É uma das curadorias que marcam a edição de 2023 do Super Bock em Stock. A Filtr Portugal programa os concertos na Garagem da EPAL, que tem sido um palco habitual neste festival que acontece nas redondezas dos Restauradores e da Avenida da Liberdade, em Lisboa, e que este ano dá pelo nome de Palco Tranquilidade. xtinto, Yang, Capital da Bulgária e VSP AST são os artistas que por lá vão actuar e que trocaram umas palavras com o Rimas e Batidas para antecipar esta edição que acontece esta sexta-feira e sábado, 24 e 25 de Novembro.
Yang é o artista que dá o mote de partida este ano na Garagem da EPAL, ao inaugurar o palco pelas 20h30 de dia 24. O músico, que contou a sua história ao Rimas e Batidas num artigo publicado em Maio, já tem no currículo o EP Modus Operandi (2020) e o álbum Overtime (2021). Este ano, associou-se à Sony Music Portugal e aproximou-se de vários elementos da Bridgetown, tendo inclusive participado num concerto de Richie Campbell.
Como se lançou durante a pandemia, e pelo facto de ser um artista emergente, não tem ainda grande experiência de palco, tendo só actuado três vezes. Ao vivo, revela, estará acompanhado de uma banda com guitarra, baixo, bateria e teclas.
“Neste concerto, acho que o importante é reviver o que foram três anos em que estivemos a fazer lançamentos em pandemia”, contextualiza Yang em declarações ao Rimas e Batidas. “Foram três anos em que lançámos projectos, fizemos música, crescemos enquanto artistas, chegámos agora aqui e sentimos que é o nosso momento. Calhou este concerto aparecer e encaramo-lo como o momento para mostrar o que queremos fazer a partir de agora”, explica. Toda a direcção musical é do próprio, em parceria com Nanu, o produtor que o tem acompanhado desde o início. “Estamos com muita energia e vontade de a mostrar.”
O alinhamento vai passar por Modus Operandi e Overtime, mas também pelos três singles que lançou este ano: “Não Me Leves a Mal”, “Compensa” e “Fica Pra Depois”. “É um bom aquecimento para aquilo que vai ser o próximo ano. Vai haver muita música nova, muita coisa nova mesmo. Estamos a sentir-nos no nosso melhor em todos os aspectos, tanto em estúdio como noutros aspectos criativos, com as pessoas com as quais nos temos encontrado e que nos querem ajudar e dar a mão… E isso só nos motiva a querer ter um ano incrível.”
A descobrir-se ao vivo, descreve o processo em estúdio como “mais íntimo”, onde pode explorar vulnerabilidades e elementos com os quais não se sente tão à vontade, para depois em palco já estar “seguro” ao poder “partilhar com as outras pessoas”. “Acho que sou um artista dos dois mundos. Alguém que gosta de estar no estúdio a reflectir e que também gosta quando é preciso estarmos divertidos e conectados com os outros, que também é parte da minha personalidade.”
É xtinto o cabeça-de-cartaz dessa noite no Palco Tranquilidade. O artista de Ourém lançou este ano o seu primeiro longa-duração, Latência (que pode ser desvendado num faixa-a-faixa que publicámos no Rimas e Batidas), mas nos últimos dias divulgou um single novo, “Lábios do Mar”, num registo distinto, que o próprio chega a descrever como mais próximo daquilo que se pode considerar “indie pop”. Vai tocar a canção pela segunda vez ao vivo no Super Bock em Stock.
“À semelhança de muitas faixas do Latência, é um tema que nasceu durante a quarentena na casa do Billy. Até acho que fiz essa música na mesma janela temporal que o ‘Saia’ que lancei com o Stereossauro. Daí também ter vibes que se ligam. Mesmo a nível de tema… Foi uma cena que gravei e de que gostei logo. Eu diria que até é meio indie pop. Acho que não é rap, de todo. Acho que o único factor rap que está ali sou eu. Até agora tem tido uma aceitação fixe e o feedback tem sido positivo. Mas esta música surgiu de uma forma bué natural, como tudo o resto”, explica.
xtinto ter-se-á arriscado a produzir um instrumental enquanto o comparsa Billy Verdasca dormia, mas acabou por não resistir ao sono. Quando acordou, Billy tinha usado a base que xtinto deixara e construiu um beat por cima, que acabou por resultar neste single. “Eu curti bué e saiu-me logo um refrão e o primeiro verso. Durante muito tempo foi apenas isso, e agora mais recentemente é que começámos a olhar para a demo como um som que poderia ser fixe para isto, e fiz um segundo verso, que por acaso foi relativamente fácil. Mas nessa altura já tinha havido uma pós-produção do Kidonov e do João Maia Ferreira.” Quanto ao que o futuro lhe reserva, deixa no ar que tem guardadas mais “coisas que se ligam a isto”. “Mas eu não diria que vou explorar isto para o resto da vida. A minha criatividade depende de muitas coisas, eu nunca penso em criar de certa forma.”
