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É quando se prepara para actuar no Maus Hábitos, no Porto, a 8 de Dezembro; e no dia seguinte no Village Underground Lisboa, que o Rimas e Batidas contacta NERVE para fazer um ponto de situação do seu momento artístico.
Senhor Mistério de vocação, é natural que não queira desvendar tudo, mas revela que está a trabalhar em dois novos discos — um deles com outros artistas, o que pode indiciar um álbum de ESCALPE, o trio que forma com Tilt e Il-Brutto — e antecipa os concertos que vai dar, bem como as sessões Purga, que se têm tornado num acontecimento cada vez mais relevante.
Vais actuar agora no Maus Hábitos e no Village Underground. Relembra-nos: como está o teu alinhamento neste momento? Interpretas faixas dos teus vários discos? Focas-te mais no Auto-Sabotagem, por ser o mais recente? Apresentas as faixas soltas que tens lançado nos últimos anos? Mostras coisas novas que ainda não saíram?
Estou muito entusiasmado com a ideia de voltar ao Porto. Vai ser bom gig de certeza. No alinhamento, há de tudo um pouco desde o Água do Bongo. Algumas do Trabalho & Conhaque e do Auto-Sabotagem (sem que o gig gire demasiado em torno de qualquer um deles) e várias músicas que não constam em álbuns meus. Além disso, é frequente apresentar músicas ao vivo antes de serem editadas, como tem acontecido com as faixas de ESCALPE, por exemplo.
Tens estado numa fase de composição/escrita para um disco novo? Se sim, o que já podes contar sobre o projecto?
Dois discos. Um deles não é só meu e nenhum dos dois é sucessor directo do Trabalho & Conhaque.
Fala-nos também de ESCALPE. Este ano apresentaram mais um tema, “Pratta”. Há mais a caminho? A ideia é culminar num álbum?
A gente avisa quando for hora.
Faz-nos também o ponto de situação das Purga, que têm acontecido com bastante regularidade e sucesso. O projecto tem crescido? Gostavas de o levar mais além? Estás satisfeito e a ideia é continuar tal como está?
Tenho muito orgulho neste projecto. Desde 2019, mais de duas dezenas de sessões depois, a última foi a que recebeu mais público e a que mais participantes teve no momento de open mic. A NAV, no Campo Pequeno, é o espaço ideal para estas sessões e contribui grandemente para o ambiente íntimo que ali se gera. No formato antigo da Purga, havia leitura por mim e por um autor convidado diferente em cada sessão; actualmente, além de leitura minha, há leitura por dois autores convidados e ainda uma componente musical por um terceiro convidado. Há muita coisa que quero fazer com este projecto que, felizmente, mantém o lado entusiasmante de ainda ter espaço para crescimento e melhoria. De resto, é incrível ver uma sala cheia com pessoas que saíram de casa a um sábado à tarde de propósito para ouvir poesia.
As Purga acabam por também ser um espaço de experimentação, onde podes testar material? Tal como os comediantes fazem no circuito dos bares, antes de se apresentarem nas grandes salas?
Em todas as sessões apresento textos novos. Do meu lado, além do aspecto organizacional, o desafio é um bocado esse. Quando escrevo de propósito para Purga, o processo, tal como a intenção, tende a ser bastante diferente daquele que aplico quando escrevo para música. Acho que a Purga me permitiu precisamente organizar o meu processo criativo, ou pelo menos alargá-lo. Há muitas ideias que funcionam melhor fora do contexto de rap, então, enquanto artista, quantos mais veículos de expressão eu tiver à minha disposição, melhor. Dito isto, de vez em quando também apresento alguma letra escrita para música, embora o objectivo não seja bem testar material mas sim apresentar de forma honesta aquilo em que tenho estado a trabalhar desde a sessão anterior. O objectivo é sempre que a esmagadora maioria do texto seja material novo que escrevi de propósito para cada sessão.
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