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Publicado a: 11/03/2018

Lisboa Dance Festival 2018: da agitação quente de PEDRO à disco orquestral de Joe Goddard

Publicado a: 11/03/2018

[TEXTO] Ricardo Farinha [FOTOS] Rafael Martins (PEDRO), Lúcia Domingues (Joe Goddard)

Depois de um primeiro dia de Lisboa Dance Festival onde estiveram em evidência várias cores da música electrónica, a derradeira data da terceira edição do evento, que acontece pela primeira vez no Hub Criativo do Beato, também reflectiu essa multiplicidade de estilos dentro da música de dança — é engraçada toda esta terminologia, quando decorre ao mesmo tempo na cidade o Cumplicidades, o Festival Internacional de Dança Contemporânea.

Fomos até à Pastelaria do recinto para assistir às fornadas de batidas lançadas pelo já mestre PEDRO (fka Kking Kong), pouco passava das 22 horas. Herdeiro natural do legado dos Buraka Som Sistema, e companheiro de Branko na Enchufada, PEDRO é um dos melhores produtores do género que existem em Portugal neste momento, e, ainda assim, mantém-se como um dos mais promissores. Na discografia que apresenta até agora só há tiros certeiros, bangers afro-electrónicos que já correram o mundo, apesar de poderem ser inspirados pelas vivências nas “Arcadas” da “Damaia”, onde começam as “Drenas” e não há espaço para qualquer tipo de “Chibaria”. Uma realidade local, que se sente na música, que se torna global sem grandes barreiras — uma vez mais, depois do sucesso das suas grandes referências.

 


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Daí que PEDRO tenha várias mãos cheias de trunfos para actuar ao vivo e deixar uma pista de dança em fogo, como fez no Lisboa Dance Festival. Tocou faixas suas, dos seus parceiros de label — com destaque para as marimbas de Dotorado Pro –, mas misturou-as (e muito bem) ao vivo como um DJ de topo, função muito distinta da de produtor, facto que por vezes vale a pena relembrar. Nota ainda para a cada vez maior intrusão de sonoridades do Brasil — sejam as batidas ou as frases gancho repetidas — para este caldeirão multicultural que Lisboa tem vindo a celebrar cada vez mais.

Do calor da Pastelaria, ao rubro e bem compacta — se houvesse sistema de senhas, teriam esgotado –, passamos para uma Fábrica das Massas mais tradicionalmente europeia e anglo-saxónica, mesmo que beba de várias origens. Joe Goddard, vocalista e teclista nos Hot Chip, vinha apresentar em Lisboa o seu novo trabalho a solo, Electric Lines.

Essas linhas eléctricas têm uma base de disco moderno, com influências de house e cantores convidados — tanto para um álbum para ouvir em casa num domingo à tarde, recheado de melodias, como para dançar num clube. São baladas dançáveis com estruturas pop, orquestrais, por vezes quase cósmicas, com reminiscências dos anos 80, com várias (e bem trabalhadas) camadas de programação e samples — algo que revemos até na capa do disco. A sala mereceria estar mais preenchida para este desfile de hits de pista de dança tocados ao vivo — o músico fez-se acompanhar por uma vocalista –, que vão beber desde o house de Detroit à electrónica londrina, passando por tons r&b e ritmos funk. Joe Goddard também não se esqueceu de onde estava, e, olhando para o cartaz do festival, investiu nos graves techno em momentos-chave da actuação.

 


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