Natural de Coimbra, Fernando Gariso é quem surge ao leme de VSP AST (lê-se “vespa asiática”) desde 2019. A picada deste jovem MC/cantor de São Martinho do Bispo tem-se feito sentir com especial intensidade desde a pandemia de COVID-19, altura pela qual deixou de ser um artista confinado ao algoritmo do SoundCloud e passou a ter a sua música a ser exibida nas principais plataformas de streaming.
Ao longo do último ano, aliou-se à Sony Music Entertainment Portugal para o ajudar na comercialização dos temas. E se em “BLEACH” e “TARDE LIVRE” já percebíamos que existe uma interessante fatia do público fiel aos seus lançamentos, o mais recente “ROAD TRIP” vem confirmar-nos a ideia de que a estética pop aliada à fusão rap-rock protagonizada por VSP AST tem mais margem para crescer dentro do nosso país.
DJ Dadda, xtinto, Here’s Johnny e Peter Way são os nomes creditados na ficha técnica do novo single de Gariso, uma faixa que combina bem com o cenário de Verão e de fim de aulas e ajuda a elevar os índices de rebelião da criança que existe dentro de cada um de nós. André Pêga e Rui dos Anjos foram os realizadores responsáveis por ilustrar em vídeo este “ROAD TRIP”, cujo lançamento, há um par de semanas, motivou uma troca de impressões entre o ReB e o criativo que quer pôr “bueda malucos a saltar” com a música que faz.
Lembraste da altura em que começaste a fazer música? Quando é que o Fernando Gariso assume a pele de VSP AST?
Gravei o meu primeiro som aos 17 anos, mas a música já está comigo há bué. Quando era puto andei no conservatório e foi isso que me deu certas bases. Assumi o Vespa Asiática numa festa da terrinha em 2019, bêbado que nem um cacho, andava a fugir dumas quantas em Vila Nova de Anços.
E o que inspirou a adoptar para nome artístico um tipo de insecto tão invasivo e ameaçador para o ecossistema — a vespa asiática?
O nome é uma homenagem ao meu avô, deixou-me uma Vespa (mota) que tinha um autocolante a dizer “Made in Asia”. Colou bué com a cena que se passou na festa da terrinha.
O teu som é um misto entre rap e rock. Começaste a escutar algum destes géneros em primeiro lugar ou são correntes musicais que sempre consumiste em conjunto? Quem dirias que serviu de referência para o tipo de canções que procuras criar para o teu repertório?
Ambos os estilos musicais estiveram sempre presentes na minha vida, mas comecei a ouvir rock primeiro. Tenho muitos nomes que me influenciaram — no rock, Pantera, e no rap, quando ouvi “Mockingbird” do Eminem senti que claramente era um estilo de música que queria para me acompanhar. Outras das minhas grandes inspirações são LON3R JOHNY, Lil Peep, XXXTENTACION, Limp Bizkit e Rihanna.
Lançaste dois singles este ano, “Tarde Livre” e “Road Trip”, que se associam facilmente àquele espírito de rebeldia tipo dos tempos de escola. É o tipo de música que consigo imaginar a encaixar-se na banda sonora de uma série como os Morangos com Açúcar, por exemplo — e que por acaso está para regressar com uma nova temporada. Qual dirias que é o teu tipo de público e em que tipo de meios/circuitos vês os teus temas a conseguirem vingar?
Acho que a minha música vai buscar público de todas as idades. Vejo os meus sons a passar em qualquer tipo de série juvenil e em filmes, mas estar na soundtrack dos Morangos é um objetivo/sonho.
Na tua faixa mais recente contaste com a ajuda de várias pessoas para alcançar o resultado final — nos créditos vemos os nomes de DJ Dadda, xtinto, Peter Way e Here’s Johnny. Foi fácil reunir esta turma? E como é que foi o processo de criação com tanta gente envolvida?
Tudo se desenrolou muito naturalmente, trabalhar com todos eles foi uma experiência única que claramente quero repetir. Sinto que é fácil de dar certo quando a aproximação não é forçada, este som é a prova viva disso mesmo. Quanto ao processo de criação, o Peter faz uma base de guitarra, o Dadda mexe na hora e eu fecho o refrão… o resto levei para T.P.C.. No T.P.C. tive a ajuda do professor xtinto. E pronto, saiu o que saiu. Acho que esta turma rebelde se portou bem desta vez.
Quanto ao conceito: que “Road Trip” é esta na qual te perdes e de que falas no single que lançaste mais recentemente?
Esta “Road Trip” retrata um pouco do meu caminho enquanto pessoa. Houve momentos em que me perdi no universo, não sabia para onde ir… mas hoje tenho várias pessoas ao meu lado que me ajudam a chegar onde sempre sonhei. O lema é tentar e trabalhar sem parar, sei que desta maneira um dia isto vai dar certo e vou poder ver bueda malucos a saltar ao ritmo dos meus sons.
Apesar de ainda seres um artista emergente, és neste momento uma aposta por parte da Sony Music Entertainment Portugal. Como é que a tua música chegou aos ouvidos deles? E quando te estenderam o convite para te juntares a eles foi uma decisão fácil de tomar?
História caricata essa. Há um dia que me levanto, vou ao Insta e vejo uma conta sem foto, sem nada, a mandar-me mensagem, dizia que era o diretor da Sony. Deu-me props pelo “Bleach” e perguntou se podia ouvir mais cenas. Ao início não acreditei, mas depois vi que era seguido pelos “tubarões” e o David (meu manager) disse que era mesmo verdade — fiquei super feliz. Foi fácil a minha decisão de assinar, trabalhar com a Sony tem sido uma experiência incrível. Não sinto pressão, sinto apoio.
A tua jornada tem sido trilhada single a single nos últimos 3 anos. É neste formato que te vês a continuar a apresentar trabalho, ou já tens planos para esculpir algo mais robusto, como um álbum ou um EP?
Vem aí um álbum.