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Publicado a: 09/10/2018

#ReBPlaylist: Setembro 2018

Publicado a: 09/10/2018

[FOTO] Matt Martin

Do rap nova-iorquino de Action Bronson até ao trap nortenho de Sippinpurpp, passando pela electrónica de Mount Kimbie, a genialidade de Prince e os versos amadurecidos de Noname, a playlist, que contém músicas que saíram no mês passado, vai a vários sítios e explora os cantos mais recônditos (ou não…) dos gostos da redacção do Rimas e batidas.

 


[Action Bronson] “White Bronco”

Action Bronson está num óptimo momento de forma, mesmo a jogar em várias frentes. Se em Blue Chips 7000 o rapper de Queens soou meio apagado — provavelmente exausto e a tentar descobrir o equilíbrio entre todas as tarefas que tem vindo a desempenhar — a redenção veio logo a seguir em colaborações com Statik Selektah, The Alchemist, Roc Marciano ou Meyhem Lauren. Nas contas de Bronsoliño, novo ano equivale a novo álbum e este “White Bronco” não poderia vir em melhor altura. O instrumental do prodigioso Daringer em colaboração com os The Special Victims Unit é um apetitoso digestivo de final de tarde amena, símbolo de um Outono ainda com sabor a Verão. “I’m just out here living my best life”, rima Action Bronson no final da faixa que serve para antecipar a vinda de um novo disco. Venham daí essas rimas.

– Gonçalo Oliveira


[Mount Kimbie] Southgate”

Ter uma pista de dança ao alcance das colunas de casa ou dos headphones do trabalho? É possível e tem sido um dos principais objectivos das séries DJ-Kicks — das mais importantes e respeitadas compilações de misturas de música electrónica e, seguramente, das mais históricas — a primeira edição saiu em 1995 e hoje a colecção já soma 56 edições, com a curadoria de praticamente todos os DJs de que nos possamos lembrar: DJ Koze, Four Tet, Apparat, Forest Swords, Nina Kraviz – a lista, tão grande quanto diversificada, aumenta a cada ano.

A mais recente entrada neste catálogo saiu no mês passado e ficou a cargo da dupla Mount Kimbie. Dominic Maker e Kai Campos regressam assim às suas raízes mais electrónicas, assumindo aqui o formato DJ, algo distante da banda do post-punk de Love What Survives, de 2017. Para o mix contribuíram apenas com o original “Southgate” — dois minutos e meio de hipnose electrónica, onde é possível identificar a matriz da sonoridade do duo britânico, na cadência rítmica que, não fosse a sua curta duração, facilmente seria capaz de nos colocar num transe profundo.

– Vera Brito


[Noname] “Don’t Forget About Me”

No recente Room 25, Noname surge com uma atitude diferente de Telefone e acaba por salientar algumas das suas capacidades menos óbvias. Entre as refinadas produções de Phoelix — mais despidas, mas também mais ambiciosas –, Noname aparece bastante mais madura e clara no que quer expor de si. Dois anos passados da sua mixtape de estreia, retrata o que tem sido a sua experiência enquanto artista independente, mas também o peso da vida e da morte. Em conversa com a The FADER, a rapper desabafa que contratar um conjunto de cordas é muito caro, principalmente quando nos mantemos sem vínculos editoriais, por vezes condicionantes da liberdade criativa. Imaginem restringir esta Noname. Ela, com ou sem nome, pede “Don’t Forget About Me”. Parece-nos impossível.

– Vasco Completo


[Sippinpurpp] “Sauce”

Numa altura em que o trap é um dos géneros mais consumidos pelos adolescentes/jovens adultos, a quantidade de novos artistas que entram no panorama português através desse caminho é, naturalmente, cada vez maior. No meio disto, Sippinpurpp aparece de rompante e torna-se num dos fenómenos à escala portuguesa, de 2018, alcançando números extraordinários para alguém que conta apenas com quatro músicas a solo e uma participação em “Dr. Bayard”, de Mike El Nite.

O segredo do sabor de “Sauce”, o seu primeiro tema pela Think Music de ProfJam, YUZI ou Fínix MG, está no refrão — que vicia à primeira —, mas é impossível ignorar os condimentos utilizados por rkeat (o hitmaker mais jovem em território nacional), benji price (o nome mais repetido nos créditos das músicas da editora, o que diz muito sobre a sua importância) e Rui Anjos e Bernardo Infante (o realizador e o director de fotografia do vídeo, respectivamente), todos com uma quota de responsabilidade no resultado final.

Tudo junto, boom!: uma injecção de trap condimentada a auto-tune. O gosto, que é intenso, até pode ser de pouca dura, mas já tiveram ouro no pescoço?

– Alexandre Ribeiro


[Prince] “Purple Rain – Piano & A Microphone 1983 Version”

Se alguém, por alguma razão, necessitar de entender a mais funda noção de arrepio nada mais precisará de fazer do que tocar esta versão recentemente revelada ao mundo do extraordinário “Purple Rain” despido até à medula neste A Piano & A Microphone.

O mundo aplaudiu Prince em vida, é certo, e o seu génio nunca foi escamoteado pelos media que lhe seguiram a carreira passo a passo. Ainda assim é lícito arriscar dizer que esse mesmo mundo que o aplaudiu ainda não entendeu a total dimensão do seu singular talento.

Prince combinou em doses generosas capacidades sobrehumanas como intérprete, compositor, produtor, músico, esteta, agitador, agente provocador/prevaricador/pecador, empresário, maverick… Funcionou dentro da indústria, mas renegou-a; nunca negou a sua cor, mas recusou-se a ser limitado por ela; nunca permitiu que a sexualidade convencional o contivesse.

Na verdade, e resumindo, Prince foi um dos mais livres artistas de sempre. Tão livre que nem sequer se deixou prender pela sua própria obra, entendendo-a como uma tela em branco passível de acomodar muitas leituras, como esta versão do sublime “Purple Rain” deixa entender. Arrepiando até ao limite…

– Rui Miguel Abreu

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