[TEXTO] Alexandre Ribeiro [FOTOS] Bernardo Lima Infante
O Jardim Municipal de Oeiras recebeu ontem o primeiro dia do Festival Iminente e confirmou as elevadas expectativas, começando logo pela disposição e aproveitamento do espaço: arte em todos os cantos possíveis, uma plataforma de carrinhos de choque reaproveitada para servir de pista de dança e músicos que são os melhores nas suas vertentes.
À entrada, a seguir à zona de restauração, encontrávamos a galeria da Underdogs com quadros de artistas como Vhils, Wasted Rita ou ±MAISMENOS±, uma espécie de preliminares para uma exposição no exterior com obras incríveis de artistas como Mário Belém ou Vhils, por exemplo. Transpira-se arte em cada canto do festival e isso é, sem sombra de dúvida, um dos pontos fortes deste evento.
Na ponta mais longínqua do certame estava o palco. Antes de nos dirigirmos lá, João Pedro Moreira assumiu a cabine da pista e rodou hits de dança de géneros e anos muito diferentes: Michael Jackson, Skepta, Jay-Z e Kanye West foram “companheiros de palco” nas intercalações entre pista e palco. Se o público começou tímido com o formato da pista – carrinhos de choque -, é também verdade que a partir de certa altura foi impossível entrar no espaço. Ser arrojado em todos os pedaços do festival.
Os Paus foram os primeiros artistas que vimos no Festival Iminente e é bastante claro que a banda tem idiossincrasias que a tornam um dos casos mais sérios da música moderna portuguesa, demonstrando-o ao tocarem as melhores faixas de álbuns como Paus, Clarão e Mitra. Voltando às idiossincrasias, a bateria siamesa, pois claro, mas não só: as letras simples e directas nunca são demais nem de menos e a destreza técnica dos músicos torna mais fácil vaguearem entre géneros com a elegância de gente grande.
A partir daqui, os pontos de interesse para o Rimas e Batidas passaram pela arte do DJing. Batida (DJ Set) foi o primeiro a entrar com um verdadeiro manifesto artístico. Um manequim no lugar de Pedro Coquenão a tentar ridicularizar as novas formas de se ser DJ, popularizadas por expoentes máximos como Steve Aoki, David Guetta ou Avicii, e um bailarino a criar uma encenação que venceu pela força do conceito. A ideia ficou assente na mente das pessoas que se viram obrigadas a “preocupar-se em dançar” em vez de reagirem ao que um DJ faria em palco. Algo diferente para mais tarde recordar.
DJ Glue e DJ Ride foram os responsáveis por fechar a pista e o palco, respectivamente. Dois dos melhores gira-disquistas portugueses mostraram o porquê de serem dos mais requisitados também: perícia na abordagem técnica e selecção impecável de músicas que vão do hip hop à electrónica, passando pelo drum’n’bass. O final perfeito para uma estreia em grande. Espera-nos agora um segundo dia recheado de hip hop. Até lá!