Ao vivo, Francisco Santos apresenta-se com Guilherme Simões (teclados), Mascote (bateria), Billy Verdasca (flauta transversal e sons digitais) e, neste concerto em concreto, com Tomás Martin (saxofone). Tudo companheiros de Ourém de longa data. “É uma cena fixe, porque não há assim tantos casos na indústria.” O alinhamento vai incidir sobretudo sobre Latência, como seria de esperar, mas xtinto revela que também irá incluir temas como “Pentagrama”, “Ébano” e até mesmo “4’33 à John Cage”, da mixtape ODISSEIA, que partilhou com DEZ e que inaugurou o seu currículo musical em 2015.
A 25 de Novembro, cabe a VST AST abrir o palco da Garagem da EPAL. Oriundo do distrito de Coimbra, prepara-se para dar o seu primeiro concerto em Lisboa e será também a sua estreia com banda, com guitarra, baixo, bateria e teclas, além de efeitos digitais. “Ainda estamos a construir, vamos lá ver como é que é”, diz. “Na minha cena, acho que faz todo o sentido ter banda. E sinto-me muito melhor com banda do que com apenas DJ, sinto-me muito mais seguro.”
Discípulo do rap contemporâneo de fortes influências emo e pop-punk, tem como referências artistas como Machine Gun Kelly, Lil Peep, XXXTentacion, Juice Wrld, Green Day, Nirvana ou Linkin Park. Nos últimos dois anos tem lançado uma série de singles, sendo que em 2023 já apresentou “Tarde Livre”, “Road Trip” (sobre o qual falou com o Rimas e Batidas) e “Stars”. Está a trabalhar no primeiro álbum, ainda sem data de lançamento prevista, e revela que já conta com três singles preparados para lançar, um dos quais será apresentado em Janeiro. “Mas para este concerto já vamos levar novidades.”
“É a primeira vez que vou atuar a Lisboa, por isso estou bué com aquela cena, quero ir para cima do palco e mostrar a minha energia. É um festival ao qual eu já curtia de ter ido como ouvinte. É um formato diferente mas que me agrada bastante, ter várias coisas a acontecer ao mesmo tempo, muita oferta. É um festival muito para artistas como nós, que estamos a começar, embora já tendo algumas coisas. É uma boa oportunidade para termos visibilidade”, resume.
A missão de encerrar a Garagem da EPAL nesta edição do Super Bock em Stock está a cargo de Sofia Reis, que na música assina como Capital da Bulgária. Traz consigo na bagagem o EP que editou em 2021, Pequeno-Almoço, mais os três singles que apresentou este ano: “escova-de-dentes”, “coração em jejum” e “cansada de ti” (sobre o qual falou com o Rimas e Batidas em Junho).
Artista de natureza indie, tanto escreve e interpreta como produz. Começou muito ligada ao YouTube, a partilhar vídeos humorísticos e apontamentos musicais, alguns dos quais covers de outros artistas. Agora, está determinada a focar-se na sua música original e entusiasmada por dar este que vai ser o seu segundo concerto — mas o primeiro se estivermos a falar de registos mais profissionais e distantes do seu ambiente familiar.
“Acho que vou ganhar estaleca, especialmente por tocar a seguir ao VSP AST. Estou muito feliz de estar no cartaz, de fazer parte, de partilhar o mesmo palco com estes tipos todos.” A performance, adianta, vai incidir sobretudo sobre o EP. “Até porque nunca o toquei, só o apresentei uma vez. E devo fazer um cover ou dois, porque não tenho material suficiente — quer dizer, até tenho, mas não está tudo lançado. Vou tocar os três singles que saíram e o próximo que vai sair entretanto, mais uma música que vou lançar no álbum, lá para Janeiro”, revela. Ao vivo, vai apresentar-se com um baixista, com o qual vai partilhar algumas máquinas para lançar sons. “Somos só nós os dois e festa!”