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[TEXTO] Amorim Abiassi Ferreira [FOTOS] Hélder White [VÍDEO] Mara Reis
Acabado de chegar ao Estúdio Time Out, notei o número reduzido de pessoas e pensei para mim que a matiné é um horário feito apenas para os mais fortes. A imagem que tive pelas 16h certamente contrastou com tudo o que veria em breve. Sango ia actuar em apenas algumas horas num concerto organizado pela Match Attack com Hannah Faith, DarkSunn e Shaka Lion no alinhamento.
Para já, Shaka estava a tomar conta dos pratos num Domingo de chuva intensa que não é um bom presságio para uma festa tropical. Mesmo assim, as cortinas fechadas e um espaço coberto fazia com que quem tinha chegado rapidamente se esquecesse do que se passava lá fora. O DJ continuava na mesa sem uma preocupação enquanto colava clássicos como “The Breaks” de Kurtis Blow a funk animado digno de um óptimo dia de Primavera. Só que Raul Windson não se ficaria por aqui, misturando hits mais recentes como “Know Yourself” de Drake ao “Formation” de Beyoncé. Não foi por coincidência que até Sango e Hannah Faith vieram ao palco vê-lo actuar. O espaço foi ficando mais recheado e, pela altura que a DJ londrina entrou, já tinha um público pronto para vê-la actuar.
A curadora da Soulection aliviou a carga de baixos passando o mood para future beats a que a editora nos tem habituado. Momentaneamente pelo menos, já que pela terceira música entrávamos numa sequência que juntou funk carioca, Migos e o “Calabria 2007” (sim, leram bem). Hannah Faith não teve problemas nenhuns em ir até ao baú e misturar isso com todos os sons obrigatórios de festas em 2017. O entusiasmo foi crescendo e o ponto alto foi atingido ao som de “Fade” de Kanye West e por esta altura já se tinha formado um dos frontlines mais eléctrico da história das matinés.
O mais estranho em estar numa festa à tarde é mesmo olhar para o relógio. Pouco passa das 19h, Sango prepara-se para tomar conta do palco e o barulho não vinha apenas do sistema de som mas também de todo um público de fãs que claramente tinha vindo receber fervorosamente o produtor americano. “Hey”s do pessoal que está aos pulos sobrepõem-se a uma música de house irreconhecível que Hannah Faith escolheu antes de terminar o seu set ao som do, sempre clássico, “Gasolina” de Daddy Yankee.
De óculos de massa pretos, um 5 panel cap laranja garrido e uma t-tshirt preta da XXIII, Kai Wright sorri enquanto pega no microfone: “Meu nome é Sango da Soulection.” O funk carioca começa a tocar misturando-se com o recém lançado “Free Smoke” da nova playlist de Drake. Os originais não se fizeram esperar por muito tempo, “Respeita”, com voz de Dkvpz, lançou o primeiro tremor sério e deu início a uma sequência músicas que nasceram na série Da Rocinha, do artista.
Nos breves momentos em que se sentia alguma calma a instalar-se, o produtor de Michigan pegava no microfone e incitava quem tinha decidido passar o Domingo à tarde na companhia dele. Pela hora a que a frenética “Baile Somebody” arranca parecia impossível bater o nível de energia até que, de repente, um coro de vozes crescente, sempre ao ritmo da música, cantava: “Aé ó Sango! Cadê você? Eu vim aqui só p’ra te ver!”
DarkSunn foi o próximo a chegar ao palco para tomar conta dos ânimos mais que exaltados e conduzi-los a bom porto. Para isso serviu-se de Kanye West, Skepta e XXXTENTACION — o último sendo responsável por uns bons minutos de caos. O DJ da Margem Sul é capaz de fazer uma sequência com “Alright” de Kendrick Lamar, desacelerar com “Suede” de NxWorries para voltar a ascender com uma mistura de “Bitch Better Have My Money” de Rihanna e “It G Ma” de Keith Ape, para depois culminar com os synths de “Lord Pretty Flacko Jodye 2” de A$AP Rocky. Se está a ser complicado imaginar isto tudo então vão só vê-lo actuar, irá definitivamente valer a pena. Domingo foi dia de família e seria difícil imaginar um público mais unido numa festa que desafiou qualquer previsão metereológica.
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