é o Dário.

 


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A maioria era pessoal com quem já tinhas trabalhado. Como te juntaste ao Lhast, por exemplo, ou com o produtor brasileiro?

Já tinha tentado fazer colaborações com o Lhast, comecei por fazer uma abordagem de ir ao estúdio dele e conhecê-lo. Após algumas tentativas de fazer alguns temas que acabaram por não resultar, concluímos isso na faixa que dá nome ao disco, “Menino de Ouro”. O Dário é um produtor de topo lá, já trabalhei com ele mais do que uma vez. Foi daqueles instrumentais que ouvi por acaso, ele tinha aquilo no SoundCloud, e eu disse-lhe logo “tira já isso do SoundCloud que esse beat é meu”, porque fiquei apaixonado e é um dos temas de que mais gosto do disco, “Pro-Bono”.

Apesar de teres mudado o conceito do disco, onde tinhas mais colaborações, continuas a ter várias ao nível de rappers e cantores a fazer refrões. Como é que apareceram esses duetos?

O Carlão é da minha rua. Cresci a olhar para ele. Não com ele, que é mais velho do que eu, mas a olhar para ele, e foi uma das grandes influências da minha vida. O 3º Capítulo é capaz de ser o meu álbum preferido português. Se não é, é o segundo. E então queria fazer uma colaboração com ele e acho que foi na altura certa. Todas as colaborações com pessoal mais velho que fiz aconteceram quando eu imaginei que ali podia entrar a voz dessa pessoa. Não queria dizer que eu tivesse um contacto imediato, tive de ir atrás e mostrar coisas. Foi uma negociação, mas acabei por conseguir com ele e com o Melo D. Com o RealPunch imaginava-o ali. Foi uma cena simples, já estávamos há um tempo para fazer o tema. O Blasph é uma colaboração óbvia, gosto bué de trabalhar com ele e é um dos gajos que mais admiro a nível de rap. E é uma influência para mim, mais pela cena fresh que traz sempre. O resto das colaborações são de refrões… eu não sei cantar mas idealizo muitas vezes os refrões e escrevo-os. Então preciso que alguém interprete por mim. A Maura e o Nuno foram duas pessoas que vieram com a vibe certa para os temas.

Já tens previstos concertos para apresentares o álbum?

Estou a organizar uma espécie de tournée pelo país todo em lojas de skate e streetwear. São pequenos showcases que vou fazer para descentralizar a minha música e o rap, no fim de contas, que está muito restringido a Lisboa e Porto. E quero sair daqui e ir ao encontro das pessoas. Quero falar com elas, estar cara a cara, vender os CD, mas saber a quem estou a vender, mais do que estar em casa à espera que caiam encomendas. Vai ser realizada de norte a sul do país, começando em Faro e terminando em Braga. Neste momento tenho seis datas confirmadas, mais uma em Setúbal, que é um showcase diferente. E estou a pensar expandir muito mais.

Numa altura em que as sonoridades trap parecem dominar aquilo que novos mas também mais experientes rappers querem fazer, apresentas-te com um álbum maioritariamente soulful e com um som fresco, apesar de ter uma onda clássica. Qual é a tua visão da coisa?

A minha visão é que anda tudo a fazer o mesmo. E não sou o único que pensa assim. O problema é que as pessoas às vezes acham “ok, está toda a gente a fazer trap porque está a bater”, mas há outras cenas fixes. E muitas delas continuam a basear-se no clássico boom-bap. Eu cada vez mais faço música. Neste som, no single que tenho de apresentação, é uma coisa que puxa um bocado mais para uma sonoridade trap. Mas é o quê, são os pratos? É o kick? Sim, mas posso facilmente passar para um boom-bap a seguir e depois para uma cena mais “rockalhada”. O que me interessa é que, no total, faça sentido para mim. Em relação ao que o resto do pessoal anda a fazer, acho um bocado limitativo no sentido em que não há ninguém que esteja a fazer uma coisa realmente diferente. Há uns, que de vez em quando, são falados como as novas cenas que vão aparecer aí e que eventualmente vão superar os que já cá estão. Eu acho que ainda há muito medo de arriscar e ir contra a corrente. Eu vou contra a corrente à minha maneira. Continuo a fazer aquilo que sei fazer, vou evoluindo dentro desse estilo e de vez em quando pulo a cerca e vou fazendo outras coisas um bocadinho fora. Porque, se ouvires o EP que lancei depois do Unhas e Dentes [Memento], que até não foi uma coisa muito fácil de se ouvir, é fora, não tem haver com boom-bap nem nada, foi uma cena que me apeteceu fazer.

