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Texto: ReB Team
Fotografia: Pedro Ivan
Publicado a: 27/10/2023

12 mantas sonoras para aquecer os corpos.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de Malva, Kojaque, Shabazz Palaces, XEXA, DJ Shadow ou Marina Herlop

Texto: ReB Team
Fotografia: Pedro Ivan
Publicado a: 27/10/2023

Os dias já não são o que eram há umas semanas atrás, com a chuva e o frio a darem claros sinais de que vieram para ficar. E quando os termómetros baixam, há ingerir mais desse combustível bom e não poluente que nos aquece o corpo e a alma: hoje não falta música nova e totalizam-se em 12 o número de edições que escolhemos destacar por estas bandas.

Se quiserem manter a lareira acesa pelo máximo tempo possível, podem também recorrer às propostas de Francisco Fontes (Cosmopolita), Soraia Ramos (COCKTAIL), Brent Faiyaz (Larger Than Life), Murda Beatz & Shordie Shordie (Memory Lane 2), Rema (RAVAGE), BabyTron (Megatron 2), Mike Reed (The Separatist Party), María José Llergo (Ultrabelleza), Mariah the Scientist (To Be Eaten Alive), Gazelle Twin (Black Dog), Yaeger (Jaguar), Mayer Hawthorne (For All Time), Hinako Omori (stillness, softness…), King Gizzard & The Lizard Wizard (The Silver Cord), Ace Hood (B.O.D.Y.), Destin Conrad (Submissive), Baby Tate (Baby Tate Presents – Sexploration: The Musical), Poppy (Zig), Samara Joy (A Joyful Holiday), Mint Field (Aprender a Ser) e Orchestral Manoeuvres in the Dark (Bauhaus Staircase).


[Malva] vens ou ficas

Despontou ao lado de Joana Rodrigues na dupla redoma enquanto uma das poetas mais interessantes do hip hop nacional dos últimos anos e trocou-nos as voltas num projecto a solo em que agora assina como Malva. Além de uma excelente letrista, Carolina Viana mostra também ser uma cantora, instrumentista e compositora de mão-cheia, extravasando por completo os limites do género musical ao qual começou por se ligar discograficamente. vens ou ficas vai da canção portuguesa à folk mais experimental e manifesta-se através de 9 vulneráveis faixas, nas quais explora ideias de saudade e desapego.


[Kojaque] PHANTOM OF THE AFTERS

Musicalmente amadurecido e conceptualmente mais forte. Assim é o terceiro LP a solo de Kojaque, que foi hoje editado pela sua própria Soft Boy Records e vinha a ser particularmente aguardado deste lado após uma interessante série de singles de antecipação. Em PHANTOM OF THE AFTERS, o artista irlandês veste a pele de um personagem, Jackie Dandelion, para abordar questões pertinentes de um outro ponto-de-vista, tocando em temas como a imigração ou os estereótipos culturais ao longo de 15 músicas. Wiki, Biig Piig, Gotts Street Park e Charlotte dos Santos foram escolhas certeiras no capítulo dos convidados.


[Shabazz Palaces] Robed in Rareness

Seattle é o ponto de partida, já o destino estará fixo numa coordenada difícil de descodificar. A nave de Shabazz Palaces volta a levantar voo com mais um projecto de rap laboratorial capaz de se expandir a um nível intergaláctico. Ishmael Butler é o xamã que nos conduz nesta viagem pelos corredores menos visitados da matrix do hip hop através de rimas e batidas corrosivas que fogem por completo ao que é tido como padrão. Na travessia de 7 faixas que é Robbed in Rareness, são efectuadas várias paragens para oferecer boleias a Royce The Choice, Lil Tracy, Porter Ray, Lavarr the Starr, O Finess e Geechi Suede, nomes que também deixam a sua marca neste EP carimbado pela Sub Pop Records.


[XEXA] Vibrações de Prata

Já havíamos dado conta da iminência da estreia de Vibrações de Prata durante a semana passada, e cá está ela para o confirmar: XEXA tem mesmo um novo disco em mãos, editado pela Príncipe Discos, casa que a recebeu após o seu Calendário Sonoro (2021) — mixtape essa que se vê neste álbum recuperada, designadamente através dos temas “Assim”, “Nha Dêdê”, “Fragmented Breath” e “Prendes Nh’Alma”. O resto? É como se os sintetizadores da produtora luso-são-tomense radicada no Reino Unido saíssem todos à rua para marchar alto e em bom som.


[DJ Shadow] Action Adventure

Qualquer lançamento que venha assinado em nome de DJ Shadow é merecedor da nossa incondicional atenção. Agora, por esta “aventura” é que não esperávamos. Mesmo não sendo Josh Davis um produtor exclusivamente circunscrito ao hip hop — apesar da relevância que Entroducing teve para o género —, a paisagem sonora que este Action Adventure nos revela não deixa de se afigurar surpreendente. De volta à música instrumental a solo (sem grandes rappers a “matarem-lhe” os beats), o californiano mergulha num mar de sons electrónicos que têm tanto de revivalismo como de futurismo. Uma banda sonora do seu próprio regresso ao futuro.


