pub

Publicado a: 01/06/2017

#ReBPlaylist: Maio 2017

Publicado a: 01/06/2017

[FOTO] Direitos Reservados

Três músicas criadas por artistas portugueses dentro das cinco escolhas da redacção ReB. E poderiam ser muito mais. O talento nacional não pára de entregar pérola atrás de pérola e Maio não foi diferente. Para os que acompanham o Rimas e Batidas, os últimos dias do mês passado foram inacreditáveis: novos trabalhos de Kroniko e Wet Bed Gang, anúncio importante dos Beatbombers ou a estreia da nova rubrica mensal de Gijoe, novos singles de Kristóman e Scorp, novo programa de DJ Glue na Vodafone FM ou a crítica ao novo álbum de Ace.

Sinead Harnett e Terrace Martin com o seu novo supergrupo são os “invasores” internacionais na playlist seleccionada por Alexandra Oliveira Matos, Núria R. Pinto, Rui Miguel Abreu, Gonçalo Oliveira e Rute Correia.

 


[Lhast] “Por Pouco” feat. Gson

Há algo em comum entre Gson e Lhast: em poucos dias fizeram a dobradinha. Juntos em “Por pouco”, Gson distribui jogo também com Here’s Johnny em “Última Deixa” e Lhast produziu a meias com Slow J o novo single de Kappa Jotta, “Pela Cidade”. Porém, desportos de lado e sem almejar saber analisar a quente mais do que uma música, vamos, por partes, a “Por Pouco”.

Para Lhast este é o single de apresentação. E, talvez, o confirmar de uma busca por sonoridades mais orgânicas. Já tínhamos ouvido algumas cordas em produções como “Alma Velha” de Valas, em “Por Pouco” o produtor inclui o baixo de Bernardo Addário, o piano de Bernardo Cruz e guitarra de Frankie Baptista criando uma toada romântica bastante R&B. Não fosse o rasgar esporádico do trap e imaginaríamos este beat numa boa playlist de música ambiente bem chillout.

De Gson já começamos a conhecer o poder vocal. O rapper dos Wet Bed Gang tem multiplicado participações com vários artistas à conta das suas rimas certeiras e da variedade de flows mais ou menos cantados com que as debita. Em “Por Pouco” traz-nos uma visão feminina de um relacionamento amoroso com alguém do mundo artístico. Um relato quase sofrido que o rapper sabe transmitir mais do que na letra, bastante simples e oral, na voz e na respiração entrecortada e por vezes descompassada dos “não, não, não, não” que ficam bem gravados na memória.

Alexandra Oliveira Matos


[Regula] “Pay Day”

Escolhi esta a 31 de maio, ou seja, “Pay Day”. E saiu-me a sorte grande: Regula em produção de Sam The Kid e mistura de Here’s Johnny que, este mês, ainda andou às voltas com Gson. A mensagem é on point (“sem talk sweet como o Richie”) e diz-nos que não há muito que se possa apontar a um rapper com o estatuto do próprio, carreira feita e que, por esta altura, não precisa de artifícios para vingar. Solto e standing still, faz parecer que é fácil. Paguem o que devem.

Núria R. Pinto


[The Pollyseeds] “Intentions” feat. Chachi

A propósito de “Intentions”, tema dos Pollyseeds de Terrace Martin que tem mais Verão dentro do que a primeira temporada completa de Baywatch, disse as seguintes palavras aos microfones da Antena 3 numa das crónicas diárias dedicadas ao universo das Rimas e Batidas:

“O Terrace Martin é um saxofonista de jazz e um brilhante produtor que quando não está em estúdio a fazer sessões para Snoop Dogg ou Dr. Dre, está provavelmente a produzir beats para Kendrick Lamar, um tipo que quando não anda na estrada com Herbie Hancock, está ocupado a gravar álbuns incríveis como Velvet Portraits, trabalho admirável lançado o ano passado. E quando não está a fazer nada disso e arranja algum tempo livre, Terrace Martin agarra no telefone, liga a uns amigos e cria um grupo como os Pollyseeds que se prepara para editar álbum de estreia no próximo dia 14 de Julho. Ah… os amigos de Terrace Martin respondem por nomes como Kamasi Washington ou Robert Glasper, por exemplo, cada um deles um gigante na sua área, cada um deles um líder com provas dadas.