 


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E fazendo aqui a ponte para a tua pessoa enquanto cabecilha da Mano a Mano, costumas estar atento aos novos artistas para ver se podem encaixar no futuro na editora?

Sim, cada vez mais. Estou bué atento a tudo aquilo que se está a fazer. E tento ir um bocado contra aquela onda do hating. Isso é uma cena que me incomoda. Porque cada um de nós tem os seus gostos e há pessoal que é muito bom e eu não gosto porque embirro com alguma coisa, é normal. Mas há uma onda generalista na ‘tuga que “não é bom, porque é igual àquele e porque aquele é igual ao outro”. E acho que isso tem de ser combatido e o pessoal tem de abrir mais a mente, porque há espaço para todos. Mas ando atento, não só para falar com conhecimento de causa, mas muitas vezes vou encontrando surpresas muito fixes.

Como, por exemplo, o Silab e o Jay Fella, as novas aquisições da Mano a Mano…

Exactamente. Os gajos estão a fazer uma cena que ninguém está a fazer. E quando malta mais nova vem com dicas como o Tom, ou eles, que dizem que as influências são Outkast ou Wu-Tang… Man, são gajos que não viveram essa altura. Então para mim é brutal. Porque aquilo são as minhas influências e os gajos ainda estão a ir buscar isso. E esse é o poder da música, é um gajo estar hoje a ouvir um gajo dos anos 50 ou 60 e inspirar-se naquilo. O que interessa é se é boa ou se é má. E eu tenho ficado surpreendido com uma série de coisas que tenho ouvido ultimamente: adoro o trabalho que a malta dos Orteum faz, Alcool Club têm o style deles, é uma cena muito fixe, também há malta lá em cima no Porto com bom groove. E um pouco por todo o país, é fixe ouvir isso.

Além da Mano a Mano, há uma série de outras editoras independentes no hip hop em Portugal que são bastante activas. Falo da Kimahera, Monster Jinx, ou a Superbad. Estamos saudáveis e com força a esse nível?

Acho que é importante distinguir as coisas. A força é um bocado relativo, muitas das vezes as editoras independentes são movidas um bocado pela teimosia das pessoas que estão à frente daquilo. Porque no final do dia muitas vezes não dá para pagar as contas, e nem é esse o objectivo. Na maior parte das vezes é carimbar uma marca e fazer com que aquilo ganhe uma identidade. Penso que a Kimahera e a Monster Jinx fazem isso muito bem, assim como nós estamos a fazer. Nós somos uma editora de rappers, acima de tudo. O que nos diferencia um bocadinho das outras, que vão fazendo outros trabalhos paralelos. Há outras editoras, como mencionaste a Superbad, e aí já encaro como, embora seja uma label, um departamento à parte. Pode ser encarado como uma editora no sentido em que eles estão a fazer edições, mas mais num nível virtual, da era digital, a fazer singles e a mudar um pouco os conceitos.

Estão naquela fronteira ténue entre editora e colectivo…

Exactamente. Vejo-os mais como uma crew, embora estejam a fazer às vezes um trabalho de editora, isso é engraçado de ver. E eles estão muito fortes, estão noutro nível comparativamente a essas editoras de que falaste, e a minha inclusive. O sucesso que eles têm tido e o público que eles impactam permite que tenham uma margem de manobra muito maior. Não dá para comparar…

Por outro lado, vocês têm muito mais edições e experiência.

Sim, o que não quer dizer que, em termos de resultados, seja muito melhor. Ou seja, em resultados práticos, quem está a tocar neste momento acaba por ser esse pessoal. O resto vai fazendo edições e assumindo isso como uma coisa que querem levar para a frente e que querem representar. E isso é importante de acontecer, porque se não, qualquer dia, perde-se a identidade da editora e só temos rappers indivíduos. Porque nem colectivos há, quase. Foi uma coisa que se perdeu com o tempo. As pessoas querem “eu, eu, eu, eu”. Daí, há que tirar o chapéu aos GROGNation por ainda se aguentarem como colectivo, e por mais dois ou três que existem por aí, porque de resto… é só rappers, perde-se o conceito de família. E eu penso que isso é importante, é isso que a Mano a Mano defende. Tanto que o nosso conceito é mesmo Mano a Mano. Somos dois irmãos, e tudo na Mano a Mano com os artistas é 50-50.

