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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 06/07/2020

Uma semana de novidades audiovisuais nos terrenos do hip hop e electrónica pela mão de Gonçalo Oliveira.

7 Dias, 7 Vídeos

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 06/07/2020

Era digital, informação à velocidade da luz. Vídeos e músicas a soçobrar pelas plataformas virtuais. Novidades emaranhadas entre si, confusão sónica, sentidos desorientados. Quem nos guia? Por onde vamos? Para onde vamos?

7 Dias, 7 Vídeos é o resgate audiovisual semanal nos terrenos do hip hop e electrónica. Filtragem de qualidade, barreira contra a poeira que nos cega com tanto de novo, com tanto para espreitar e escutar.


[Jorja Smith] “Rose Rouge”

“No justice, no peace!” Não baixemos os braços nem voltemos a ignorar o elefante na sala. Não haverá certamente muitas memórias de um protesto desta magnitude à escala global nem de uma resposta tão incessante por parte da comunidade artística, que já vai na sexta semana consecutiva a responder ao assassinato de George Floyd através do som.

“Rose Rouge”, um original de St. Germain recriado por Jorja Smith como forma de contributo a esta causa, tem um sabor especial: a cantora integra o lote de artistas britânicos convidados para a compilação Blue Note Re:Imagined, um sinal de que uma das maiores impulsionadoras da música negra está atenta à reformulação do jazz em terras de Sua Majestade.


[Kanye West] “Wash Us In The Blood” feat. Travis Scott

Kanye West regressa à fórmula que o levou até Yeezus, até porque o quadro actual assim o pede. Drums pesados numa sopa de baixa fidelidade de noise e glitch, um vídeo muito interessante — uma montagem de imagens não aconselháveis aos mais sensíveis, ambientes VFX futuristas, personas da Internet ou até GTA (olá VULTO.) — e a voz do candidato à presidência dos EUA a veicular também os ecos deste protesto anti-racismo em jeito de marcha, tendo Travis Scott, Dr. Dre, Ronny J e, pelos vistos, Elon Musk ao seu lado. Se Kanye é a salvação que a América precisa? Meh. Se a música que Kanye cria nesta circunstância pode ser o pão nosso de cada dia? Claro que sim! Venha daí esse God’s Country.


[CLBRKS & Morriarchi] “CAMEL YELLOW”

“Do double quantities mean double cooking time?” É com esta tirada genial que Morriarchi volta a introduzir CLBRKS num novo disco. A dupla tinha-se estreado com MICROWAVE COOKING 2000 em Março e estabeleceu um novo parâmetro de qualidade dentro da cena rap britânica. Em conversa com o rapper, ficou no ar a ideia de uma sucessão, mas estávamos longe de imaginar o quão rápida seria a sua confissão. CLBRKS e Morriarchi apanharam-nos desprevenidos e são definitivamente um dos combos de MC e produtor mais interessantes dos últimos anos, detentores de uma fórmula que funciona às mil maravilhas. PERFORMANCE ENHANCING DIET volta a ter o carimbo da Blah Records, conta com a benção do sensei do underground londrino Lord Apex e tem a segunda parte do “nosso” “BONITO”, novamente com a participação CAPRIISUN.


[Ângela Polícia] “O Ritmo” feat. Razat

Fernando Fernandes tem sido incansável na produção de conteúdos visuais para o seu segundo álbum enquanto Ângela Polícia. O trabalho saiu há um ano, levou o artista bracarense a percorrer vários palcos de festivais dedicados às sonoridades alternativas e já colocou as mãos na massa com vista à sucessão de Apùtece-me!. “O Ritmo”, tema criado a meias com o amigo Razat e cujo videoclipe é realizado por Tiago da Cunha, dá por encerrada a mais recente aventura de Ângela Polícia no formato LP.


[scarlxrd] “ERGHHH. // EXPECTATIXNS.”

Lançou o álbum SCARHXURS no início deste ano e logo em Maio apontou para um novo projecto: FANTASY VXID saiu em Junho mas os seus temas foram sendo apresentados em quatro EPs distintos, que culminaram no 11º trabalho de maior calibre por parte do jovem talento britânico. Durante as últimas semanas, várias dessas faixas ascenderam ao estatuto de single com o surgimento dos respectivos acompanhamentos visuais no YouTube, todos eles idênticos na sua simplicidade à excepção dos últimos dois “ERGHHH. // EXPECTATIXNS.” e “SAVE YXUR GRACE”, alvos de várias filtragens durante o processo de edição, mais trabalhados que os seus antecessores.


[Disclosure] “My High” feat. Aminé & slowthai

Uma fusão curiosa, que à partida soaria estranha, confirmou-se bastantes furos abaixo do esperado. Por muita que seja a boa vontade de fazer acontecer, os Disclosure parecem não ter sido feitos para navegar no mesmo mar em que habitam Aminé e slowthai. Musicalmente, “My High” tem aquele travo a fórmula cansada de pop mastigada. Mas nem tudo é mau: os dois rapper estão realmente a divertir-se enquanto seguem à boleia do fulgor criativo que vivem e uns quantos “don’t fuck up my high” apontam para toda essa pressão que vem de fora por parte de quem está só a ver. Já a peça visual dirigida por Simon Cahn — que também trabalhou recentemente com Danny Brown — é de fazer inveja rir muita gente.


[AJ Tracey & Mabel] “West Ten”

Lembram-se de quando o garage era cool e passava nas rádios? AJ Tracey não se esqueceu do que aprendeu com os OGs Skepta ou Dizzee Rascal e regressou aos tempos áureos de quando género britânico se fundiu com a pop, convidando a cantora Mabel — filha de Neneh Cherry e de Cameron McVey, dos Massive Attack — para fazer parte do processo. Um dos MCs mais versáteis da sua geração e também um caso de sucesso entre a comunidade artística jovem, Tracey fala das suas conquistas neste nostálgico “West Ten” enquanto esperamos pelo seu segundo álbum.

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