[Marina Herlop] Nekkuja

No passado mês de Setembro, Marina Herlop passou por Lisboa para actuar no Panteão Nacional, aproveitando a oportunidade para começar a ensaiar ao vivo alguns dos temas do álbum que hoje edita. Miguel Santos foi o enviado do Rimas e Batidas a esse especial concerto e, após assistir à performance da cantautora e produtora espanhola, conseguiu trocar algumas impressões com ela para uma entrevista publicada por cá, durante a qual antecipou este seu novo Nekkuja como sendo um trabalho “corajoso” por ter “menos elementos”. No sucessor do aclamado Pripyat, Herlop foca-se mais na composição de canções e um pouco menos na parte experimental, que aqui aparece como componente servida em doses mais reguladas, sem que nunca se perca a essência daquela que tem sido a discografia da sua autora.


[Sensei D.] APOTHEOSIS

Era o próprio Sensei D. quem nos antevia, há pouco mais de um mês — numa entrevista aquando da edição de  In God’s Hands Vol. I, primeira compilação em vinil da sua Godsize Records —, este APOTHEOSIS. Só não esperávamos que o sucessor de Vivificat estivesse, na altura, para tão breve. Mas as surpresas não se ficaram por aí: seguindo a mesma lógica do seu primeiro grande álbum em nome próprio, o alinhamento passou por uma série de valorosos rappers, desde a cena nacional — bem representada por activos como Silab & Jay Fella, Jack Crack, Yur1, ORTEUM, Mura, Vácuo, UEST., Cora, Amaral e Big Jony (e até o próprio DJ X-Acto nos cuts) — à internacional, com figuras inusitadas a surgirem em cena, tais como Bloo Azul, Eddie Kaine, Pro Dillinger, Estee Nack, Hidden Character, Dirty Dickens, Grim Moses, Boob Bronx, Vega7 The Ronin, Figerson e Telsa’s Ghost. Uma tracklist de respeito, cuja revelação já conta com uns dias. Mas o destaque fora de horas não deixa de ser merecido.


[Red Hot & Ra] SOLAR

Depois de juntar gente como Georgia Anne Muldrow, Angel Bat Dawid ou Irreversible Entanglements para celebrar o legado de Sun Ra em Nuclear War, a Red Hot Organization volta a prestar uma vénia ao eterno cosmonauta do jazz, desta vez com um sabor aportuguesado. É com a ajuda de um elenco brasileiro que se chega ao resultado de SOLAR, uma obra composta por 8 temas interpretados por nomes como Metá Metá, BNegão, Xênia França, Jazzmeia Horn ou Xuxa Levy.


[Sofia Kourtesis] Madres

A faixa-título é a primeira do alinhamento e indica logo ao que vem. “Madres”, tal como o disco na sua totalidade, é música que aponta à pista de dança sem quaisquer rodeios, mas fá-lo através de vias menos óbvias, até porque este trabalho nasce de um lugar pleno de amor e de esperança. Ao primeiro álbum, Sofia Kourtesis tece uma dedicatória sonora à mãe e ao neurocirurgião que a salvou de um cancro, Peter Vajkoczy, numa edição que se deu hoje pela Ninja Tune. A celebração e a crença num futuro próspero reflectem-se nas melodias escolhidas pela artista peruana radicada na Alemanha para adornar as suas batidas, fazendo deste Madres um LP de house music capaz de puxar astrais para cima.


[Soul Providers] COR.TE.SIA

COR.TE.SIA representa mais um volume na discografia dos Soul Providers e é mais uma excepção à regra que dita os destaques de sexta-feira lançados no próprio dia. O novo trabalho da dupla composta por Crate Diggs e RakimBadu — que surge na linha de sucessão de And All That Jazz (2019), Percepções (2020), VERO e A Celebração (2021) — foi editado pela MS TV Records ontem, dia 27 de Outubro, mas é um bom exemplo daquele tipo de discos que procuram a intemporalidade por oposição ao imediatismo. 


[Mallina] Espelho

É a música portuguesa a continuar a gerar filhos e filhas, com Mallina a surgir como recém-nascida do outro lado deste ESPELHO. No reflexo, vê-se uma imagem nítida da pop que a cantora, produtora e compositora representa, desde as referências palpáveis do panorama nacional aos nomes incontornáveis da cena internacional contemporânea. Para isso traz uma estética visual trabalhada ao pormenor, complemento que nestas lides se afigura peremptório. E, claro, com uma mão cheia de faixas que nos dão a conhecer o verdadeiro tom das suas cores.


[Black Pumas] Chronicles of a Diamond

Nada como um novo disco dos Black Pumas para nos alinhar os chakras nesta transição tardia entre estações. Chronicles of a Diamond chegou em boa hora para nos deixar em paz com o aparentemente final definitivo de um Verão interminável, nos predispor a receber de braços abertos um Outono mais que bem-vindo e nos preparar, antecipadamente, para um Inverno esperançoso. Esse é, pelo menos, o calor que se faz sentir deste lado a ouvir a música concebida pelo luminoso duo formado entre Eric Burton e Adrian Quesada — que nos faz crer (mais ainda) que, no Texas, o Sol nunca deixa de brilhar.

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