Apesar destas editoras independentes no meio, as majors ainda dominam o mercado?

Acho que sim, porque eles conseguem fazer milagres de agarrar em pessoas que são desconhecidas e pô-las a tocar em todo o lado. Que é uma coisa que eu tenho muitas dificuldades em fazer com gajos que têm bastante valor. Posso dar o exemplo de que andei a trabalhar na promoção do Nerve, que por si só tem um público garantido, não precisa de grande promoção, mas tentei furar em alguns sítios. É bastante difícil. Há uma falta de vontade das pessoas… ou não há sítios ou plataformas de divulgação suficientes e muitas vezes se tu és um pequenino, os tubarões vêm e acabam por se chegar à frente. Muitas vezes criando produtos do nada, que até nem fazem muito sentido, mas que agora precisam de um rapper x. Agora está na moda o rap, vamos arranjar um rapper, agora está na moda o afro house, temos de arranjar um gajo para isto. Mas o mercado é mesmo assim, sempre foi assim.

E achas que a tendência para as majors terem rappers portugueses no seu catálogo vai ser para aumentar nos próximos tempos?

Eu acho que sim, já existem bastantes: a Capicua… rappers, pronto. Pessoal que faz rap, que rima. Tens o Dengaz, Jimmy P — que não sei se está numa major mas é distribuído por uma de certeza —, o Valas, a própria Força Suprema. O Agir — que há quem considere rapper, às vezes vejo nas coisas escritas que é, não sei se é, se não — mas também é uma representação disso. Eu gostava era de ver um gajo mesmo underground a furar nesses sítios, porque isso é que eu ainda tenho dúvidas. Mas há uns quantos que se estão a habilitar a isso. Porque se fores a França, Inglaterra, para não falar nos Estados Unidos, tu vês gajos under, mesmo da rua, que são os que estão no topo. E aqui ainda há muito aquela cena de “espera aí, é rapper mas tem de ser rapper dentro destes moldes, um gajo que até fale bem, que seja de boas famílias”. É um bocado essa a distinção que eu ainda tenho alguma dificuldade em encaixar. Não querendo ser o avô da cena, porque há aí gajos que andam cá há muito mais tempo do que eu, eu venho de uma altura em que eras apontado na escola por ouvires música de pretos. Eu vivi esta realidade. Eu vivi o evoluir da coisa e ainda bem que o hip hop está hoje em dia como está, abre as portas a muita gente, mas esperemos que ainda abra mais.

 


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Cresceres aqui em Almada foi determinante para conheceres o rap?

Crescer aqui foi viver uma altura em que era tudo bué real. Ou eras real ou não podias rimar. Não podias. E foi numa altura em que se vivia a cena do colectivo. Havia uma cena que era a Máfia Suliana, um conjunto de pequenos grupos que existiam na Margem Sul. E isso foi importante e fez com que eu ganhasse uma bagagem grande. E uma dessas coisas foi crescer com a sensação de que estavas integrado nalguma coisa. Eu acho que a Margem Sul perdeu ao longo dos anos o power que tinha. E inicialmente a Margem Sul era uma cena bué pesada, quando se tratava de rap. A Máfia Suliana era um conjunto de colectivos que existiam na Arrentela, Monte da Caparica, Costa da Caparica, em Almada, e quando se juntavam eram para cima de 30. Um bocado por identificação com Wu-Tang. Uma cena pesada onde tinhas bué gajos com valor que infelizmente não gravaram coisas que ficassem até hoje. E perderam-se muito pelo caminho. E às vezes sinto falta disso, porque vejo as coisas mais espalhadas pelo país inteiro, ok, mas sinto falta desse peso, dessa realness que havia na altura. Lembro-me de ir às primeiras festas, uma na Costa da Caparica, entravas dentro de uma cave, e vias o suor a pingar do tecto. Era uma cena mesmo deep. Foi onde o Valete deu o primeiro concerto, o gajo até fala disso na “Melhor Rima de Sempre”. Eu estava lá e vi a actuação dele, que foi forte, vi os Nexo, que vieram a seguir para rebentar com a casa toda. E vivias uma cena… mas também pode ter a ver com a idade e o facto de aquilo ser tudo novo para mim. Mas foi uma altura… todos os meus amigos rimavam. Todos. Era brutal. Quando íamos para algum lado, havia sempre som a bombar, aquelas rodas de improviso, e eu hoje vejo pouco disso. Isto não querendo entrar muito na cena saudosista. Há gajos muito bons hoje em dia e graças a deus que as cenas evoluíram para ser uma coisa que é aceite em qualquer lado.

