Enquanto uns se entretêm a visitar cemitérios nas profundezas dos oceanos ou equacionam férias em Marte, há quem, como nós, se contente com um dia passado no escritório a vasculhar por música nova sem precisar de ir fisicamente muito longe. Até porque não há dinheiro que pague a viagem que é escutar um bom disco pela primeira vez ou a sensação de o partilharmos com alguém que sabemos que também vai gostar.
Por hoje, há certificado de qualidade estampado em quatro obras que exploram os caminhos do hip hop e da música electrónica. Para os que se sentem seguros até nas camadas mais fundas, podem sempre espreitar o que lançaram também 2 Eleven (Skanless Levels 4), Big Freedia (Central City), Baby Money (YNOS 2), SWANS (The Beggar), Coi Leray (COI), Arthur Russell (Picture of Bunny Rabbit), Bishop Briggs (When Everything Went Dark), Portugal. The Man (Chris Black Changed My Life), Wallice (Mr. Big Shot), Cable Ties (All Her Plans), Geese (3D Country), Lastlings (Perfect World) e Lil Poppa (Half Man, Half Vamp).
[Young Thug] BUSINESS IS BUSNESS
As ruas não esquecem, ainda para mais quando a música não cessa. Preso desde Maio de 2022, Young Thug não mais tinha editado música nova desde Punk (2021), surgindo apenas enquanto convidado em temas de Metro Boomin, Killer Mike ou Yeat. Desta vez, BUSINESS IS BUSNESS e não há nada que o pare de enviar um novo álbum aos seus fãs nem de voltar a colaborar com pesos-pesados como Drake, Future, Travis Scott ou 21 Savage. A tratar-lhe das batidas estiveram Southside, London on da Track, Wheezy, Dez Wright ou, claro, o seu fiel parceiro Metro Boomin, responsável pela produção executiva deste conjunto de 15 faixas.
[Lunice] OPEN
Natural de Montréal, Canada, foi após uma passagem pela Red Bull Music Academy que muitos olhos se colocaram em cima de Lunice, DJ e produtor que foi um dos primeiros artistas a assinar pela inglesa LuckyMe, editora pela qual lançou os primeiros EPs e onde se cruzou com Hudson Mohawke, com quem viria a formar a dupla TNGHT. Depois de se estrear num LP em 2017, com CCCLX, colaborou com The Alchemist, Joji, Diplo ou TOKiMONSTA, e regressou à Warp Records para dar continuação a TNGHT. De volta à LuckyMe, Lunice acena-nos hoje com um disco composto por 10 malhas de electrónica desconcertante e que exibe nos créditos os nomes de Cali Cartier, Yuki Dreams Again, DAGR e Zach Zoya.
[DJ Scheme & Danny Towers] Safe House
DJ Scheme e Danny Towers encontraram-se em Members Only, colectivo de hip hop da Flórida onde também militaram XXXTENTACION, Trippie Redd ou Ski Mask the Slump God. Embora não tenha gozado ainda do mesmo protagonismo que os seus colegas de microfone, Towers tem-se vindo a destacar a espaços através de temas como “How You Feel? (Freestyle)”, “E-ER” ou “What To Do” e mostrou ter uma Tarantula dentro da cabeça ao primeiro álbum. Já Scheme é um produtor reputado dentro do meio que em 2020 reuniu um elenco de luxo sob o mote de FAMILY. Os dois cruzam-se agora, pela primeira vez, na concepção integral de um projecto que promete fazer abanar algumas estruturas, recheado de bangers e de convidados, com Denzel Curry, Robb Bank$ e Ski Mask à cabeça.
[Rrose] Please Touch
Nem é preciso perguntar. A ordem de Rrose é clara: Please Touch é o que pede Seth Horvitz em mais um trabalho assinado pelo alter-ego que estreou em 2011 para divagar pelos campos mais hipnóticos do techno de mãos dadas com o experimentalismo. O selo criado por si, Eaux, volta a ser a casa escolhida para uma nova edição de longa-duração, que nos leva da terra ao céu numa viagem em espiral ascendente de pouco mais de uma hora, entre momentos de maior contemplação sonora e outros cuja pulsação é ditada por ritmos desenfreados.