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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 10/11/2023

Da pop informada pelo drum & bass a uma cortina de fumo jazzística.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de PinkPantheress, LON3R JOHNY, Peculiar ou Aesop Rock

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 10/11/2023

As edições fonográficas nunca foram tão mutantes quanto são nos dias de hoje e isso deve-se à infinidade de géneros e subgéneros que vão sucessivamente despontando no decorrer da história da música. Sem dúvida de que daqui a 10 ou 20 anos a mescla será ainda mais caótica, mas foquemo-nos no agora: no final de mais uma semana, estão em destaque a hyperpop personalizada de PinkPantheress, o trap de autor de LON3R JOHNY, as canções tristes de Peculiar, o rap para a cabeça de Aesop Rock, o jazz fumarento de Cabrita, a electrónica glaciar de Aïsha Devi, a sonoridade orquestral de Miguel Marôco e o inconfundível flow descontraído de Larry June, que assina um novo disco em parceria com Cardo.

Mas há por aí muito mais ainda por cartografar: Timor YSF (Páginas EP), Gema (Ramen), Bad Boy Chiller Crew (Influential), George Riley (Un/limited Love), Rick Ross & Meek Mill (Too Good To Be True), Mon Laferte (Autopoiética), Moritz von Oswald (Silencio), Lola Brooke (Dennis Daughter), foodman (Uchigawa Tankentai EP), Trippie Redd (Saint Michael), Jelani Blackman (The Heart of It), Miguel Atwood-Ferguson (Les Jardins Mystiques Vol.1) e YoungBoy Never Broke Again (Decided 2) também se posicionam em coordenadas interessantes nos seus mais recentes trabalhos.


[PinkPantheress] Heaven Knows

Tem tudo para ser um fenómeno “daqueles”. A cantora que foi uma das surpresas deste ano no Super Bock Super Rock assistiu à inocência dos seus primeiros temas a conquistarem-lhe um culto imediato, muito devido o facto de estar a trazer estéticas sonoras doutros tempos — como o drum & bass e o UK garage — para um contexto de pop moderna e jovial. Em 2023 serão poucas as pessoas que ainda não tenham ido dar com o seu nome, até porque este foi o ano em que rubricou o seu maior êxito, “Boy’s a liar Pt. 2”, tema em que colabora com a não menos entusiasmante Ice Spice. O banger produzido por Mura Masa salta de imediato para o alinhamento de Heaven Knows, o aguardado álbum de estreia hoje editado por PinkPantheress, que compreende um total de 13 faixas e regista contribuições adicionais de Central Cee, Kelela ou Rema.


[LON3R JOHNY] Ligação Tokyo

LON3R JOHNY volta a editar material novo sem aviso prévio. Depois de se ter juntado a Plutonio, numa parceria improvável, para lançar inesperadamente ANTI$$OCIAL em pleno Dia das Mentiras, o autor de Vida Rockstar volta aos discos com Ligação Tokyo. A sua passagem pela capital nipónica já havia sido assinalada em “Nirvana” na semana passada, mas nada fazia prever que essa paragem fosse destino prolongado em matéria discográfica. Numa escala fugaz, apesar de tudo: em nove faixas perfaz 18 minutos de música nova, enquanto continua a importar tendências para as firmar por cá.


[Peculiar] Lágrimas de Pérola

Rendemo-nos de imediato quando percebemos que um homem também “Chora” através dos versos de Peculiar, projecto a solo de João Nicolau Quintela. Esse interessante single mereceu até uma estreia no Rimas e Batidas e provocou uma primeira troca de impressões com o newcomer de Faro, actualmente a residir em Lisboa. As antenas ficaram imediatamente atentas para o que se poderia seguir no plano artístico de Peculiar, que hoje nos acena com o seu primeiro curta-duração, um conjunto de canções de sofrência pop. Dias 18 e 25 de Novembro, apresenta ao vivo este Lágrimas de Pérola no Tokyo (Lisboa) e IPDJ de Faro, respectivamente.


[Aesop Rock] Integrated Tech Solutions

A Inteligência Artificial ganha terreno sobre indústrias criativas como a música a cada dia que passa. De tal forma que, para os mais imaginativos, não será hoje nada improvável ouvir, suponhamos, Aesop Rock a cantar “Baby” de Justin Bieber, ou o cantor canadiano a rimar sobre um dos beats do rapper e produtor norte-americano. Integrated Tech Solutions parece ser, por isso, uma resposta irónica (mas muito séria) aos desenvolvimentos tecnológicos que tantas questões têm levantado. Felizmente, a criatividade de cunho humano continua a prevalecer de boa saúde nas mãos de incansáveis representantes como Ian Matthias Bavitz.


[Cabrita] Umbra

“Melancólico, nostálgico e exploratório da passagem do tempo.” É desta forma que nos é descrito Umbra, o mais recente LP de Cabrita pela Omnichord Records, 3 anos após o lançamento de uma obra homónima de estreia pela mesma editora. Menos colaborativo do que o seu antecessor, este é um disco que atribui ritmos, harmonias e melodias às coisas menos positivas da vida de que só damos conta quando sentimos os anos a passar e o que esse tempo provoca em tudo o que está ao nosso redor. Numa toada jazz mais sombria, o saxofonista e compositor chega ao segundo álbum com um total de 10 novas faixas maioritariamente instrumentais. NBC, Surma e Larie são os convidados que acederam ao chamamento de Cabrita para este Umbra, que foi produzido na íntegra por Rui Gaspar, dos First Breath After Coma.


[Aïsha Devi] Death is Home

Foi entre o incentivo à dança e o sentimento de catarse que assistimos à prestação de Aïsha Devi pela mais recente edição do Mucho Flow, a pouquíssimos dias de editar este seu novo Death is Home, que foi hoje selado e colocado no mercado pela Houndsooth. A cantora e produtora suíça levou a cabo mais um plano para nos dar outra dose de música electrónica visceral apontada como sendo o seu “grade manifesto”, já que nota toda a sua evolução e fala da forma como a música serviu de cura para um passado marcado por isolamento e abusos.


[Miguel Marôco] A Eternidade

Ao contrário de Cabrita, o jazz de Miguel Marôco é bem mais solarengo e esperançoso naquele que é o seu segundo registo de longa-duração, o primeiro criado no seio de Cuca Monga, uma editora/coletivo artístico que celebrará 10 anos de vida já em 2024. Em A Eternidade, o cantor que em 2021 participou no Festival da Canção apresenta-se mais maduro do que nunca através de 9 peças musicais minuciosamente arranjadas tendo em conta as ricas secções de sopros, cordas e rítmicas que adornam os versos do seu autor. Dia 30 de Novembro, o álbum sobe ao palco do Musicbox, em Lisboa, para aquele que será o seu primeiro concerto de apresentação.


[Larry June & Cardo] The Night Shift

Ainda “ontem” o vimos em carne e osso no B.Leza, em Lisboa, a passar em revista o seu extensíssimo reportório, e já Larry June tem um novo trabalho pronto a apresentar em palco. O que não será surpresa para absolutamente ninguém que esteja familiarizado com o historial do rapper de São Francisco, Califórnia. Estranho seria o MC norte-americano fechar 2023 apenas com um disco editado em seu nome — mesmo sendo um álbum integralmente produzido por The Alchemist. Já neste “turno da noite” volta a contar com o super-produtor, mas desta vez no papel de rapper: quem assumiu a composição instrumental de The Night Shift foi Cardo, outro dos que prima por uma ética de trabalho exemplar.

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