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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 14/11/2023

Lisboa abre portas à música menos convencional ao longo de 5 noites.

6 projectos em grande plano na edição de estreia do Vale Perdido

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 14/11/2023

Entre quarta-feira e domingo desta semana, de 15 a 19 de Novembro, acontece a primeira edição do Vale Perdido, um festival que celebra a música praticada à margem de quaisquer convenções.

Com uma programação que se assume como “eclética e aventureira”, este festival parte de uma ideia germinada em conjunto por três agentes culturais da cena lisboeta que têm sido responsáveis por trazer propostas musicais menos óbvias à nossa capital — são eles Sérgio Hydalgo, Joaquim Quadros e Gustavo Blanco. No Vale Perdido, essa preferência em apostar nas sonoridades fora do comum mantém-se, o que significa que estas 5 noites que se avizinham serão uma óptima oportunidade para descobrir artistas que muitas das vezes passam despercebidos por entre a azáfama dos algoritmos e da abundância que se vive nos domínios do digital.

Os espectáculos estão marcados para diferentes espaços da cidade —  Igreja St. George, B.Leza,  LISA e 8 Marvila — e, no total, há 14 actos num cartaz que prima pelo arrojo e pela pluralidade, com artistas oriundos de diferentes coordenadas do globo — do Japão e Uganda até, claro, Portugal. Em jeito de guia para ajudar os mais audazes marinheiros a navegar por estes mares não tão conhecidos, o Rimas e Batidas destaca os 6 projectos que mais devem ter em conta neste arranque do Vale Perdido.


[FUJI||||||||||TA] 15 de Novembro

É, muito provavelmente, um dos nomes que menos alarmes faz soar, mas é também aquele que a organização deste certame mais se orgulha de conseguir trazer a Portugal, conforme revelaram ao Rimas e Batidas. FUJI||||||||||TA é um artista sonoro cuja música é feita a partir de instrumentos não convencionais, muitas das vezes imaginados e construídos pelo próprio, e que admite estar numa constante demanda por novas frequências, conforme contou ontem numa entrevista publicada por cá. Autor de obras como iki e NOISEEM, assinou em Agosto deste ano a sua primeira colectânea de captações em áudio, recolhidas entre 2015 e 2022, intitulada de Super Flat Field Recordings.


[Nihiloxica] 17 de Novembro

Quando a tradição rítmica ancestral do Uganda se une às trevas da cena rave inglesa, coisas inesperadas podem acontecer. É esse o ADN sónico de Nihiloxica, um projecto que tem tanto de inesperado como de interessante e traz uma lufada de ar fresco para a cena clubbing, mesmo quando pensamos que já escutámos de tudo e já não há mais nada que nos surpreenda. A banda que nasceu no seio da Nyege Nyege Tapes está na estrada a promover o seu novo Source of Denial e Lisboa é uma das paragens escolhidas para receber o frenesim de percussões e sintetizadores que este quinteto consegue desempenhar em palco. No final de Outubro, Nihiloxica concederam uma entrevista à nossa publicação, onde abordaram a evolução do seu som e a feitura do seu mais recente LP.


 
 
 
 
 
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[Batucadeiras das Olaias] 17 de Novembro

Outro simbolo da tradição sonora africana, por via de Cabo Verde, são as Batucadeiras das Olaias. É graças a iniciativas como esta que a cultura de um povo se mantém viva e nos dias de hoje, face ao crescente interesse do mundo em descobrir o que se foi esvanecendo com o progredir da história, é importante ter quem represente o batuko de forma fiel e honesta para que a linguagem não se deixe apropriar nem perder no meio das “traduções”. Clarice Monteiro, porta-voz e principal instigadora do grupo, reconheceu recentemente ao ReB o bom momento que as Batucadeiras atravessam, elas que têm vindo a figurar em espectáculos musicais pela capital portuguesa, como aconteceu quando acompanharam o rapper MRCOMEDINA no B.Leza ou numa actuação no Iminente, que as juntou a Loreta, Juana na Rap e Primero G.


[Luke Vibert] 18 de Novembro

É sabido que Aphex Twin não fará parte da programação do Vale Perdido, mas e se vos dissermos que um dos colaboradores em quem Richard David James mais confia vai marcar presença em Lisboa no âmbito deste festival? A electrónica cerebral, ácida e imaginativa de Luke Vibert tem tudo para ser um dos pontos mais altos desta edição de estreia do Vale Perdido e promete não dar tréguas à dança, já que mistura elementos oriundos de escolas tão distintas quanto as do drum & bass e do techno. Depois de passar por diversas casas editoriais de grande prestígio — Mo Wax, Warp Records, Planet Mu e a própria Rephlex Records, de Aphex Twin, são algumas delas — este ano juntou-se aos belgas da De:tuned para lançar Machine Funk, um conjunto de 11 faixas nas quais os sintetizadores desempenham um papel fundamental.


[Gabriel Ferrandini & Xavier Paes] 19 de Novembro

Nada melhor do que um concerto inédito para terminar um festival em grande estilo. Gabriel Ferrandini e Xavier Paes já eram bastante conhecedores dos trabalhos um do outro e foram recentemente desafiados para criar algo em conjunto para a despedida da edição debutante do Vale Perdido. Numa recente entrevista concedida a Rui Miguel Abreu, Ferrandini confessou ainda não ter ideia do tipo de material que levarão até à LISA, mas basta ter a mínima ideia do percurso de ambos os músicos para se perceber facilmente que o intuito será sempre o de desbravar terreno. Afinal de contas, estamos a falar de um dos bateristas mais inventivos da cena jazz e música improvisada do nosso país, que lançou Hair of the Dog em 2021, e de Xavier Paes, artista multidisciplinar cujas impressões digitais se têm espalhado por diversos projectos, como são os casos de Favela Discos, Dies Lexic ou Refluxo Colectivo.


[A:DI] 19 de Novembro

Após o término da apresentação da dupla acima, o derradeiro acto desta estreia do Vale Perdido fica entregue a A:DI, um dos vários nomes pelos quais responde Adrien Franklin, produtor inglês que recentemente se mudou de Londres para Lisboa. Com batidas que parecem ter sido extraídas em manhãs de nevoeiro, editou em Abril passado o EP Silver Dragon, no qual assina como Eva Rhythmic. Enquanto DJ, formato no qual se apresentará nesta ocasião, podem esperar dele um set camaleónico e capaz de se estender do ambient ao hip hop.

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