[ENTREVISTA] Ricardo Farinha [IMAGEM] Sebastião Santana [ÁUDIO] Tiago Galvão
Na pequena visita que a equipa do Rimas e Batidas fez ao Porto em Janeiro — onde entrevistámos Fuse e Mundo Segundo —, também nos cruzámos brevemente com Keso, que ainda trocou umas palavras com o Inspector Mórbido antes de entrar em discurso directo com a nossa revista digital.
Abordámos as novidades do músico que editou o ano passado KSX16 e previmos alguns dos planos do original marginal para 2017.
Como foi a experiência de conheceres o Brasil no Festival Terra do Rap? De que é que gostaste mais?
Gostei de estar lá nas comunidades, que é o nome que eles arranjaram para as favelas. Estar lá com o pessoal, falar com eles sobre rap. Senti que o rap é uma cena bué importante para eles porque é uma forma de se expressarem, como em todo o lado, mas lá com alguma força a mais. E gostei de sentir uma coisa muito particular: no Brasil as pessoas não envelhecem. Só envelheces quando vais para a cova. E acho que isso é o mais interessante do Brasil, que é ver pessoas com 60, 70 anos, às três e quatro da manhã, a conviverem na rua, a beberem cerveja, fumarem, a falarem. Acho que isso é o melhor do Brasil em relação à Europa.
E como é que tem corrido o programa na SBSR FM, o Ciência Rítmica Avançada?
Está a correr fixe. Eu estou sempre naquela do “quando é que vou ser despedido?”, estás a ver? Porque faço mesmo questão de apresentar os projectos que saem, sejam que projectos forem, do rap português. E não ponho muito do meu juízo de gosto lá. A gente tem sempre que fazer um comentário, tento ser o mais imparcial possível e sempre que digo as coisas digo com bastante franqueza. Mas o objectivo é mesmo promover e inserir nas rádios música que muitas vezes não chega lá. Estamos aí, Ciência Rítmica Avançada.
Que projectos é que tens para este ano?
2016 foi do caralho. Agora, 2017 acho que é consolidar o KSX2016. Há uma série de plataformas em que ainda não trabalhei, no caso do audiovisual. E vamos começar o ano a trabalhar essa parte. Fazer o meu primeiro videoclipe, se calhar um segundo e um terceiro. O KSX2016 vai ser reeditado, uma vez que ele esgotou logo mal saiu. Vamos trabalhar também algumas roupagens novas. E, essencialmente, tocá-lo. Mas só em concertos dedicados: em que é só mesmo o KSX2016 e o meu reportório, porque o ano passado foi muito bom, deu para circularmos muito, mas foi sempre inserido em festivais. E então os concertos são sempre curtos e nunca dá para fazer algo mais intimista e pessoal. Esse é o objectivo de 2017. Em relação a novos discos, ainda não posso adiantar.
Em relação aos concertos, vais ter o live set normal ou, depois da experiência com Oliveira Trio, queres inovar, de alguma forma?
Não, com Oliveira Trio foi um caso esporádico. Surgiu como uma proposta para gravarmos um tema ou dois, e então eu decidi avançar para concerto e eles alinharam. Agora até temos muita gente a pedir para que volte a acontecer, pelo menos mais uma vez, e de certeza que vai acontecer. Mas o concerto em si, do Keso, KSX2016, como o meu DJ diz, é um backpack show. Vou eu e o DJ, podemos ter as participações, alguns instrumentos a serem tocados, mas neste momento ainda não justifica, nem tão cedo eu acho que vá justificar, a existência de uma logística muito maior. A nível de músicos, preparação do espectáculo… toda a mise-en-scène. Para já, é simples, como ele ainda não chegou às pessoas. [No Porto] muita gente não estava porque a sala era muito limitada, e por isso temos de fazer outra vez um concerto de apresentação no Porto e depois corrermos outra vez o resto do país.