Quais foram as primeiras coisas que ouviste? Foi mesmo Da Weasel porque o Carlão vivia na tua rua?

Sim, em Portugal Da Weasel, mas eu já tinha ouvido outras coisas. Uma das primeiras coisas que ouvi foi o primeiro álbum do Dr. Dre [The Chronic], que foi uma cassete que me chegou às mãos de um gajo americano que se cruzou comigo. Queimei bué aquela cassete. Lembro-me de ouvir Ill Comunication de Beastie Boys, também foi um álbum que me influenciou bué porque achei engraçado haver rappers brancos. Não tinha essa noção, e isso foi uma cena que sempre me acompanhou pelo meu percurso. Aqui, como a maioria dos rappers eram negros — tinha o meu núcleo que era uma mistura —, também foi uma influência para mim, saber que era possível fazer. Porque havia um bocado a barreira da cor. Depois vieram outras coisas, como o Tupac, lembro-me que o meu pai uma vez foi numa viagem e trouxe-me o All Eyez On Me, mas aí já era em CD. E fui muito influenciado pelo Kulpado, porque andávamos de skate no skatepark de Almada e ele tinha acesso a umas cassetes que alguém lhe trazia e que depois giravam pela malta toda. O Submarino também me influenciou muito, Cypress Hill… sempre tive tendência para coisas um bocado fora. Quando conheci Outkast abriu-se um novo mundo para mim. O meu álbum preferido é o ATLiens, o segundo deles. Sei aquilo de uma ponta à outra. Eles faziam uma cena diferente e sempre fui atrás disso. Bué soulful. Acho que ainda mantenho essa tentativa de fazer coisas com conteúdo e uma sonoridade agradável, mais do que aquela cena dura e forte. Que eu gosto de ouvir, mas identifico-me menos a fazer.

Hoje em dia, com uma carreira a solo lançada, o pessoal ainda te associa muito aos MAC?

Sim, e ainda bem, porque nós continuamos activos. Inclusive, estamos a preparar um disco novo. E ainda bem que me associam porque me abriu muitas portas ao longo destes anos todos. E sinto um feedback muito bom do primeiro disco hoje em dia, marcou muitas pessoas e fez-nos perceber que conseguíamos sair de Almada para outros sítios. Recebíamos feedback de norte a sul do país. Tu que és um puto daqui da zona, e sempre fizeste rap para os gajos daqui, e o rap que fazias era a falar de fumá-las, de curtir, tinha umas músicas meio conscientes, mas… e depois percebes que a tua música está a ser ouvida por um gajo no Algarve, que quer que tu vás lá tocar, ou por um gajo no Porto que curtiu do teu som e quer que tu vás lá. Ficas “wow”. Não foi feito com esse objectivo, nada.

Sobre esse disco, o que podes adiantar mais?

Quem comprar o MDO, vai ter uma surpresa em relação a isso. E sobre o novo disco, estamos a fazer uma cena com calma e vai ser boom-bap pesado. Puro e duro. Muita punchline, é mesmo voltar atrás. Uma cena bem crua, e estará pronto no final do ano. Tive de parar um bocado por causa do meu projecto mas agora vamos retomar. O pessoal que nos acompanha e gosta do Kulpado e das punches dele, vai ficar contente. O gajo está com alto nível.

Além destes dois discos — MDO e o regresso dos MAC —, que outros projectos é que estão previstos para a Mano a Mano em 2017?

Temos o Silab e o Jay Fella, estamos a trabalhar num disco para eles. O Blasph, com um EP novo [Stracciatella & Braggadocio], esse deve ser o próximo lançamento, quase de certeza. Estou muito confiante naquilo que vem aí. E temos mais algumas coisas programadas até ao final do ano: vamos retomar as Off The Rec Sessions, uma rubrica que tínhamos que se perdeu com o tempo. Brevemente vamos dar notícias sobre isso. Mas para a primeira metade do ano temos estes três trabalhos de que te falei. Acho que já nos vão dar água pela barba.

 


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