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Texto: ReB Team
Fotografia: Marta Pina
Publicado a: 06/10/2023

Da pista de dança ao coração desamparado.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de Nídia, Bárbara Bandeira, Drake, Slauson Malone 1 ou SAMALANDRA

Texto: ReB Team
Fotografia: Marta Pina
Publicado a: 06/10/2023

Em 8 destaques, 3 são portugueses, e isso é sempre motivo para festejar. Esta é uma óptima altura para colocar a música nacional à prova e executar-lhe uma boa bateria de exames, sabendo desde logo que os resultados serão sempre bem animadores. De positivo há muito a retirar daqui, de negativo apenas o facto de não nos conseguirmos desdobrar sobre tudo e, consequentemente, agradar a todos os gregos e troianos que militam na nossa praça. A linha editorial, essa ninguém nos tira, e hoje vamos das batidas mais frenéticas que incendeiam pistas de dança ao jazz mais dado aos assuntos do espírito, passando por temas de amor e desamor, dores de crescimento ou grooves que elevam a moral de qualquer ouvido minimamente atento. Há espaço e gosto para tudo. E claro, convém não esquecer o que já ao longo do dia foi sendo destacado por estas páginas graças a outras novas propostas discográficas da esfera lusa: podem (e devem) ler o que se escreveu sobre os novos trabalhos de Vanyfox, Ace, Prétu e Inês Monstro. Belo quadro de final de semana este.

Como já é habitual, a romaria não se fica por aqui e tem outros pontos de paragem que podem sempre gerar o interesse daqueles que ousam ir além do óbvio. E é por isso que por aqui deixamos nota dos lançamentos também protagonizados por Joana Alegre (Um Só Dia), slowlevitation (AWAKE), Coucou Chloe (FEVER DREAM), Hania Rani (Ghosts), Mary Lattimore (Goodbye, Hotel Arkada), Maiya The Don (Hot Commodity), Omar Apollo (Live For Me), Hannah Diamond (Perfect Picture), Kirk Franklin (Father’s Day), Yung Bae (Groove Continental: Side B), Dorian Electra (Fanfare), Wiz Khalifa (Khali Sober), Vanishing Twin (Afternoon X), EXEK (The Map And The Territory), Pangaea (Changing Channels) e Meernaa (So Far So Good).


[Nídia] 95 MINDJERES

Por esta altura já não há volta a dar: qualquer lançamento de Nídia anunciado centra em si atenções dos fãs, claro, mas da crítica também — e, sobretudo, da internacional. Tudo mérito da produtora do Vale da Amoreira. Desde as menções de órgãos como a Pitchfork, a Rolling Stone ou a DJ Mag (e o próprio Rimas e Batidas, porque não?) aos Grammis suecos, reconhecimento do seu virtuosismo não lhe tem faltado. E ela também não se tem rogado em provar, disco após disco, o valor que lhe atribuem. Editado novamente pela Príncipe Discos, 95 MINDJERES não só dá continuidade ao legado que Nídia tem vindo a construir no panorama electrónico, mas também vinca uma posição em que a música serve apenas de veículo a ideias que nem sempre se conseguem transmitir apenas por palavras.


[Bárbara Bandeira] Finda

Cedo conheceu o sabor do sucesso e foi ganhando cada vez mais tracção à boleia de um interessante número de singles, formato que tem pautado todo o seu trajecto até há horas atrás. O caso mudou hoje de figura com o lançamento de Finda, aquela que é a estreia de Bárbara Bandeira no formato de álbum e nos vem descrita como sendo resultado de um processo de metamorfose por parte da artista. Com Migz e Ariel a conduzir as paisagens sonoras do longa-duração quase na íntegra — “Mentirosa” é a única canção que não tem o par na produção, função entregue a Charlie Beats —, a cantora mostra-se entre temas de amor e auto-descoberta num confessionário pop que assenta em r&b bem sofisticado e orelhudo. Ivandro, Dillaz, MARO e PJ Morton são os features que a ficha técnica de Finda exibe.


