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Publicado a: 22/08/2016

ReB Playlist: “Ocean’s Eleven”

Publicado a: 22/08/2016

[TEXTO] Vasco Completo [FOTO] Direitos Reservados 

 

Frank Ocean é um artista unânime quando lemos e ouvimos as críticas feitas pela bancada especializada. Nostalgia Ultra e Channel Orange não fogem aos favoritos de quem procurava um artista que juntasse de forma exímia a soul, r&b, pop e hip hop. Ouvimos Michael Jackson numa faixa, sentimos D’Angelo na música seguinte e ainda encontramos Marvin Gaye nas entrelinhas. Poucos artistas conseguem ler o tempo em que vivemos tão bem como Frank Ocean e dar-lhe os floreados necessários para tornar histórias trágicas em canções pop incríveis, dando-lhe a carga emocional necessária para entrarmos no seu mundo como se fosse o nosso.

O Rimas e Batidas convidou Vasco Completo, estudante de Ciências Musicais na Universidade Nova de Lisboa e produtor, para escolher onze canções que marquem o percurso de Frank Ocean antes da edição de “Endless” e “Blonde”.

 


https://www.youtube.com/watch?v=pNBD4OFF8cc

[“THINKIN BOUT YOU” (Live on SNL)]

Um clássico pop desta década e a essência de Frank Ocean evidente numa execução vocal muito acima da média. O falsete é requerido e o cantor não desilude.

 


https://youtu.be/TMfPJT4XjAI

[“NOVACANE”]

A única música de Nostalgia, Ultra a figurar nesta playlist demonstra a enorme capacidade de criar melodias que o cantor tem. Numa estrutura muito simples, essa qualidade está bem acentuada e, uma vez mais, supera as expectativas. Frank diz que não consegue sentir nada, mas que se sente viciado na droga dele (um narcótico/uma rapariga). Nós também sentimos e a nossa droga é “Novacane”.

 


[“SIERRA LEONE”]

Música para encostar à sombra (musicalmente falando, pois a letra fala duma gravidez indesejada). As modulações tonais menos acessíveis a qualquer cantor são mais uma prova da incrível voz de Ocean. Não dá para não relaxar ao som da primeira parte de Channel Orange.

 


[“PILOT JONES”]

A ambiência narcótica envolve-nos nesta música como se nos sentíssemos extasiados da mesma maneira que Frank se sente “a voar”. A batida minimalista (sub bass e um estalar de dedos), os sintetizadores e a voz de Frank parecem tão viciantes para nós como para ele é “Pilot Jones”.

 


[“SUPER RICH KIDS” (ft. Earl Sweatshirt)]

Há uma variação na dinâmica na voz de Frank que é interessante: nas estrofes canta com maior intensidade, enquanto no refrão demonstra uma entrega muito semelhante à do colega dos Odd Future, que aproveita o ritmo mais pontuado para soar arrastado, criando um bom contraste. Pode não ser das melhores do álbum, mas é das que é melhor concebida.

 


[“PYRAMIDS”]

A obra de quase 10 minutos de Channel Orange, uma das mais intensas do álbum, demonstra que Frank sabe ser mais do que um cantor pop ou r&b. A grande predominância de sintetizadores criam uma pirâmide sonora impenetrável. Um ritmo hipnotizante, um solo de guitarra etéreo e a voz a romper com o entorpecimento do instrumental quase lembram o solo de guitarra de “Comfortably Numb” dos Pink Floyd. É fácil relacionar as duas músicas como grandes canções dos álbuns em que figuram, que destoam sem comprometerem o resto.

 


[“LOST”]

“Lost” fica na sombra do clímax de “Pyramids”, no entanto continua a ser um dos pontos mais altos de Channel Orange. É o símbolo do registo musical de Frank Ocean: soa a uma mescla de vários estilos e texturas, tendo ainda assim espaço para ter uma sonoridade muito própria.

 


[“BAD RELIGION”]

A narração duma conversa sobre religião e o amor não correspondido de Frank. O cantor, de joelhos, pede salvação na música em que admite o seu amor por outro homem. A alusão a uma entidade superior na predominância do órgão é clara. A voz assenta excelentemente com o instrumental e o espaço para brilhar é aproveitado da melhor forma.

 


[“PINK MATTER” (ft. Andre 3000)]

O álbum, principalmente o segundo lado, tem as emoções muito à flor da pele, no entanto é em “Pink Matter” que sentimos Frank a mergulhar, a ir ao mais fundo que consegue. Pode-se ouvir isso no modo como entrega a voz: mais expressivo, cru e sujo, o cantor desabafa uma vez mais sobre a sua sexualidade. Andre 3000 dá outro “peso” ao ambiente leve da música.

 


https://www.youtube.com/watch?v=iHyo82Zqx6U

[“FORREST GUMP”]

Nota-se nervosismo na voz e a guitarra pede pelo amor não correspondido de Frank, ainda melhor que o próprio o faz. A melodia persegue-nos até depois de a música terminar. Esta é mais uma das provas de que Ocean consegue fazer uma música evidentemente pop/r&b que não deixa de ser fora da caixa. A produção visual da performance ajuda a tornar tudo melhor.

 


[“END]

A rádio ligada com “Voodoo” a dar e a chuva incessante a bater nos vidros. Frank Ocean sabe como encenar uma despedida e a música final de Channel Orange é mais um exemplo da sua capacidade de demonstrar o trágico que existe em cada relação. As frases soltas e o instrumental repetido dão um carácter improvisado à música.

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