“Intentions” é o primeiro single de Sounds of Crenshaw vol. 1 que naturalmente deverá merecer toda a vossa atenção e que eu tratarei de não esquecer mal aterre por aí nas lojas. Já sabem de quem eu falo agora, certo? Terrace Martin, senhoras e senhores…”

Acrescento que “Intentions” é Terrace Martin a mostrar-nos como se pode interpretar toda a longa e rica tradição de Los Angeles, terra de low riders que cruzam os boulevards bem devagar, enquanto o som se desprende dos woofers e ajuda a refrescar o ambiente, com as palmeiras a deslizarem em câmara lenta sobre a nossa cabeça: tem jazz e funk que escorre como geleia para dentro dos nossos ouvidos, tem soul e aquele bounce de que os jipes tanto gostam. Tem classe. E isso chega.

Rui Miguel Abreu


[Sinead Harnett] “Still Miss You”

Ando atrás desta senhora desde que a sua “She Ain’t Me” andava em alta rotação na 1Xtra. Passaram dois anos e álbum de estreia, que é bom, nada. E também ainda não é desta. Afinal, Chapter One, que chega hoje, é uma mixtape. É de lá que vem esta “Still Miss You”. Balada de tempos modernos, serve de apresentação a mais um registo de curta-duração, que a julgar pelo que ouvimos vai, mais uma vez, ficar a saber a pouco.

Sem exibicionismos desnecessários, o seu timbre aveludado exalta o seu talento indiscutível de forma subtil mas certeira. Com um instrumental a lembrar um “Marvin’s Room” ligeiramente mais acelerado, “Still Miss You” não será certamente o tema mais orelhudo do seu currículo, mas não deixa de ser uma entrada obrigatória para quem conhecer melhor o que a londrina tem para oferecer.

Sinead Harnett é uma das grandes promessas do r&b britânico e há boas razões para isso: entre colaborações e singles em nome próprio, parece que a sua voz funciona como uma espécie de toque de Midas, fazendo com que tudo o que canta brilhe um pouco mais. Não é à toa que em feito as delícias do público, dos media especializados e apaixonou outros nomes da parada como Rudimental, Kaytranada, Disclosure ou Snakehips. Já com sede de futuro, depois de quatro EPs e esta mixtape, esperemos que 2017 traga, finalmente, o tão aguardado álbum.

Rute Correia


[SP Deville] “Longe”

SP Deville está a preparar a sua despedida da língua portuguesa, e não o poderia estar a fazer de melhor forma. Os anos passam e o rapper e produtor, agora a residir no Reino Unido, demonstra cada vez mais uma enorme aptidão para celebrar a sua carreira com temas e projectos de alto gabarito. Acabando por, se calhar, fazer até o percurso inverso ao que era expectável na indústria musical. Por norma, os artistas surgem no radar dos média por se destacarem por uma veia criativa mais alternativa, para depois se “reformarem” com trabalhos mais virados para o mainstream. SP estreou-se numa das duplas de hip hop nacional mais radio friendly daquela altura, evoluindo depois para a artilharia sónica de Makongo, um grupo capaz de mover massas e colocar plateias inteiras a dançar. Hoje, Pedro Sousa surge a solo, a seguir um caminho completamente diferente daquele que prevíamos na primeira década deste milénio. Está a fazer música com, pelo menos, três dedos de testa, e demonstra um ritmo bastante fora do comum para quem já está há tantos anos na montra principal do panorama português.

Sou Quem Sou foi um dos melhores álbuns nacionais de 2015, It’s Deville Bitches é a perfeita continuação dessa sua saga. E as batidas que compila em EPs fazem certamente alguns MCs questionarem-se se andam a gastar dinheiro no produtor certo. SP agora está longe de nós, mas a criatividade não o abandonou. Vem aí um novo álbum, e este “Longe” é uma espécie de balada lo-fi de sabor agridoce, onde Pedro Sousa desabafa com as estrelas as amarguras desta vida. Se Black Gipsy já estava na minha lista de projectos para seguir com atenção em 2017, este seu último single trouxe-me ainda mais impaciência. E, mesmo depois do álbum sair, esta é daquelas faixas que vai continuar a merecer ficar em loop por umas horas nas alturas de maior melancolia.

Gonçalo Oliveira

https://www.youtube.com/watch?v=jEYuf38tlOs

pub

Últimos da categoria: #ReBPlaylist

RBTV

Últimos artigos