[Drake] For All the Dogs

Desta é que é mesmo. O Dia Mundial do Cão (26 de Agosto) foi uma falsa partida para o lançamento deste For All the Dogs, cuja capa vem ilustrada por Adonis, primogénito de Aubrey Graham. No vídeo de “8AM In Charlotte”, divulgado por ocasião da estreia do disco já no sexto dia deste mês de Outubro, é o próprio autor da pintura que explica — neste caso, ao pai — que, ao ter escrito “daddy” ao lado da “cabra” que acabou por ser a imagem do sucessor de Her Loss, a mensagem implícita seria que Drake é o goat. Na verdade, já é o visado que sugere essa possível interpretação de um desenho rabiscado na inocência, mas a comunicação, nesta sede, é tudo. E não haja dúvidas da infalibilidade que a marca Drake se tornou nos últimos anos à escala global. Agora, se o estatuto de goat lhe serve à medida? A julgar pelas 23 faixas do alinhamento do seu novo longa-duração, talvez não. Sobretudo porque, por esta altura, Drake já não tem grande margem para não acertar em cheio. Ainda para mais com tantas oportunidades ao longo de um álbum para fazê-lo.


[Slauson Malone 1] EXCELSIOR

Da soul à electrónica glitchy e experimental vão inúmeros passos, provavelmente equivalentes a um Slauson Malone 1 inteiro. O artesão sónico cujo nome civil é Jasper Marsalis tem estado debaixo de muitos radares ligados à música mais contemporânea e inventiva e foi-se destacando quer pelos trabalho a solo — A Quiet Farwell, 2016–2018 (Crater Speak) será a sua obra de maior culto —, quer pelas colaborações que protagonizou para nomes como Standing on the Corner, Danny Brown ou L’Rain. Após uma jornada de edições pela Grand Closing, subiu uns quantos degraus ao assinar este ano pela Warp Records, prestigiada editora inglesa que lhe carimba este seu novo EXCELSIOR.


[SAMALANDRA] SAMALANDRA

Os jogos de palavras podem ser contraproducentes à optimização das pesquisas de um grupo recém-formado, mas também são reveladores de algum sentido de humor dado à criatividade. E não é publicidade enganosa no caso dos SAMALANDRA. O trio composto por Débora King (teclas e voz), Tiago Martins (baixo e samples) e João Neves (bateria) — que tem Amparo Braga a cargo das letras (e, talvez por isso, dos tais trocadilhos?) deu-se, assim, a conhecer há dois dias (mas não resistimos a fazer uma menção fora de tempo) com um EP homónimo que desenvolve a estética apresentada no single inaugural (do grupo e do próprio disco): música de fusão, com um jazz electrizado — ou uma electrónica jazzística, se quiserem — à cabeça. E vai por aí fora sem escolher um só caminho.


[Butcher Brown] Solar Music

Este é daqueles que não gera quaisquer dúvidas, e mesmo que elas existam são-nos logo desfeitas pelo título escolhido. Os Butcher Brown estão a fazer Solar Music como gente grande, que é como quem diz que estão a pintar um grande mural sonoro capaz de assumir inúmeras cores e formas diferentes, mas que funcionam em total harmonia num quadro mais geral bem luminoso. Com fortes raízes instaladas no jazz, a banda que compreende os talentos de DJ Harrison, Corey Fonville, Andrew Randazzo, Marcus “Tennishu” Tenney e Morgan Burrs vai beber a géneros musicais tão distintos, desde o hip hop até ao rock psicadélico, para compor os seus temas. Em Solar Music, além da mestria habitual imposta nos seus ritmos, melodias e harmonias, destacam-se ainda a presença de vários e ilustres convidados, com Pink Siifu, Nappy Nina ou Charlie Hunter à cabeça.


[Daniel Villarreal] Lados B

E se o jazz dos Butcher Brown é solarengo à brava, o de Daniel Villarreal parece que foi feito para morar em ambientes mais escuros, de preferência invadidos por fumos de incenso capazes de elevar o nosso lado mais espiritual. Novamente selado pela International Anthem, o novo trabalho deste músico e DJ de Chicago vem apetrechado com 9 mantras minuciosamente compostos e foi executado maioritariamente no formato de trio — Jeff Parker e Anna Butterss dizem “presente” em todas as faixas do LP, enquanto que Neal Francis surge apenas em “Salute” ao leme de um Rhodes.


[Elcamino] They Spit On Jesus

Há coisa de um ano, Elcamino tornou-se mais um membro da Black Soprano Family de “Tony” The Butcher. E o próprio Benny marca a sua presença mais do que uma vez neste They Spit On Jesus. Mas o novo álbum do rapper nascido Demetrius Jackson não é o primeiro, nem o segundo ou terceiro trabalho editado após a iniciação no seio familiar nova-iorquino. Aliás, em projectos divulgados durante este ano, o MC de Buffalo já vai no quarto. Juntem-se os lançados no ano passado e já vamos em oito. O que só prova que já ia alinhado com a filosofia da “família” à qual se juntou — designadamente a de produzir em quantidade e sempre na mesma linha de acção. Com espaço suficiente para a sua própria patente no produto.

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